segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Fernanda do Nelsão leva a voz de Campo Largo à 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres

Fernanda Queiroz, a Fernanda do Nelsão, uma das mulheres que leva a voz de Campo Largo e de todas as paranaenses à 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres — encontro não acontecia há quase uma década 

Por Ronald Stresser — Sulpost

Brasília acordou com um brilho de esperança nesta segunda-feira (29). Depois de nove anos de hiato, a 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres voltou a reunir mais de 4.000 mulheres — vozes que vieram de todos os cantos do país para costurar um plano que prometeu ser guia de políticas públicas com nome, rosto e história.

A cerimônia de abertura, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, teve a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da primeira-dama Rosângela “Janja” Lula da Silva. Em sua fala, o presidente lembrou o período em que instituições e políticas de proteção foram desmontadas e afirmou que a conferência é “um grito contra o silêncio” — um chamamento para que a voz das mulheres volte a orientar decisões e rumos do país.

A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, sintetizou a ambição do encontro: “Hoje somos mais de 4.000 mulheres reunidas que, de maneira democrática e plural, vão debater e propor diretrizes para o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. Um plano que servirá de guia para o governo federal, para todos os estados e municípios, fortalecendo a construção de um Brasil soberano, justo e inclusivo.”

A agenda que segue até 1º de outubro é extensa e urgente: enfrentamento às desigualdades sociais, econômicas e raciais; combate à violência contra as mulheres; transição energética com perspectiva de gênero; maior presença feminina em espaços de poder; fortalecimento das políticas de cuidado e de autonomia econômica; saúde, educação e assistência social; o fim da escala 6×1; e direitos reprodutivos, entre outros pontos que atravessam a vida cotidiana de milhões de brasileiras.

Uma representante de Campo Largo

No meio dessa constelação de vozes estava Fernanda Queiroz — “Fernanda do Nelsão”, eleita para, junto com outras companheiras do estado, representar o Paraná por dois anos. Ela chegou a Brasília já no domingo à noite, hoje participou da conferência e, há pouco, em entrevista exclusiva ao Sulpost, compartilhou a emoção de estar neste momento histórico.

“Um momento único, ímpar, na vida de todas essas mulheres, de várias raças, de várias cores, etnias, classes sociais. Foram quase dez anos de retrocessos, de perda de direitos, de luta e resistência. Estar aqui hoje é reconstruir, é dizer que não nos silenciaram.”
— Fernanda Queiroz (entrevista exclusiva ao Sulpost).

Fernanda descreveu ao Sulpost a manhã de abertura como um sopro que reaviva memórias de resistência: a participação do presidente, as conversas nos corredores com outras representantes — de comunidades rurais, territórios indígenas, movimentos negros e coletivos urbanos — e a expectativa de transformar propostas em políticas concretas para estados e municípios.

Leis e compromissos

Na abertura do evento, o presidente sancionou duas medidas com impacto direto na vida das mulheres e das famílias: a instituição da Semana Nacional de Conscientização sobre os Cuidados com as Gestantes e com Mães (a ser lembrada na semana de 15 de agosto) e a alteração na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que permite prorrogação da licença-maternidade e do salário-maternidade em até 120 dias em casos de internação prolongada do recém-nascido ou da mãe. São medidas que pensam a maternidade como tema de saúde pública e de direito social.

O futuro como semente

A ministra Márcia Lopes usou uma imagem que resume bem o clima dos dias na conferência: “O futuro é uma semente que já germina nas nossas mãos. Cada palavra, cada proposta e cada gesto vivido nesta conferência regarão esta semente.” É essa metáfora que muitas mulheres trouxeram para a mesa: a ideia de que deliberação e afeto andam juntos, e que políticas públicas têm de nascer da escuta atenta.

Nos corredores do centro de convenções, entre cartazes, abraços e cadernos de propostas, ouviu-se um fio condutor — a necessidade de trabalho conjunto entre União, estados e municípios para que as políticas setoriais realmente alcancem as mulheres nas suas singularidades.

Fernanda, engajada na causa sindical é no empoderamento feminino, vai trazer para Campo Largo as expectativas e as propostas debatidas em Brasília: “Não é só representar; é voltar para casa com um mapa de luta, com metas e com a obrigação moral de transformar propostas em práticas locais.”

Memória, presente e cuidado

Esta conferência retoma um espaço de diálogos interrompidos e dá forma a uma urgência: políticas pensadas para e pelas mulheres, respeitando diferenças e construindo pontes entre setores. Enquanto as propostas são redigidas, é preciso lembrar que cada uma delas nasce de uma história — de quem cuida, de quem trabalha, de quem luta e de quem sobrevive.

A presença de Fernanda do Nelsão em Brasília é a tradução dessa conexão entre o local e o nacional, entre o cafezinho com as companheiras e o microfone do auditório que leva empoderamento a todas as mulheres do Brasil.

A conferência prossegue até 1º de outubro. O que se decide nesses dias deve converter-se em práticas cotidianas, em políticas que toquem as mulheres nas suas rotinas, nos seus direitos reprodutivos, na proteção contra a violência, na garantia de trabalho digno e de cuidado compartilhado. O que começa como semente em Brasília precisa germinar em cada bairro, em cada cidade — inclusive em Campo Largo, onde a “Fernanda do Nelsão” já guarda propostas que prometem regar o solo ao voltar para casa, afinal a primavera está no ar.

Deputada Federal Jandira Feghali, do Rio de Janeiro, e Fernanda Queiroz

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