sexta-feira, 23 de maio de 2025

A costa norte do Brasil vive o dilema entre progresso e preservação

A Petrobras na rota do petróleo, entre promessas e alertas, a encruzilhada da costa norte do Brasil

Por Ronald Stresser*

 
© Arte Petrobras/Divulgação
 

No coração da costa norte do Brasil, onde a floresta amazônica toca o mar e o vento sopra histórias de séculos, uma nova promessa começa a ganhar forma — ou melhor, começa a ser escavada do fundo do oceano. É ali, na chamada Margem Equatorial, que o país vislumbra um tesouro sob o leito do oceano: bilhões de barris de petróleo ainda intocados.

Para muitos, trata-se de uma chance única de transformação econômica, sobretudo em estados que historicamente ficaram à margem do desenvolvimento nacional. Para outros, é o prenúncio de um risco irreversível — uma ferida aberta em uma das regiões mais sensíveis do planeta.

A região é rica. Riquíssima. Debaixo das águas, entre sedimentos e camadas geológicas formadas há mais de cem milhões de anos, repousa uma das maiores fronteiras energéticas ainda inexploradas do mundo. Mas a beleza e a abundância da costa amazônica não estão apenas no que se esconde sob o leito marinho. Estão também na vida pulsante dos corais, nas espécies endêmicas, nos rios que deságuam cheios de memória e nos povos que há séculos fazem dali o seu lar.

É justamente aí que o dilema se impõe. A Margem Equatorial é, ao mesmo tempo, uma dádiva geológica e um santuário ambiental. E o Brasil está diante da difícil tarefa de decidir qual caminho seguir.

De um lado, a possibilidade de impulsionar a economia e criar novas oportunidades para populações historicamente esquecidas. De outro, os riscos de provocar danos irreversíveis a um ecossistema ainda pouco compreendido. O equilíbrio, aqui, não é uma metáfora. É uma exigência.

Nos últimos anos, a tecnologia e a regulação ambiental evoluíram. A empresa estatal responsável pelos estudos e possíveis operações de perfuração afirma que está pronta para agir com responsabilidade — que domina métodos para mitigar impactos, que investe pesado em captura de carbono, que reduz suas emissões e cumpre metas climáticas.

Mas mesmo as melhores intenções esbarram em questões profundas. O debate sobre o licenciamento ambiental, por exemplo, ganhou contornos dramáticos. Normas foram flexibilizadas. Procedimentos antes rigorosos agora passam por atalhos em nome da eficiência. Especialistas em meio ambiente, comunidades indígenas e parte da sociedade civil reagiram com veemência. Sentem que algo foi atropelado — como se o tempo da floresta não fosse respeitado pelo tempo da pressa.

É importante reconhecer que o Brasil tem o direito de explorar suas riquezas. E mais: tem potencial para liderar uma transição energética justa, que concilie crescimento com sustentabilidade. Mas essa liderança só se concretiza se houver coragem para fazer diferente. Para ouvir. Para ponderar. Para não tratar a Amazônia como um território de exploração, mas como um bem coletivo que exige cuidado, ciência e humildade.

A Margem Equatorial não é só uma questão técnica ou econômica. É um espelho do que somos como nação. A maneira como lidamos com essa decisão revela não apenas o que queremos para o futuro, mas também o que estamos dispostos a sacrificar no presente.

Desenvolver não pode ser sinônimo de destruir. E preservar não pode significar paralisar. Há um caminho possível entre esses extremos. Mas ele exige mais do que petróleo ou floresta. Exige sabedoria.

*com informações da Agência Brasil de Notícias.

Um comentário:

  1. A Petrobrás é uma das empresas mais responsáveis no mundo sobre explorar de forma sustentável. Além de ser pioneira na tecnologia de exploração em alta profundidade. O perigo são as estrangeiras que vem sem compromisso com nossa cultura de preservação. Só querem lucro fácil

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