terça-feira, 5 de agosto de 2025

Presidente do PT Paraná sai em defesa de Renato Freitas

Renato Freitas pode ser suspenso da Alep: Arilson Chiorato denuncia injustiça e defende absolvição

Por Ronald Stresser | Sulpost

 
Deputados Arilson Chiorato (PT) e Renato Freitas (PT)
 

Em um plenário ainda marcado pelo eco das lutas populares, a Assembleia Legislativa do Paraná se vê novamente diante de um dilema que transcende o regimento e os ritos legislativos: o julgamento político do deputado estadual Renato Freitas (PT). Na tarde desta terça-feira (5), a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou o parecer que recomenda a suspensão das prerrogativas parlamentares de Freitas por 30 dias — punição que agora seguirá para o plenário da Casa.

Mas no meio da tensão institucional, uma voz se ergueu com firmeza e coerência: a do deputado Arilson Chiorato (PT). Mais do que colega de bancada, ele tem sido uma espécie de escudo jurídico e político na defesa do mandato de Freitas, que, mais uma vez, parece estar no centro de um processo que carrega mais conotação política do que propriamente legal.

A jurisprudência da própria Casa confirma: houve prescrição. Manter esse processo ativo é ignorar o que está escrito no Regimento Interno”, afirmou Chiorato em seu voto separado, solicitando o arquivamento imediato do processo disciplinar.

Ao lado de Chiorato, também votaram contra o parecer os deputados Ana Júlia (PT) e Luiz Claudio Romanelli (PSD) — este último, inclusive, reconhecendo igualmente a prescrição dos prazos legais. A deputada Ana Júlia reforçou o argumento de nulidade procedimental, ao denunciar que a escolha da deputada Márcia Huçulak (PSD) como relatora violou o artigo 76 do Regimento Interno da Alep. Para ela, o processo está viciado desde a origem.

O mesmo roteiro?

A situação traz de volta à memória o processo polêmico de 2022, quando Renato Freitas teve o mandato de vereador em Curitiba cassado — decisão posteriormente anulada pela Justiça. Naquele episódio, sua presença em um ato pacífico dentro da Igreja do Rosário, junto a movimentos sociais, foi distorcida por adversários e utilizada como pretexto para sua expulsão da Câmara Municipal. Agora, a história parece repetir o enredo, com nova roupagem, mas as mesmas intenções.

Renato, advogado e militante histórico dos direitos humanos, se vê novamente às voltas com uma engrenagem institucional que, por vezes, parece não suportar sua voz dissidente. Para ele, não é apenas um julgamento pessoal — é um ataque simbólico a tudo o que representa: juventude negra, periferia, resistência.

A força da solidariedade

A atuação de Chiorato nessa fase do processo vai além de uma obrigação partidária. É um gesto de solidariedade política e de compromisso com a democracia. Em sua fala, o deputado enfatizou a importância de respeitar o devido processo legal e lembrou que a Constituição não pode ser dobrada aos humores ideológicos de ocasião.

Renato é alvo porque ousa ser diferente num espaço ainda dominado por estruturas conservadoras. O que está em jogo aqui não é só a legalidade de um processo, mas o direito de um mandato existir com liberdade, crítica e coragem”, cravou Chiorato.

A defesa técnica e política de Chiorato e Ana Júlia, ambos do Partido dos Trabalhadores, se escorou não apenas na letra do regimento, mas em jurisprudência consolidada dos tribunais superiores — inclusive citando o artigo 293 do Regimento Interno, que trata do prazo decadencial para punições.

E agora?

O parecer do relator Soldado Adriano José (PP), aprovado pela maioria dos membros da CCJ, seguiu a linha de que o processo é formalmente regular e que não houve prescrição. Apenas o deputado Alisson Wandscheer (SD) se absteve da votação, enquanto a maioria conservadora da comissão confirmou o prosseguimento da sanção proposta.

O próximo passo será a votação em plenário — e aí o caso ganha contornos ainda mais políticos. A suspensão de prerrogativas parlamentares, mesmo que não configure cassação de mandato, representa uma tentativa clara de silenciar uma voz incômoda, mas necessária, na Assembleia Legislativa.

A pergunta que paira no ar é: até quando a política paranaense seguirá punindo aqueles que ousam representar o povo com coragem?

Resistência é verbo

Em tempos de ataques sistemáticos à democracia e aos direitos sociais, a defesa do mandato de Renato Freitas simboliza muito mais do que uma disputa entre partidos. É a reafirmação de que o Parlamento deve servir ao povo — inclusive àquele povo que não se veste de terno, que não fala com voz pausada, mas que tem muito a dizer.

Arilson Chiorato e Ana Júlia mostraram que, mesmo nos espaços formais do poder, ainda há trincheiras de resistência.

E Renato, como sempre, resiste.

📍Com informações da Assembleia Legislativa do Paraná, Contraponto, Regimento Interno da Alep, jurisprudência dos tribunais superiores.

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