terça-feira, 24 de junho de 2025

Brasil verde: energia que move o futuro

Brasil aposta em energia limpa e se prepara para liderar exportações de energia renovável na América Latina

Por Ronald Stresser | Sulpost
 
 

Era uma manhã nublada na capital britânica, Londres, quando um passo silencioso, mas poderoso, foi dado a milhares de quilômetros do Brasil. Ali, numa mesa de negociações, o Banco do Brasil assinou um acordo que pode mudar para sempre o cenário da produção energética do país — e transformar pequenos empresários em protagonistas da revolução verde latino-americana.

Nos próximos três anos, até US$ 700 milhões estarão disponíveis para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) brasileiras que desejem investir em energia limpa. A parceria com a Agência de Garantia de Investimentos Multilaterais (MIGA), ligada ao Banco Mundial, é mais do que um contrato internacional: é a fagulha de um Brasil que se recusa a ser apenas o celeiro do mundo — e começa a se ver como berço da energia que vai alimentar o planeta.

Um futuro que nasce no pequeno

Enquanto os grandes debates sobre o clima e a transição energética se desenrolam em fóruns globais, é no chão das pequenas propriedades rurais, nos telhados de armazéns comunitários e nas oficinas de interior que esse futuro vai se materializando. Com acesso a financiamento facilitado e taxas reduzidas, graças à garantia de até 95% contra inadimplência oferecida pela MIGA, as MPMEs agora podem sonhar alto — e verde.

O primeiro aporte já está a caminho: US$ 350 milhões serão imediatamente disponibilizados, com apoio de instituições como o HSBC Bank e o espanhol BBVA. A operação recebeu classificação de risco AAA, a mais segura possível, tornando o crédito em moeda estrangeira mais acessível e o investimento em equipamentos sustentáveis mais viável.

Entre os destinos do crédito estão projetos com biocombustíveis, energia solar, eólica, de biomassa e até hidrogênio verde — um combustível limpo que promete substituir os fósseis nas indústrias e transportes nos próximos anos.

A força de um Brasil renovável

O Brasil não está começando do zero. O país já é um dos maiores produtores de energia renovável do mundo, com destaque para sua matriz energética composta majoritariamente por hidrelétricas. Mas os ventos do nordeste e o sol escaldante do centro-oeste têm contribuído para um salto na produção eólica e solar, fazendo com que o país comece a exportar energia para vizinhos como Argentina e Uruguai — uma tendência que só tende a crescer.

Ao mesmo tempo, o Brasil vem abrindo novos caminhos. Leilões de linhas de transmissão têm ampliado a infraestrutura nacional, conectando regiões produtoras de energia limpa a centros urbanos e portos, preparando o país para exportações em larga escala. O potencial é tão grande que Europa e Ásia já figuram como mercados estratégicos para o hidrogênio verde brasileiro.

Segundo o Banco do Brasil, tudo isso integra o Plano de Transformação Ecológica, que não apenas promove a transição energética, mas também torna as empresas brasileiras mais competitivas no exterior. Um detalhe que faz toda a diferença, já que 99% dos empreendimentos brasileiros são de pequeno e médio porte.

Energia limpa com DNA brasileiro

O que está em jogo vai além da economia. Trata-se da chance de redesenhar a identidade energética brasileira, tornando-a exemplo de desenvolvimento sustentável para o mundo. O Brasil que, por séculos, exportou commodities sem valor agregado, agora se prepara para exportar tecnologia, inovação e energia limpa.

Os incentivos não param no financiamento. Créditos tributários, subsídios e isenções fiscais estão sendo utilizados para atrair investimentos em tecnologias de baixo carbono. Cada real injetado nesse setor não apenas aquece a economia, mas também refrigera o planeta.

A revolução começa no campo e nas cidades

Para a engenheira Letícia Ramos, que trabalha em uma cooperativa agrícola no interior do Paraná, a possibilidade de instalar um sistema de energia solar sem comprometer o caixa da empresa é transformadora:

“A gente sempre quis investir, mas os custos eram proibitivos. Agora, com essa linha de crédito, vamos poder gerar nossa própria energia e até vender o excedente. É uma virada de chave.”

Assim como Letícia, milhares de pequenos empresários e produtores rurais poderão transformar seus negócios em verdadeiros centros de geração limpa. Cada painel solar instalado, cada turbina eólica que gira, cada gota de biocombustível processada será parte de uma engrenagem muito maior: a que coloca o Brasil na liderança da transição energética da América Latina.

Exportando esperança

O mundo está faminto por energia limpa. E o Brasil, ao que tudo indica, está pronto para servir.

A aposta nos pequenos, respaldada por acordos internacionais sólidos e estratégias públicas bem definidas, pode fazer do país um símbolo global de desenvolvimento sustentável com inclusão econômica.

Em um tempo onde o planeta clama por soluções e os extremos climáticos já batem à porta, iniciativas como essa nos lembram que é possível caminhar rumo ao futuro sem deixar ninguém para trás — nem o pequeno produtor, nem o bioma brasileiro, nem as próximas gerações.

Porque a energia mais poderosa que o Brasil tem a oferecer ainda é a esperança.

  • Ronald Stresser é editor do Sulpost, jornalista independente focado em transição ecológica, recursos renováveis, direitos sociais, desenvolvimento sustentável, oferecendo soluções ao invés de apenas apresentar problemas.

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