sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Plano de contingência ao tarifaço deve sair até terça

Governo prepara plano de contingência para salvar setores atingidos pelo tarifaço dos EUA

No estacionamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, o vice-presidente Geraldo Alckmin falou com a pressa e a prudência de quem sabe que decisões anunciadas em Brasília rebatem nas mesas, nos depósitos e nas vidas por todo o país. O alvo: o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros — uma medida que expõe cadeias produtivas inteiras e tira o sono de trabalhadores e empresários.

Segundo Alckmin, o plano de contingência será anunciado até terça-feira (12) e terá como princípio a diferenciação: uma "régua" que medirá o grau de exposição de cada setor às exportações para os Estados Unidos, tornando o socorro mais preciso e menos genérico.

“Ele foi apresentado ao presidente Lula, que terminou ontem tarde da noite o trabalho de leitura. O presidente vai bater o martelo e aí vai ser anunciado. Se não for amanhã, provavelmente na segunda ou terça-feira.”

O objetivo, disse o vice-presidente, é ter foco: priorizar o amparo para as empresas e segmentos mais afetados pela tarifa de 50% e, ao mesmo tempo, evitar distribuição de recursos que não alcançaria quem realmente precisa.

Régua de exposição: tilápia não é atum

Alckmin explicou que o critério será baseado na intensidade das exportações — há setores em que mais de 90% da produção é consumida internamente, e outros em que grande parte segue para o exterior. "Há setores em que mais de 90% da produção fica no mercado interno, com exportações de 5%, no máximo 10%. E tem setores em que metade do que se produz é para exportar. E tem setores que exportam mais da metade para os Estados Unidos. Então, foram muito expostos, estão muito expostos", disse.

O ministro citou o setor de pescados para exemplificar a necessidade de tratar cada produto dentro de um mesmo segmento de forma diferente: a tilápia tem consumo majoritariamente interno; o atum, ao contrário, depende muito mais de mercados externos.

Calçados e couro: cadeias que dependem do mundo

Antes do encontro com o encarregado de negócios da embaixada dos EUA, Alckmin recebeu representantes da Abicalçados. Ele alertou que o setor será bastante afetado, sobretudo a cadeia do couro — matéria-prima com elevada fatia de exportação. "O couro, mais de 40% é para exportação", afirmou, lembrando que, embora o calçado empregue muita mão de obra, o impacto sobre o couro pode ser ainda mais severo.

Entre diplomacia e economia

Na tarde em que falou com a imprensa, Alckmin também se reuniu com o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos, Gabriel Escobar. O encontro foi tratado de forma discreta: "foi muito bom", limitou-se a dizer o vice-presidente. Escobar visitou ainda a Comissão de Relações Exteriores do Senado e a Câmara dos Deputados, sinalizando que o tema já ganhou recorte diplomático e parlamentar.

O que está em jogo

Mais do que números, o tarifaço tem rostos: o pescador que depende da venda do atum, o curtume que vê estoques de couro acumularem, a fábrica que teme não conseguir pagar salários no fim do mês. O plano de contingência promete ser a ponte que evite demissões em massa e fechamento de empresas que levaram anos para se consolidar.

Até terça-feira, os setores aguardam medidas concretas — não apenas palavras — capaz de amortecer o choque e preservar empregos e mercados.

📍Com informações da Agência Brasil. Edição para o Sulpost: Ronald Stresser.

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