A carne de frango do Paraná, que alimenta lares e move economias locais, enfrenta um momento de incerteza com três frentes de risco: as suspensões de compra por China e União Europeia após um caso de gripe aviária; o efeito dessas perdas sobre a cadeia produtiva estadual; e a nova onda tarifária dos Estados Unidos — que, desde abril, anunciou medidas tarifárias e em julho/agosto ampliou a pressão sobre produtos brasileiros.
O pedido ao Planalto
Na sexta-feira (8), o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) enviou um ofício ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo intervenção do Executivo para acelerar a reabilitação das exportações de carne de frango junto às autoridades chinesas e europeias. No documento, o parlamentar ressaltou o peso do Paraná no setor e alertou para prejuízos expressivos à economia regional caso o comércio internacional não seja restabelecido.
"Solicito a Vossa Excelência que sejam enviados esforços junto às autoridades chinesas e europeias para a rápida reabilitação do comércio de carne de frango brasileira, garantindo a segurança sanitária e a retomada das exportações, essenciais para o fortalecimento do setor e para a economia nacional." — trecho do ofício de Zeca Dirceu ao presidente.
Por que o Paraná sente a crise
O estado é um gigante da produção: foram mais de 2 bilhões de aves produzidas no último ano — mais de um terço da produção nacional — e a carne de frango representou US$ 1,32 bilhão em exportações em 2024, atrás apenas da soja. A presença do Paraná na produção e exportação cresceu ao longo das últimas décadas, tornando o setor não apenas um ativo econômico, a principal atividade econômica de milhares de famílias.
Quando mercados-chave se fecham, o efeito não fica restrito ao embarque: há redução de abates, queda de preços, apertos de crédito, demissões nos frigoríficos e menos renda circulando nos municípios do interior, que abrigam os polos produtores.
O elemento novo: a pressão dos Estados Unidos
Além da suspensão temporária de compras pela China e União Europeia — motivada por um caso de gripe aviária detectado em maio de 2025 —, a retomada das vendas brasileiras encontra agora uma nova pedra no caminho: as medidas tarifárias anunciadas pela administração dos EUA entre abril e julho de 2025, que incluíram elevações e sanções sobre importações de países parceiros. A escalada culminou em tarifas elevadas aplicadas a parte das importações brasileiras agora, no início de agosto.
Produtores e lideranças do setor veem nas medidas americanas um risco adicional que, somado às restrições de China e Europa, pode transformar um choque sanitário em crise comercial de larga escala.
Linha do tempo — como a crise se desenrolou
- Maio de 2025 — China, União Europeia e Argentina anunciam suspensão temporária das importações de carne de frango brasileira após a detecção de um caso de gripe aviária em uma granja no Sul do país.
- Final de junho de 2025 — A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA/OIE) reconhece o Brasil como território livre de gripe aviária de alta patogenicidade em aves de produção comercial, passo técnico importante para a reabertura dos mercados.
- 2 de abril de 2025 — O governo dos Estados Unidos divulga medidas tarifárias amplas que elevam tarifas sobre diversas importações; a política passa a vigorar em etapas durante os meses seguintes.
- 9 de julho — agosto de 2025 — A administração norte-americana anuncia aumentos tarifários adicionais e medidas recíprocas, em um processo que levou o Brasil a buscar mecanismos diplomáticos e jurídicos para contestar os efeitos financeiros sobre suas exportações.
- 6 de agosto de 2025 — O Brasil protocola pedido de consultas na Organização Mundial do Comércio (OMC) em reação às tarifas aplicadas pelos Estados Unidos.
- 8 de agosto de 2025 — O deputado Zeca Dirceu envia ofício ao presidente Lula solicitando intervenção federal para acelerar a reabilitação do comércio exterior da carne de frango, com ênfase nos mercados da China e da União Europeia e preocupação com as implicações das medidas americanas.
O que pedem os produtores
Entre as demandas do setor estão: ações diplomáticas imediatas do Itamaraty e do Ministério da Agricultura para o reconhecimento técnico e a retirada das restrições; negociações com autoridades sanitárias estrangeiras; e medidas de mitigação econômica para produtores afetados pela desaceleração de abates e embarques.
Paralelamente, lideranças ressaltam a necessidade de manter vigilância sanitária rígida e transparência na comunicação para recuperar a confiança dos importadores.
Nas palavras de Zeca Dirceu
Ao percorrer o interior do estado e conversar com produtores, Zeca tem repetido que a conjugação de fatores — choque sanitário e tensão tarifária internacional — exige articulação política em Brasília e diplomacia ativa. Para ele, a proximidade com o Planalto pode acelerar as tratativas com parceiros comerciais e reduzir o tempo em que produtores ficarão sem mercado.
📍Com informações da assessoria parlamentar do deputado Zeca Dirceu.
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