A ERA DOS MARES: CHINA LANÇA O PORTA-AVIÕES FUJIAN SOB OS OLHOS DE XI JINPING E ABRE UM NOVO CAPÍTULO NA HISTÓRIA NAVAL
Por Ronald Stresser | 7 de novembro de 2025
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| Xi Jinping embarca no porta-aviões Fujian, no porto de Sanya, província de Hainan - CCTV/Xinhua |
O horizonte sobre o mar da China Meridional amanheceu diferente nesta sexta-feira. Entre o som dos sinos navais e a reverência das bandeiras, mais de duas mil pessoas testemunharam um momento histórico: a introdução oficial do porta-aviões Fujian — o terceiro da frota chinesa e o primeiro inteiramente projetado e construído pelo país.
Em meio ao vento salgado e ao reflexo metálico do convés, o presidente Xi Jinping subiu a bordo, inspecionou o navio e ouviu relatórios sobre as novas tecnologias embarcadas. O Fujian é mais do que um colosso de aço: é o símbolo de um sonho que se transforma em estratégia, e de uma nação que deseja projetar poder sobre as águas profundas do século XXI.
Marco na história naval chinesa
O Fujian não é apenas o terceiro porta-aviões da marinha chinesa. Ele é o primeiro concebido do zero, sem herança de projetos estrangeiros — um símbolo de autossuficiência tecnológica e poder industrial. Seus antecessores, Liaoning e Shandong, foram adaptações. O Fujian é criação pura, expressão máxima de uma nova mentalidade naval.
Projetado para operar caças de quinta geração, aviões de vigilância e drones, o navio é movido por energia convencional, mas equipado com catapultas eletromagnéticas — tecnologia antes restrita aos Estados Unidos. Segundo a Reuters, trata-se do mais sofisticado projeto militar já lançado por Pequim.
O mar como metáfora e poder
A cerimônia foi mais do que uma formalidade militar. A presença de Xi Jinping a bordo simbolizou o peso estratégico e político do projeto. A China busca transformar sua marinha em uma força de águas azuis — capaz de operar longe da costa, com autonomia e influência global. E o Fujian é o emblema dessa ambição.
“Ver aquele navio deslizar pelo porto, com milhares de marinheiros perfilados, foi como assistir a uma metáfora da China moderna: grandiosa, disciplinada e determinada a ocupar o espaço que acredita merecer no mundo”, escreveu um colunista do Global Times.
Desafios e horizontes
Apesar do entusiasmo, especialistas apontam que o navio ainda levará tempo para atingir capacidade plena de combate. A integração de caças, o treinamento e a logística complexa exigirão anos de ajustes. Ainda assim, o Fujian marca a entrada definitiva da China no seleto grupo de potências navais mundiais.
Segundo o analista norte-americano Carl Schuster, ex-diretor do Comando do Pacífico dos EUA, “o Fujian é um aviso silencioso: a China está expandindo sua presença marítima e quer ser tratada como potência global”.
Entre o aço e o sonho
Ao embarcar no Fujian, Xi Jinping não apenas inspecionou um navio. Ele encenou uma mensagem. Diante das câmeras e da disciplina das fileiras brancas, a China reafirmou sua ambição de dominar não apenas a terra e o ar, mas também o oceano — o palco decisivo do século XXI.
O Fujian leva o nome da província natal de Xi. Um detalhe simbólico que transforma o aço em narrativa: o líder e o navio partilham a mesma origem. E assim, entre aço e sonho, nasce uma nova era para o poder marítimo chinês.



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