quinta-feira, 10 de julho de 2025

Donald Trump, um doidão na Casa Branca

De aliados a motivo de piada: como Trump virou chacota nos EUA ao ameaçar o Brasil por Bolsonaro

Por Ronald Stresser| Sulpost 
 
Arquivo / Internet 
 

Quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na última quarta-feira (9) que pretende impor uma tarifa de 50% sobre todas as importações brasileiras, os Estados Unidos não apenas reacenderam as tensões com o Brasil — acenderam também um sinal de alerta dentro do próprio governo norte-americano. E, para muitos, um sinal de vergonha.

Sim, vergonha. Porque o homem que voltou à Casa Branca prometendo “colocar os Estados Unidos em primeiro lugar” agora protagoniza uma cena surreal: ameaçar uma nação parceira por causa de um aliado político pessoal, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que enfrenta julgamento no Brasil por tentativa de golpe de Estado.

“A forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado no mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional”, escreveu Trump, em carta oficial ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A carta, enviada diretamente do Salão Oval, pegou diplomatas de surpresa e acendeu críticas de especialistas, inclusive dentro dos Estados Unidos, que classificaram a postura de Trump como “impulsiva, pessoalista e diplomática apenas no papel”.

Washington em polvorosa: staff desprevenido e clima de tensão

Fontes da própria Casa Branca relataram à imprensa norte-americana que a decisão sobre as tarifas foi tomada por Trump sem consultar o Departamento de Estado, o Tesouro ou sua equipe econômica. Assessores confidenciaram que o anúncio chegou ao alto escalão “por meio da imprensa”.

“Estamos no meio de uma crise diplomática criada unilateralmente, baseada em uma relação pessoal e ideológica, sem qualquer racionalidade econômica ou institucional”, afirmou um ex-funcionário do Departamento de Comércio.

Nos bastidores, a movimentação causou constrangimento até mesmo entre republicanos que apoiaram Trump nas urnas. “É como se estivéssemos vivendo num reality show geopolítico, onde decisões econômicas sérias são tomadas por impulso e afinidade política”, escreveu um colunista do Washington Post.

Na base da economia americana, medo e perplexidade

Enquanto Trump briga com o Brasil em nome de Bolsonaro, empresários americanos olham com receio para as possíveis consequências. A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pode afetar diretamente diversos setores nos Estados Unidos, do agronegócio à construção civil.

Em Miami, onde a comunidade brasileira é forte, donos de comércios expressaram preocupação imediata. “A gente importa frutas, carnes, móveis e até mármore do Brasil. Essa tarifa vai matar o negócio de muita gente”, diz Gabriela Dantas, comerciante há 12 anos na Flórida.

No centro-oeste americano, produtores de etanol já temem represálias brasileiras. Em Nova York, o setor alimentício prevê aumento nos preços de alimentos tropicais. E tudo isso, segundo especialistas, sem qualquer planejamento estratégico ou diálogo prévio com os parceiros comerciais.

Brasil reage com firmeza: ‘Não seremos tutelados por ninguém’

A resposta do presidente Lula foi clara e sem rodeios: “Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja. Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei.

Em nota oficial, o governo brasileiro anunciou que retaliará as tarifas americanas na mesma proporção, e reforçou que o julgamento de Bolsonaro é uma decisão da Justiça brasileira, independente e legítima.

“Essa não é uma disputa entre governos. É uma tentativa de ingerência externa baseada em amizade política e ideologia autoritária”, afirmou uma fonte do Itamaraty ao Sulpost.

Uma amizade que custa caro

Trump e Bolsonaro mantêm uma aliança pública há anos, sustentada por discursos inflamados, negação da ciência, conservadorismo radical e o desprezo por instituições democráticas. Agora, essa conexão ameaça respingar diretamente nas relações entre os dois países.

Para analistas internacionais, Trump está usando sua posição de chefe de Estado para proteger um aliado pessoal — um movimento considerado extremamente perigoso para a democracia global.

“O uso de tarifas como arma pessoal coloca a política externa americana em risco. Isso jamais aconteceria em governos minimamente equilibrados”, afirma Sandra Meyer, professora de Relações Internacionais da Universidade de Georgetown.

Entre o ridículo e o perigoso

Dentro dos Estados Unidos, a imagem de Trump se desmancha entre os que esperavam um segundo mandato mais pragmático. A tentativa de interferência em um processo judicial estrangeiro é vista por muitos como um abuso de poder – e também como uma piada de mau gosto.

“É como se o presidente governasse com base no Twitter e nas amizades pessoais. Isso não é política. É egocentrismo institucionalizado”, diz o analista político Marcus Lewin, de Harvard.

Enquanto isso, o Brasil se vê no centro de uma crise que não provocou — e o mundo observa, perplexo, a escalada de tensões entre duas das maiores democracias do continente.

  • Com informações do The New York Times (Jack Nicas, 09/07/2025)

📌 Matéria publicada com exclusividade no Sulpost. Para republicações, entre em contato com nossa redação. Whatsapp: 4199281-4340 ✍️ Ronald Stresser

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