Das escolas públicas paranaenses para o mundo: como o Paraná transforma seu ensino em referência nacional e permite que nossos jovens ganhem o mundo
Foto: Geraldo Bubniak/AEN |
Quando o avião decolou rumo à Austrália, o coração de José Heitor parecia voar mais alto que o próprio Boeing. Aos 15 anos, o estudante do Colégio Estadual Cívico-Militar Cruzeiro do Oeste, em Umuarama, embarcava para uma nova vida, temporária no tempo, mas permanente em significado. Ele é um dos 99 alunos da rede estadual que, nesta semana, cruzaram o oceano como protagonistas do Ganhando o Mundo, maior programa de intercâmbio estudantil do Brasil voltado ao ensino público.
Essa não é apenas uma história sobre viagens. É sobre como a educação pública do Paraná está se reinventando, rompendo muros invisíveis que por décadas limitaram sonhos. Com investimento superior a R$ 500 milhões desde 2022, o Estado vem transformando oportunidades em passaportes para o futuro — literalmente. Mais de 2.500 alunos, professores e diretores já foram beneficiados com experiências internacionais que vão além do idioma: ampliam horizontes, formam líderes e devolvem ao Brasil jovens mais preparados para enfrentar o mundo — e melhorá-lo.
Viagem que transforma
Com brilho nos olhos e sotaque paranaense na mala, os estudantes embarcaram em diferentes voos, mas com o mesmo destino: o inédito. Maria Eduarda Santana Milanski, de 16 anos, saiu de Cascavel rumo a Nambour, uma pequena cidade no estado de Queensland, na Austrália. “Vamos levar um pouco da nossa cultura para lá e trazer de lá para cá”, afirmou, com a sabedoria de quem sabe que cultura é via de mão dupla.
Acompanhada dos pais no Aeroporto Afonso Pena, a curitibana Izabela Foschiani, de 16 anos, revelou um nervosismo típico de quem está prestes a deixar o ninho pela primeira vez. Sua nova casa temporária fica em Maleny, cidade rural com pouco mais de 4 mil habitantes. “É difícil deixar nossa casa, os nossos pais, mas eu estou muito animada”, disse, tentando conter as lágrimas que escapavam dos olhos da mãe, dona Mayza. Ao lado, o pai, Douglas, murmurava a máxima que muitos pais repetem nessa hora: “Filha a gente cria para o mundo”.
Da sala de aula ao aeroporto
A grandiosidade do Ganhando o Mundo impressiona. A edição 2025 prevê 1.300 intercâmbios. Até agora, 889 alunos já foram enviados para países como Canadá, Nova Zelândia e Austrália. Em breve, 411 novos nomes vão se juntar a eles. E em 2026, o número será ainda maior: 2 mil estudantes — incluindo jovens beneficiários do Bolsa Família — terão experiências no exterior.
Mais do que oferecer viagens, o programa propõe uma mudança estrutural de mentalidade. “Temos alunos muito mais autônomos, mais líderes e que desenvolvem projetos em suas comunidades após o retorno”, afirma Marlon de Campos Mateus, coordenador do programa. “Eles voltam com a cabeça expandida, com uma bagagem transformadora que vai além do conteúdo escolar.”
Gabriel Hosda, de 16 anos, é um exemplo. Natural de Marechal Cândido Rondon, ele aprendeu inglês com jogos e aprimorou sua fluência usando o English Central, plataforma gratuita oferecida pelo Governo do Estado. “Agora já consigo conversar bem. Estou tranquilo. Minha família é que está chorando até agora”, brinca o estudante que vai morar em Bli Bli e estudar em Nambour.
Raízes fortes, voos altos
Por trás dos embarques internacionais está uma série de políticas públicas que têm reconfigurado a paisagem educacional do Paraná. O fortalecimento da rede estadual é visível. Recentemente, foram nomeados 988 novos professores efetivos para suprir a demanda em todas as regiões — medida que reforça o compromisso com a qualidade e a estabilidade na educação. Além disso, programas como o Parceiro da Escola têm obtido mais de 86% de aprovação dos pais, segundo dados divulgados pelo governo.
Com apoio tecnológico, infraestrutura reforçada e valorização do corpo docente, o ensino paranaense deixa de ser coadjuvante para se tornar protagonista no cenário nacional. Não é exagero dizer que hoje, o que se vê nas escolas do Paraná é uma revolução silenciosa — feita de giz e fibra ótica, de lousas e passagens aéreas.
Ensino público que inspira
Diferente do velho clichê de que a escola pública é sinônimo de carência, o Paraná mostra que ela pode, sim, ser sinônimo de excelência. O investimento em programas inovadores, o estímulo à internacionalização e a escuta ativa das comunidades escolares estão produzindo frutos que não cabem apenas em relatórios de gestão. Eles pulsam no peito de adolescentes como José Heitor, que, ao conversar com sua futura família australiana, já se sente “pertencente a um lugar que ainda não conhece”.
O Paraná está ganhando o mundo. E o mundo, pouco a pouco, está conhecendo o Paraná — não apenas como destino de paisagens deslumbrantes, mas como referência de um ensino público que acredita, investe e sonha junto com seus jovens.
Afinal, educação de qualidade não é luxo. É direito. E no Paraná, esse direito está decolando cada vez mais alto.
- Com informações da Agência Estadual de Notícias do Paraná.
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