quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Inteligência policial desarticula esquema bilionário de lavagem do PCC em postos de combustível no Norte e Nordeste

Rede de postos usada pelo PCC exposta pela inteligência: Interdições no Norte e no Sul mostram combate técnico ao crime organizado

Por Ronald Stresser — 05 de novembro de 2025

  • © SSP-PI/Divulgação

Uma das maiores operações integradas contra o crime organizado no país foi deflagrada nesta quarta-feira (5), reunindo forças policiais e de inteligência para enfrentar o avanço financeiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor de combustíveis. Batizada de Operação Carbono Oculto 86, a ação interditou 49 postos de combustíveis nos estados do Piauí, Maranhão e Tocantins, desarticulando uma rede que lavava dinheiro de atividades criminosas por meio de empresas de fachada, fundos de investimento e fintechs.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), o grupo operava uma estrutura empresarial complexa, criada para fraudar o mercado de combustíveis e ocultar patrimônio. A investigação revelou conexões diretas entre empresários locais e operadores financeiros já investigados pela Receita Federal, Polícia Federal, Ministério Público de São Paulo e Polícia Militar paulista, no âmbito da primeira fase da Operação Carbono Oculto.

Os 49 postos interditados estão localizados nos municípios de Teresina, Lagoa do Piauí, Demerval Lobão, Miguel Leão, Altos, Picos, Canto do Buriti, Dom Inocêncio, Uruçuí, Parnaíba e São João da Fronteira (PI); em Peritoró, Caxias, Alto Alegre e São Raimundo das Mangabeiras (MA); e também em São Miguel do Tocantins (TO).

A ação não registrou vítimas nem confrontos armados — pelo que consta nos relatórios oficiais, não foi necessário o uso de força letal. O êxito da operação reforça o papel da inteligência policial e do cruzamento de dados financeiros no combate às organizações criminosas, num trabalho que une tecnologia, análise e coordenação entre instituições.

Curitiba também foi alvo de operação semelhante em agosto

A ofensiva contra esquemas de lavagem de dinheiro em postos de combustíveis não se limita ao Norte e Nordeste. Em 28 de agosto deste ano, a Operação Tank mobilizou forças policiais no Paraná, resultando na interdição de 46 postos em Curitiba e na Região Metropolitana. Assim como na Carbono Oculto 86, os investigados utilizavam empresas de fachada e operações de fachada para mascarar movimentações financeiras ligadas a facções criminosas.

Também nesse caso, não houve confronto armado nem vítimas. O foco, mais uma vez, foi a desarticulação patrimonial: o ponto mais sensível e estratégico para golpear o poder econômico das facções.

As duas operações, embora ocorram em momentos distintos, simbolizam um avanço importante na forma como o Brasil enfrenta o crime organizado. De táticas ostensivas para abordagens de inteligência e cooperação interinstitucional, o Estado demonstra que a luta contra as facções vai muito além das ruas — ela atinge o coração financeiro das organizações, onde o dinheiro sujo tenta se confundir com o lícito.

Enquanto o crime busca se sofisticar, o país responde com o mesmo nível de articulação e precisão. Operações como a Carbono Oculto 86 e a Tank mostram que, com integração e tecnologia, o Brasil avança — sem tiros, mas com estratégia.


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