Brasil responde com dignidade ao tarifaço e intromissões de Trump: “Somos soberanos”, diz o presidente Lula
Por Ronald Stresser | SulpostNum gesto que transcende a economia e mergulha nas águas profundas da dignidade nacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu com firmeza e indignação à mais nova provocação do presidente norte-americano Donald Trump: a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras aos Estados Unidos. O motivo alegado por Trump? Uma mistura inquietante de desinformação, ingerência política e um tom de ameaça diplomática que remete aos tempos mais sombrios da Guerra Fria.
Mas o Brasil de 2025 não é mais o mesmo. Nem política, nem moral, nem economicamente. E Lula deixou isso claro, numa declaração curta, mas contundente: “Somos um país soberano, com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”.
Quando o comércio vira chantagem
Na carta enviada a Lula, Trump ultrapassou as fronteiras da diplomacia ao justificar a retaliação econômica com base no processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado. Sim, Trump está usando um ex-presidente que está inelegível pela Lei da Ficha Limpa e que é réu no Supremo Tribunal Federal, como argumento oficial de Estado para penalizar uma nação soberana. Não se trata apenas de um gesto hostil — é uma verdadeira gafe diplomática.
“O julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!”, escreveu Trump, ao comentar a atuação da Justiça brasileira. Em qualquer lugar do mundo, seria inaceitável. Vindo do líder da maior economia do planeta, é também perigoso.
Mais grave ainda: Trump alega que o Brasil estaria “atacando eleições livres” e violando a liberdade de expressão de cidadãos americanos — uma acusação tão vaga quanto infundada. Na realidade, o que o Brasil tem feito é aplicar sua legislação contra crimes digitais, discursos de ódio e fake news. E faz isso com respaldo social, jurídico e constitucional.
Lula e a Lei da Reciprocidade: resposta à altura
Em resposta imediata, o governo brasileiro anunciou que ativará a Lei de Reciprocidade Econômica, aprovada em abril deste ano, que permite ao Brasil retaliar medidas unilaterais que afetem negativamente sua competitividade internacional.
Essa legislação autoriza a suspensão de concessões comerciais, restrições a importações de bens e serviços e até mesmo a suspensão de direitos de propriedade intelectual. “A soberania, o respeito e a defesa intransigente dos interesses do povo brasileiro são os valores que orientam a nossa relação com o mundo”, afirmou Lula nas redes sociais.
O Palácio do Planalto agiu rápido. Em menos de 24 horas após a carta de Trump, uma reunião de emergência foi realizada com os principais ministros do governo: Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Rui Costa (Casa Civil), Sidônio Palmeira (Secom) e o vice-presidente Geraldo Alckmin. A mensagem foi clara: o Brasil não vai se curvar.
Números desmentem Trump
A justificativa econômica apresentada por Trump também desmorona diante dos números. Segundo dados do próprio governo norte-americano, os EUA têm superávit com o Brasil de aproximadamente US$ 200 milhões por ano — e um superávit acumulado de US$ 410 bilhões nos últimos 15 anos.
Ou seja: o discurso de que o Brasil impõe “barreiras injustas” não se sustenta. Muito menos a ideia de que o déficit com o Brasil seja uma “ameaça à segurança nacional dos EUA”, como Trump chegou a afirmar. É, no mínimo, um insulto à inteligência dos brasileiros e aos dados oficiais.
Diplomacia ou dominação?
O que Trump busca não é equilíbrio comercial — é submissão política. Ao condicionar a redução de tarifas ao “relacionamento” com o Brasil, o presidente dos Estados Unidos tenta transformar a diplomacia em barganha. Não é comércio — é chantagem.
“Essas tarifas podem ser modificadas, para cima ou para baixo, dependendo do relacionamento com seu país”, escreveu Trump, como quem dita as regras num jogo de dominância.
Lula não apenas recusou o jogo — levantou da mesa. “O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de Estado é de competência apenas da Justiça brasileira e, portanto, não está sujeito a ingerência ou ameaça de qualquer tipo”, escreveu o presidente.
Brasil na vanguarda dos Brics e do respeito mútuo
O anúncio da tarifa ocorre dias após o atrito entre Trump e Lula em razão da cúpula do Brics no Rio de Janeiro — bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e que avança cada vez mais como um polo geoeconômico alternativo ao eixo Estados Unidos-Europa.
Para alguns analistas, o gesto de Trump não é apenas uma retaliação econômica, mas também uma tentativa de isolar o Brasil por sua postura independente no cenário internacional. Uma resposta ao avanço do Sul Global e à recusa em se alinhar incondicionalmente às ordens de Washington.
Brasil não se cala
A posição do governo Lula não é apenas uma defesa de interesses comerciais — é uma declaração de princípio. É a reafirmação de que o Brasil não aceita pressões externas, não se submete a ameaças veladas e não tolera o uso do poder econômico como arma política.
“Para operar em nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras estão submetidas à legislação brasileira”, escreveu Lula, rebatendo também as acusações infundadas de que o Brasil persegue empresas americanas do setor digital.
O que vem pela frente
O Brasil estuda uma série de contramedidas, incluindo o aumento de tarifas sobre produtos norte-americanos e a suspensão de benefícios a empresas que operam no país com incentivos bilaterais. O Itamaraty já articula uma ofensiva diplomática junto aos países do Brics e da América Latina.
Mais do que uma disputa tarifária, este é um embate simbólico sobre soberania, respeito e justiça internacional.
Porque o Brasil não é colônia.
Porque o Brasil tem voz.
E, acima de tudo, porque o Brasil tem memória.
"Brasil, quem te USA não te ama!"
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