quarta-feira, 22 de outubro de 2025

A falsa promessa da “caneta milagrosa”: golpe com teste de metanol engana consumidores e põe vidas em risco

Produtos vendidos pela internet prometem detectar metanol em bebidas alcoólicas, mas são falsos e perigosos — enquanto isso, pesquisadores brasileiros desenvolvem testes que ainda aguardam investimento

O medo de beber o perigo sem saber tem feito muita gente procurar soluções rápidas — e é nesse terreno de insegurança que golpes florescem. Em festas, mercados informais e nas redes sociais, canetas e kits que prometem “detectar metanol em casa” chegam como promessa de salvação. O alerta é claro: não existe hoje no varejo nacional um produto aprovado, confiável e seguro para uso doméstico — e confiar nessas ofertas pode sair muito caro.

O alerta de Santa Catarina

Recentemente, órgãos de defesa do consumidor em Santa Catarina emitiram comunicados lembrando que essas canetas e kits são, na melhor das hipóteses, enganos comerciais; na pior, fraudes perigosas. Além do risco à saúde, as ofertas frequentemente escondem golpes financeiros e publicidade enganosa — imagens manipuladas, marcas falsas e descrições que usam termos científicos para dar aparência de credibilidade.

“Esses produtos são fraudulentos e perigosos. A orientação é simples: não compre, não compartilhe e, se encontrar esse tipo de anúncio, denuncie.” — comunicado do Procon local.

Fonte: Procon de Navegantes (SC)

Por que a “caneta” não é solução

O metanol é um cristalino perigo químico: ao ser ingerido em bebidas adulteradas pode provocar cegueira, danos neurológicos permanentes e morte. Essas consequências não combinam com promessas de testes instantâneos e baratos vendidos em redes sociais. Um resultado negativo de um dispositivo não comprovado pode dar falsa sensação de segurança — e isso é, muitas vezes, o que leva à tragédia.

  • Esses produtos não têm registro da Anvisa nem comprovação científica pública;

  • podem produzir falsos negativos (dando a impressão de que a bebida está segura quando não está);

  • e muitas vezes são vendidos por intermediários sem procedência, usando marketing enganoso ou imagens manipuladas.

A ciência existe — mas ainda não chegou ao mercado

Há pesquisas promissoras no Brasil. Grupos acadêmicos, como equipes da Unesp e de outras universidades federais, vêm desenvolvendo técnicas (incluindo métodos colorimétricos e dispositivos eletrônicos) capazes de identificar metanol com rapidez e custo reduzido em ambiente de laboratório. Porém, transformar esses protótipos em um produto doméstico exige investimentos, parcerias industriais, testes de campo e homologação — etapas que ainda estão em curso.

Em outras palavras: há luz no fim do túnel, mas ela ainda não é uma solução imediata para quem busca “testar a garrafa” na mesa de casa.

Reportagens e notas sobre pesquisas universitárias na Unesp e outras instituições; entrevistas com pesquisadores envolvidos nos projetos.

O que você pode — e deve — fazer agora

  1. Prefira bebidas de procedência segura: compre em estabelecimentos legais, exija nota fiscal e verifique lacres e rótulos.
  2. Desconfie de ofertas milagrosas nas redes sociais: anúncios com testemunhos anônimos, preços muito baixos ou imagens profissionais podem ser fraude.
  3. Se sentir sintomas após ingestão (náusea, tontura, dor de cabeça intensa, visão turva), procure atendimento médico imediatamente e informe a possível exposição a metanol.
  4. Denuncie anúncios suspeitos ao Procon local ou pela plataforma Consumidor.gov.br.

Vozes e histórias — por que isso dói

Não se trata apenas de dados: é de famílias que perderam alguém, de festas interrompidas por tragédias e de uma sensação coletiva de vulnerabilidade. Quando a tecnologia é vendida como cura rápida sem respaldo, ela explora o medo e a necessidade de proteção. A responsabilidade social passa por informação clara, fiscalização efetiva e investimento em ciência que leve a soluções seguras.

Em tempos de desinformação, a melhor defesa é a informação qualificada. Compartilhe este alerta com quem você ama: avisar pode salvar vidas.

Para denúncias, acesse consumidor.gov.br

© Sulpost — Jornalismo independente

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