Das profundezas às alturas: submarinos nucleares americanos, voo furtivo chinês, a ira de Trump e o risco de uma nova guerra fria que vai das redes sociais à ameaça nuclear
Por Ronald Stresser | SulpostNum céu silencioso sobre o mar da China Meridional, um caça chinês J-20 cruzou sem ser percebido. Invisível. Indetectável. Nenhum alarme soou no Japão, na Coreia do Sul ou nas bases americanas. Nenhum radar THAAD, nenhuma bateria Patriot, nenhum navio com sistema Aegis foi capaz de detectar o que passou. E foi assim, sem alarde, que a China deu seu recado.
O voo de reconhecimento com seu caça furtivo mais avançado — divulgado discretamente pela imprensa chinesa — foi uma provocação calculada. E um sinal claro: a hegemonia aérea dos Estados Unidos, por décadas incontestável, começa a ruir.
O timing não parece coincidência. Poucos dias antes, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, afirmou ter ordenado o envio de dois submarinos nucleares em direção à Rússia. Segundo ele, a decisão foi uma resposta às provocações de Dmitri Medvedev, ex-presidente russo, em uma briga virtual nas redes sociais. Sim, isso mesmo. Submarinos nucleares por causa de uma discussão no X (antigo Twitter).
Supremacia invisível
Os Estados Unidos ainda apostam todas as fichas nos caças F-22 e F-35. Avançados, rápidos, letais. Mas agora, silenciosamente, surge um concorrente à altura — e talvez superior. O J-20 chinês passou por onde não deveria passar sem ser detectado. Se fosse uma missão real, com armas a bordo, nada impediria um ataque surpresa a alvos estratégicos.
Não há como minimizar. O J-20 mostrou que pode invadir o quintal dos EUA e seus aliados sem pedir licença. E, mais do que isso, mostrou que a China não precisa gritar para ser ouvida. Basta voar.
A escalada de Trump
Enquanto isso, do outro lado do mundo, Trump reage de forma bem menos sutil. Ofendido por um post de Medvedev, afirmou em rede nacional que havia enviado dois submarinos nucleares em direção à Rússia. Disse que foi por "precaução", após o ex-presidente russo fazer menções à “Mão Morta” — o sistema automático soviético de retaliação nuclear.
A resposta da Rússia? Nenhuma. Nenhum pronunciamento do Ministério da Defesa. Nenhum reposicionamento de tropas. Apenas silêncio — e sarcasmo da imprensa russa.
Um comentarista do jornal Moskovsky Komsomolets afirmou que Trump estava “fazendo birra”. Um general aposentado foi mais direto: “tolices sem sentido”. Para o jornal Kommersant, não há evidência de que Trump tenha realmente dado a ordem. Talvez seja só mais um teatro, como quando ele anunciou, em 2017, o envio de submarinos à península coreana — e logo depois foi apertar a mão de Kim Jong-un.
Mas desta vez, não parece ser apenas jogada política. A tensão está em alta. A Ucrânia continua em guerra. Taiwan está no radar. E agora, até as redes sociais viraram campo de batalha.
A diplomacia virou meme
O mais curioso é a forma como tudo começou. Medvedev, que foi presidente russo entre 2008 e 2012 e era visto como moderado, virou uma espécie de mascote do radicalismo russo online. Costuma soltar frases agressivas e memes ameaçadores, mas sem grande impacto diplomático — até agora.
Trump mordeu a isca.
Respondeu com ameaças. Com armas. Com submarinos.
E, mais uma vez, com entrevistas para canais simpáticos à sua retórica. À Newsmax, ele explicou que “quando você menciona a palavra 'nuclear', meus olhos se acendem”. Um tipo de sinceridade que talvez funcionasse em um episódio de South Park. Mas ele é presidente. E os botões que acendem não são de desenho animado.
Apenas um blefe? Ou Trump estaria mesmo perdendo o controle?
Há quem diga que tudo faz parte de uma estratégia. Um blefe, típico de quem joga xadrez em público e pôquer nos bastidores. Trump é imprevisível. Gosta de criar o caos antes da negociação.
Mas há também quem veja algo mais preocupante.
Trump tem 79 anos. E sua lucidez, às vezes, parece tão volátil quanto seu humor. A diferença para seu antecessor, Joe Biden — muitas vezes criticado pela idade — é que Biden sempre buscou responder com equilíbrio. Trump, ao contrário, parece agir como um personagem de desenho animado.
E agora nos resta a pergunta incômoda:
Será que esta pode ser a primeira vez na história em que uma briga nas redes sociais desencadeia uma escalada nuclear?
O mundo já viveu tensões suficientes. Mas talvez nunca tenha estado tão vulnerável ao ego inflado de líderes com acesso ao botão vermelho.
E, se a sombra de um J-20 já nos inquieta, imagine o que pode acontecer quando o real se mistura com o absurdo.
📌 Com informações da imprensa estatal chinesa, e dos jornais russos Moskovsky Komsomolets e Kommersant. Entrevista de Trump à Newsmax e cobertura internacional sobre as movimentações militares no Mar da China.
📲Contato da redação e chave pix: (41)99281-4340
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