quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Deputadas do PT sofrem ataques na ALEP e Arilson Chiorato cobra responsabilização de Ricardo Arruda

Deputadas do PT são alvo de ataques vistos como misóginos na ALEP e Arilson Chiorato, líder da oposição e presidente da legenda no estado, exige a responsabilização de Ricardo Arruda (PL)

Por Ronald Stresser | Sulpost

 
Reprodução / Redes Sociais
 

O plenário da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) voltou a ser palco de um episódio que acende o alerta sobre os limites do debate político e o respeito às mulheres no exercício do mandato parlamentar. Em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro — que está preso em regime domiciliar e é monitorado 24hrs. por tornozeleira eletrônica — o deputado estadual Ricardo Arruda proferiu ataques contra as deputadas Luciana Rafagnin e Ana Júlia Ribeiro, ambas do Partido dos Trabalhadores (PT), provocando reações imediatas.

Na sessão, Arruda chamou Luciana de “cara de pau” e disse que ela deveria “tomar vergonha na cara”, após a parlamentar afirmar que Bolsonaro tentou dar um golpe de Estado. Em outra ocasião, atacou Ana Júlia por sua forma de se vestir, numa escalada de falas que, segundo colegas, ultrapassa o campo político e invade a esfera da violência de gênero.

“É inadmissível que um deputado insulte outra deputada e não seja responsabilizado por isso”, reagiu o presidente estadual do PT, Arilson Chiorato, em publicação nas redes sociais.

Ricardo Arruda extrapolou todos os limites e pratica abuso de prerrogativa parlamentar e violência política de gênero, quando sobe na tribuna e chama a deputada Luciana Rafagnin de ‘cara de pau’, quando insulta a deputada Ana Júlia pela maneira que se veste e tantas outras atrocidades e insultos já proferidos. Basta! A Casa do Povo não merece um debate de tão baixo nível”, completou o presidente recentemente reeleito do Partido dos Trabalhadores no Paraná.

Registro oficial e cobrança por providências

Diante do ocorrido, parlamentares solicitaram que todos os insultos proferidos por Ricardo Arruda sejam registrados e publicados no Diário Oficial, de forma que possam embasar medidas legais. “O abuso de prerrogativa parlamentar ocorre quando um membro do Legislativo utiliza as garantias do mandato de forma indevida. No tocante à violência de gênero, o caso é ainda mais grave”, declarou em plenário uma das deputadas alvo dos ataques, reforçando que não se calará diante do desrespeito.

A cena expôs mais uma vez um problema recorrente na política brasileira: a tentativa de desqualificar mulheres por meio de ofensas pessoais, desviando o foco do debate democrático para o terreno da agressão. A violência política de gênero, reconhecida pela lei desde 2021, segue sendo um desafio para a efetiva participação feminina nos espaços de poder.

Embate além da política

Para Luciana Rafagnin, as palavras não apagam o trabalho legislativo construído ao longo dos anos. “Tenho certeza de que essa fala de hoje não vai ofuscar todo o trabalho das leis importantes que apresentei nessa casa, especialmente em defesa das mulheres”, afirmou.

Ana Júlia, outtora também alvo de comentários depreciativos, reforçou que o Parlamento precisa ser exemplo de respeito.

Arilson Chiorato, que acompanha de perto o dia a dia da bancada petista na ALEP, afirmou que não se trata de um caso isolado, mas de uma postura que se repete.

Hoje pedimos providências legais, mas também pedimos uma reflexão: que Parlamento queremos? Um espaço para o ódio ou para a construção coletiva?”, questionou a liderança da esquerda no estado.

Enquanto o caso segue para análise e eventual responsabilização, o episódio serve de termômetro para a temperatura política no Paraná, num momento em que a intolerância ameaça ultrapassar as barreiras da disputa democrática e corroer o próprio espírito da Casa do Povo.

Contexto estatístico do Brasil: um panorama alarmante

Dados recentes reforçam a gravidade do cenário:

  • Violência política de gênero: segundo o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, mais de 60% das prefeitas e vice-prefeitas afirmaram ter sofrido esse tipo de violência durante campanha ou mandato . Uma pesquisa da Câmara dos Deputados mostra que os casos noticiados cresceram em 2024 em relação a 2020.

  • Letalidade e violência contra mulheres: o Atlas da Violência 2025 (Ipea/FBSP) indicou que, entre 2013 e 2023, 47.463 mulheres foram assassinadas no Brasil — uma média de 13 mortes por dia . Em 2023, foram 3.903 mulheres vítimas, média de 10 homicídios femininos diários.

  • Feminicídios em alta: mesmo num cenário geral de queda nos homicídios, os feminicídios têm se mantido persistentes, representando 37% dos homicídios femininos em 2023. Mulheres negras foram 68% das vítimas.

  • Outras formas de violência: o Ministério da Justiça e Segurança Pública registrou 591.495 casos de estupro entre 2015 e 2024. Em 2024, foram 71.892 casos — cerca de 196 vítimas por dia .

Esses números são assustadores e revelam que o ambiente político não está isolado da violência que tantas mulheres enfrentam cotidianamente. A política, portanto, não pode reproduzir estruturas de opressão — ela deve combatê-las.

 

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