Edinho Silva: a volta de um histórico à presidência nacional do PT com apoio esmagador da base
Por Ronald Stresser | SulpostEm um tempo em que o Brasil tenta reencontrar seu rumo democrático, onde o povo busca se ver representado por lideranças enraizadas no cotidiano e na luta concreta, Edinho Silva volta ao centro da cena política nacional com uma legitimidade que fala por si. Com 239.155 votos — mais de 73% do total apurado até a segunda-feira (7) — Edinho está matematicamente eleito o novo presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT).
Não foi apenas uma vitória. Segundo fontes dos bastidores do PT, foi um retorno carregado de simbolismo e de confiança. Os números refletem o sentimento das bases, o respaldo de uma militância que sabe reconhecer quem caminhou junto nos momentos mais duros da história recente do país. Em segundo lugar, veio Rui Falcão, com 36.279 votos (11,15%), seguido por Romenio Pereira, com 36.009 (11,06%) e Valter Pomar, com 14.006 votos (4,30%).
Militância forjada na vida real
Edinho Silva não é um nome novo para os quadros do PT — e nem para o povo brasileiro. Ele foi ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social no governo Dilma Rousseff, esteve ao lado do presidente Lula como coordenador da campanha de 2022, foi deputado estadual por São Paulo, e também prefeito de Araraquara (SP) por quatro mandatos. Mas talvez seu maior título seja o de construtor de pontes entre o partido e os territórios populares do Brasil.
Durante a pandemia da Covid-19, como prefeito de Araraquara, Edinho ganhou respeito nacional por adotar medidas firmes e humanizadas, priorizando a vida. Tornou-se referência em gestão pública com responsabilidade social. A cidade que administra desde a juventude virou espelho para tantas outras que se viram desamparadas por um governo federal negacionista e omisso.
Entre 2009 e 2013, ele já havia presidido o PT. Mas este retorno, agora em 2025, tem outro peso. Ele sucede o senador Humberto Costa (PE), que ocupava a presidência interinamente desde março, após a saída de Gleisi Hoffmann — convocada para o governo Lula como Secretária de Relações Institucionais.
Vitória das bases
A eleição interna do PT não costuma ser apenas uma troca de comando: ela é um termômetro da temperatura política entre as fileiras petistas. Neste cenário, Edinho não foi apenas escolhido, foi reconduzido por uma militância que quer o partido ainda mais próximo da sua origem: nos sindicatos, nas comunidades, nos movimentos populares, na juventude.
Aos olhos de quem constrói o partido no dia a dia, Edinho representa essa síntese — a experiência institucional aliada à sensibilidade popular. Uma liderança que não foge da disputa, mas que sabe que ela precisa ser feita com escuta e coerência.
Desafios no horizonte
Edinho chega à presidência num momento crucial para o PT e para o Brasil. O país vive uma transição ainda instável após anos de ataques à democracia, à política e às instituições. O governo Lula tenta retomar o fio da esperança, mas enfrenta resistências profundas, especialmente no Congresso.
Caberá ao novo presidente do PT fortalecer a organicidade do partido, manter o diálogo aberto com os movimentos sociais e, sobretudo, articular um projeto que mantenha o campo progressista unido em 2026. Mais do que nunca, o país precisa de uma esquerda viva, crítica, plural — mas unificada em torno da democracia e da justiça social.
O recado das urnas petistas
O resultado dessa eleição interna deixa claro: o PT reafirma suas raízes e projeta seu futuro. A vitória de Edinho Silva não é apenas dele. É de um projeto de partido que resiste, que aprende, que se renova sem renegar sua trajetória.
E enquanto a fotografia de Ricardo Stuckert corre pelas redes — Edinho, com os olhos marejados, ladeado pela militância —, o que se vê não é apenas uma posse que se avizinha. É o reencontro do PT com sua alma popular.
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