quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Arilson Chiorato exige CPI e auditoria após tempestade que deixou 1,1 milhão de paranaenses sem energia

Apagão e privatização: liderança do PT no Paraná exige CPI e auditoria após tempestade que deixou 1,1 milhão de paranaenses sem energia

Por Ronald Stresser — Sulpost 

As denúncias feitas pelo deputado Arilson Chiorato, no fim do mês passado, reacenderam o debate sobre responsabilidades: enquanto famílias juntam perdas e medos, a ALEP discute investigação e medidas de reparação - Foto: Divulgação/Deputado Arilson Chiorato

O rastro da tempestade que atingiu o Paraná no fim de setembro ainda é visível nas casas, nos comércios e nas conversas de esquina. No ápice da crise, mais de 1,1 milhão de imóveis ficaram sem energia. Depois vieram os números que não perdoam: 448 mil imóveis também passaram por interrupções simultâneas, milhares relataram eletrodomésticos queimados, e em cidades como Ponta Grossa, Londrina, Guarapuava e Cascavel famílias ficaram até 48 horas sem eletricidade. Há relatos de comunidades rurais que levaram dias para ter o serviço restabelecido — e de moradores que, ainda hoje, contabilizam prejuízos e noites de medo.

Os fatos, apresentados no final de setembro pelo deputado Arilson Chiorato, trouxeram para o plenário da ALEP não só números, mas rostos: o do comerciante que perdeu estoque; da avó que teve o oxigênio de casa comprometido; do estudante que perdeu trabalhos salvos em equipamentos danificados. “Não foi só o clima”, disse o deputado na tribuna — e essa afirmação resumiu o sentimento de muitos que ouviram: havia algo mais por trás do apagão.

O que foi denunciado

No discurso em plenário, Chiorato apontou para uma sequência de escolhas que, segundo ele, fragilizaram a Copel: venda do controle da companhia em 2023 por cerca de R$ 3,1 bilhões, redução do quadro técnico, cortes de investimentos em manutenção preventiva e terceirizações com atrasos de pagamento. Hoje, explicou o parlamentar, o Estado detém aproximadamente 15,91% das ações e pouco mais de 10% dos votos — e a chamada golden share não asseguraria controle operacional suficiente para evitar decisões que, na avaliação da oposição, priorizam dividendos sobre serviço público.

O deputado listou consequências concretas aos cidadãos: geladeiras estragadas, pacientes sem equipamentos essenciais, produtores com perdas, comércios parados, remédios e alimentos que estragaram sem a devida refrigeração. “O Paraná ficou no escuro, sem explicação e sem compensação”, afirmou.

Reações: Procon, Aneel e ameaça de CPI

Após as denúncias, o Procon notificou a Copel e a Aneel foi chamada a esclarecer prazos, protocolos e responsabilidade técnica. Deputados da bancada do PT, como Renato Freitas, ampliaram as críticas e pediram a abertura de uma CPI das privatizações para apurar contratos, decisões de gestão e eventuais irregularidades no processo de venda e na governança da companhia.

“Energia não é mercadoria; é direito básico”, disse Chiorato no plenário — e a frase reverberou entre parlamentares que defendem maior fiscalização e mecanismos de proteção ao consumidor. A discussão agora inclui pedidos de auditoria técnica sobre a condição da rede elétrica e levantamento dos investimentos realizados desde a privatização.

O cotidiano sob a sombra do apagão

Por trás dos discursos, as cenas cotidianas: mercearias com alimentos estragados, escolas improvisando aulas à luz de velas, produtores rurais sem refrigeração para seus produtos, pacientes que dependeram de sorte para manter dispositivos médicos funcionando. A lista de perdas é prática e imediata — e a percepção de abandono cresce quando protocolos ficam sem retorno e as famílias precisam arcar sozinhas com prejuízos.

“Perdemos mercadorias que demoram meses para recompor; a loja fechou por dois dias e o prejuízo é maior que a renda do mês”, relatou um pequeno comerciante do interior, que pediu para não se identificar. Essas vozes foram parte da documentação encaminhada à assessoria do deputado e agora compõem o escopo de pedidos por reparação.

O que os parlamentares exigem

  • Auditoria independente sobre a condição da rede elétrica e os investimentos desde a privatização;
  • Criação de CPI das privatizações para apurar contratos, remunerações da diretoria e cortes de quadro técnico;
  • Fiscalização rigorosa da Aneel sobre prazos de atendimento e critérios de ressarcimento a consumidores;
  • Mecanismos emergenciais de compensação e atendimento prioritário a casos que envolvam risco à saúde;
  • Planos de contingência robustos para temporadas de eventos climáticos extremos, diante da emergência climática.

Enquanto as propostas tramitam, parlamentares prometem acompanhar cada notificação enviada aos órgãos de defesa do consumidor e cobrar transparência total das decisões corporativas que impactam a vida das pessoas.

A política por trás da tomada

O debate é também político: para a oposição, a privatização não é responsabilidade apenas administrativa, mas uma escolha que redesenha prioridades. Para defensores da privatização, a resposta costuma apontar para modernização e eficiência. Entre uma narrativa e outra, há vidas que, segundo deputados e afetados, ficaram vulneráveis.

“Enche a bolsa da B3 e esvazia a geladeira do povo paranaense”, disse Chiorato em tom de voz firme ao encerrar sua fala, no último dia 29 — uma imagem dura, que sintetiza a sensação de muitos moradores afetados pelo apagão e que agora esperam reações concretas do parlamento e dos órgãos reguladores.

O que fazer se você foi afetado

As orientações práticas para quem sofreu danos permanecem essenciais: registre fotos e vídeos, guarde notas fiscais de eletrodomésticos danificados, protocole reclamação junto à Copel e ao Procon, e procure apoio jurídico, inclusive coletivo, para aumentar a força nas cobranças por indenização. Os relatos e documentos foram parte das denúncias divulgadas pela assessoria do deputado no dia 29 e reforçam a necessidade de ações coletivas bem documentadas.

Um aviso para a primavera

Se a tempestade de 22 de setembro foi o primeiro grande choque do período, ela também soa como um aviso: a primavera apenas começou e a emergência climática impõe mais frequência de eventos extremos. A pergunta que fica, entre os corredores da ALEP e as mesas das famílias afetadas, é esta: como o Paraná protegerá suas pessoas nos próximos choques — e quem pagará a conta por escolhas políticas e econômicas feitas nos últimos anos?

Se você foi afetado pelo apagão e tem documentos, fotos, notas fiscais ou relatos que possam ajudar a fortalecer investigações ou ações coletivas, envie para a redação do Sulpost — seu testemunho importa. 📧 sulpost@outlook.com.br

Chave Pix para contribuições ao Sulpost: WhatsApp: (41)99281-4340

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