Na 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, Fernanda do Nelsão se somou às delegadas da Força Sindical e dialogou com ministras e lideranças nacionais. Sua trajetória como ex-vereadora e assessora sindical reforça a projeção de novas lideranças femininas no Paraná
Por Ronald Stresser | Sulpost
O último dia da 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres foi marcado por emoção, diversidade e a reafirmação de que nenhuma voz será calada. No Centro de Convenções Internacional do Brasil, em Brasília, quase 4 mil delegadas cantaram em coro “Maria, Maria”, de Milton Nascimento, transformando a canção em hino de força e resiliência. Entre elas, trabalhadoras da Força Sindical levaram as demandas das mulheres do chão de fábrica, da indústria e dos sindicatos.
Fernanda do Nelsão, assessora sindical da Força Sindical Paraná e ex-vereadora de Campo Largo, teve papel de destaque ao dialogar com lideranças nacionais como a ministra Gleisi Hoffmann e a ministra das Mulheres, Márcia Lopes. Sua presença em Brasília foi além da representação sindical: simbolizou a construção de uma ponte entre as mulheres metalúrgicas, as comunidades locais e os grandes debates nacionais.
Para muitas delegadas, a trajetória de Fernanda traduz o que é ser mulher trabalhadora, resistente e projetada para ocupar espaços cada vez maiores na política e na vida pública do Paraná.
A força das delegadas trabalhadoras
A presença das delegadas ligadas à Força Sindical foi marcante. Representantes de diferentes estados estiveram em Brasília: Maria Auxiliadora (Secretária da Mulher), Alsira (Metalúrgicos de São Paulo), Ilca (Metalúrgicos de Santo André e Mauá), além de outras lideranças locais como Bruna Ravena, Zeila Plath (Conselho Municipal de Campo Largo), Renata Borges, Jaqueline Wroblewski (Prefeitura de Araucária), Renata Carneiro (Prefeitura de Curitiba) e Fernanda Queiroz, a “Fernanda do Nelsão”, assessora da Força Sindical Paraná. Todas se uniram para mostrar que a pauta das mulheres trabalhadoras precisa estar no centro das políticas públicas.
Mulheridades: um Brasil plural
Ao longo de três dias, a conferência deu visibilidade ao conceito de “mulheridades”, reforçando que a luta feminina é diversa e múltipla. Mulheres negras, indígenas, quilombolas, com deficiência, LGBTs, ciganas, migrantes e refugiadas se reuniram com mães atípicas, trabalhadoras urbanas e rurais, jovens e idosas, todas trazendo suas próprias experiências. Cada relato, uma realidade. Cada bandeira, um chamado à inclusão.
Como destacou a indígena baiana Magna Caibé: “A violência não é cultural. Nossa cultura é a nossa ancestralidade, são nossas tradições. A mulher indígena não está acostumada a ser violentada.” Da mesma forma, trabalhadoras com deficiência denunciaram o capacitismo, enquanto mulheres negras reforçaram que o racismo estrutural ainda reflete na desigualdade salarial — chegando a ser 50% menor em relação a homens brancos.
A voz da ministra e o recado às metalúrgicas
Em vídeo gravado durante o encontro, a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, dirigiu-se diretamente às mulheres metalúrgicas de Curitiba:
“As mulheres metalúrgicas de Curitiba, eu mando um grande abraço. Que vocês continuem unidas na luta, mobilizadas pelos direitos das mulheres, com nenhuma violência contra as mulheres.”
— Ministra das Mulheres, Márcia Lopes
A declaração foi recebida com entusiasmo pelas delegadas paranaenses da Força Sindical, que se sentiram reconhecidas em suas lutas históricas. Para muitas delas, o recado da ministra simboliza a valorização da luta sindical feminina e reforça o papel da classe trabalhadora na construção de um país mais justo.
Gleisi, possível senadora em 2026
Outra presença marcante no encontro foi a da ministra Gleisi Hoffmann, que já foi senadora e hoje ocupa papel de destaque no governo federal. Gleisi, eleita deputada federal pelo Paraná, conhece de perto os desafios de implantar e consolidar políticas públicas voltadas às mulheres em um país onde o machismo ainda dita desigualdades profundas. Ao lado de delegadas da Força Sindical, entre elas Fernanda do Nelsão, sua presença em Brasília ganhou um peso simbólico: mostrou que o Paraná também ecoa na luta nacional.
Nos corredores da conferência, o nome de Gleisi chegou a ser lembrado por participantes do Sul do Brasil como possível referência para a disputa ao Senado em 2026, já que até o momento o estado natal da ministra não tem nenhuma pré-candidata progressista posta. Mais do que projeções eleitorais, porém, sua participação reforçou o compromisso de que as vozes femininas precisam seguir cada vez mais fortes nos espaços de poder.
Deliberações e continuidade
No encerramento, as delegadas votaram propostas que irão compor o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, orientando o governo federal nos próximos anos. O enfrentamento à violência de gênero, a igualdade salarial, a participação em espaços de poder, políticas de cuidado e o fortalecimento da democracia foram reafirmados como prioridades.
Para a ministra Márcia Lopes, a conferência não se encerra em Brasília: “Apesar de concluir a 5ª Conferência Nacional de Política para as Mulheres, que a gente entenda e tenha consciência que esta conferência não acaba aqui, não acaba hoje. Ela tem que continuar até o início da realização da 6ª Conferência Nacional.”
Um grito coletivo
Ao final, a sensação foi de que cada voz somou-se a uma corrente maior. Como disse a conferencista Francine Gagliotti, de São Paulo: “Espero que as políticas aprovadas cheguem também às mulheres que não puderam estar aqui, aquelas que trabalham 8, 12 horas por dia e sobrevivem sem descanso. Estamos aqui para defender também essas mulheres.”
Da canção “Maria, Maria” às falas de mulheres de todo o país, Brasília foi palco de um grito coletivo contra a violência, a exclusão e as desigualdades. Um grito pela democracia e pela dignidade. As delegadas da Força Sindical, lado a lado com tantas outras, mostraram que a força da mulher trabalhadora segue sendo coluna vertebral na luta por um Brasil mais igualitário.
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