O resgate de Eloá, um caso que além de mostrar a eficiência do trabalho policial marca mais um triunfo da razão sobre o misticismo popular
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Eloá, em segurança no colo de um policial - SESP-PR/Divulgação |
Na fria noite de sexta-feira, o Paraná exalava alívio. Eloá Pietra Almeida dos Santos, de apenas um ano e seis meses, estava de volta aos braços da família. Após um sequestro angustiante que mobilizou a comunidade e as forças de segurança, a criança foi encontrada pela Polícia Civil e Militar em uma casa em Campo Largo, região metropolitana de Curitiba.
O desfecho foi resultado de um trabalho preciso e coordenado, conduzido com inteligência e serenidade. Nas redes sociais surgiram notícias falsas de que a menina havia sido sequestrada para rituais satânicos, ou que haveria outras finalidades mórbidas por trás do rapto, mas não foi nada disso.
Resposta imediata das autoridades
Tudo começou na quarta-feira, quando uma falsa agente de saúde, sob o pretexto de proteger a menina de supostos maus-tratos, convenceu a mãe a entregar a filha. Horas depois, a realidade cruel do sequestro tomou forma. A família humilde, residente no bairro Parolin, se viu imersa em um pesadelo que ecoou pelo estado.
Foi então que as autoridades entraram em cena. A Secretaria de Segurança Pública, liderada pelo coronel Hudson Leôncio Teixeira, acionou uma força-tarefa que não poupou esforços. Câmeras de segurança rastrearam o veículo da suspeita, e o trabalho de inteligência revelou o cativeiro. Eloá foi resgatada ilesa. “Missão cumprida”, declarou o secretário, visivelmente emocionado.
Entre fé e razão
Enquanto as buscas aconteciam, as redes sociais fervilhavam com teorias e pedidos de ajuda. Foi nesse cenário que o Bruxo Chik Jeitoso, figura controversa e popular em Curitiba, conhecida por seus trabalhos espirituais, se manifestou. “Recebi inúmeras ligações pedindo para eu dizer onde estava Eloá”, disse ele. Contudo, sua postura foi clara: “Eu vou até um ponto. De um ponto em diante, eu não vou, senão atrapalho. A polícia e a justiça são as únicas reservas morais desse país.”
A fala do bruxo contrasta com a romantização de poderes paranormais na resolução de crimes. Ele mesmo admitiu que seu papel foi limitado a divulgar o caso e rezar pela criança. “Você tem que confiar nas autoridades”, reforçou, em deferência da ciência e da racionalidade.
A declaração de Chik Jeitoso mostra claramente que existe uma linha que não deve ser ultrapassada pelos paranormais, diferentemente do que é romantizado em algumas séries policiais ou do que dita o imaginário popular.
Paranormais: mito ou solução?
O caso reacende o debate sobre a eficácia de videntes e paranormais em investigações policiais. Apesar do fascínio popular, estudos mostram que as alegações de sucessos são frequentemente baseadas em retroadaptação – o processo de moldar fatos conhecidos às previsões feitas após o desfecho.
Artigos como o do investigador Joe Nickell, publicados na Skeptical Inquirer, desmontam o mito. Testes científicos revelam que as informações fornecidas por videntes raramente superam o acaso. Além disso, há o custo real: recursos policiais são desviados para seguir pistas sem fundamento, enquanto famílias já fragilizadas enfrentam falsas esperanças e acusações injustas.
A lição de Eloá
O resgate de Eloá foi uma vitória do método sobre o misticismo, da persistência sobre o caos. Ele reafirma que, diante da tragédia, a racionalidade deve prevalecer.
Ao celebrar o trabalho das autoridades, o secretário Hudson Teixeira deixou uma mensagem que ecoa para além deste caso: “Confiem nas instituições.” A frase não é apenas um apelo; é um lembrete de que, em tempos de incerteza, a ciência, a lei e a ética são os verdadeiros guias para a justiça.
Eloá está segura. Que sua história sirva como um farol, iluminando o caminho para uma sociedade mais consciente, onde o discernimento e a verdade prevaleçam.
Veja abaixo o vídeo com a declaração do Bruxo Chik Jeitoso a respeito do desfecho do caso:
Redação Sulpost
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