Respeito se conquista, não se impõe: Brasil deve retaliar ofensiva dos EUA contra o STF por conta dos Bolsonaro
Por Ronald Stresser | Editorial Sulpost![]() |
Não vem de hoje a proximidade entre os Bolsonaro e o Sr. Rubio - Reprodução |
O Brasil buscou o diálogo. Uma nação que aposta no multilateralismo, na paz e no respeito às instituições democráticas — internas e externas. Mas quando a soberania nacional é colocada em xeque por ingerências autoritárias de uma potência estrangeira, o silêncio não é mais prudência: é submissão.
A decisão anunciada pelo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, de revogar o visto do ministro Alexandre de Moraes, de seus familiares e até de supostos “aliados no STF”, é um ato inaceitável de interferência direta em assuntos internos do Brasil. Trata-se de um ataque não só a uma autoridade judicial, mas ao próprio equilíbrio dos Poderes da República e ao princípio da não intervenção — pilar das relações internacionais desde a fundação da ONU. É um atentado contra toda a população brasileira.
Rubio, ecoando a retórica raivosa do presidente Donald Trump, repete o teatro da “caça às bruxas” como justificativa para sancionar um ministro da Suprema Corte brasileira. Mas o pano de fundo é outro: retaliação contra decisões judiciais que atingem aliados extremistas, interesses políticos e econômicos específicos, especialmente no setor das redes sociais e tecnologia — onde Moraes tem atuado firmemente contra a desinformação e o discurso de ódio.
Pior: ao atacar um membro do STF com base em critérios políticos, os EUA estão legitimando práticas de lawfare internacional. Abrem precedente perigoso e invertem os papéis: acusam Moraes de censura, ao mesmo tempo em que praticam uma retaliação digna da velha diplomacia da Guerra Fria.
E tudo isso vem na esteira de um novo tarifaço imposto por Trump ao Brasil, que eleva em 50% as taxas de importação sobre produtos fundamentais da nossa pauta exportadora. Café, suco de laranja, carne bovina e frango — itens que chegam diariamente à mesa do consumidor americano — agora estão sob ataque, com impactos diretos na inflação dos EUA e prejuízos irreparáveis ao agronegócio brasileiro.
O momento exige reação à altura
Diante de tamanha agressão diplomática, não basta enviar notas de protesto. O Brasil precisa se posicionar com firmeza. O Itamaraty deveria, imediatamente, suspender qualquer visita oficial de Marco Rubio ao nosso território. A revogação de seu direito de entrada no país — como resposta direta e proporcional à sanção imposta a Moraes — deve ser considerada, sim, como um gesto soberano de autodefesa institucional.
Se a Lei de Imigração norte-americana permite que o secretário de Estado barre um ministro brasileiro com base em critérios subjetivos, o Brasil tem o mesmo direito — garantido por tratados internacionais e pelas regras da reciprocidade diplomática — de declarar Rubio "persona non grata".
Tal medida, embora extrema, não é inédita no cenário internacional. E, neste caso, não se trata de revanchismo, mas de respeito. De mostrar que o Brasil não aceita ser tratado como quintal ideológico de nenhuma superpotência.
Um parceiro, não um quintal
Não podemos esquecer que os Estados Unidos dependem — e muito — das exportações brasileiras. O Brasil é o maior fornecedor de vários produtos, como por exemplo a proteína animal, o suco de laranja e o café para o mercado norte-americano. Sem o Brasil, o café da manhã dos EUA fica mais caro. O agronegócio americano também perde, e o consumidor comum sente no bolso.
Para você ter ideia, estima-se que cada dólar ganho pelo Brasil com exportação de café para os EUA, gera 43 dólares na economia daquele país.
Rubio, ao transformar a diplomacia em palco de disputa ideológica, compromete uma relação comercial que beneficia milhões de pessoas dos dois lados. Como aliado da família Bolsonaro, tenta impor sua visão de mundo ao Judiciário brasileiro, como se pudesse mandar em nossas instituições.
Mas o Brasil não está à venda. E muito menos disposto a se curvar aos interesses que outras nações possam ter em nosso solo, muito menos interesses aparentemente obscuros de um grupo político que transitoriamente está no poder.
Hora de levantar o tom
O presidente Lula já acenou com a possibilidade de acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o tarifaço de Trump. É um passo acertado. Mas, no campo diplomático, é preciso ir além: suspender imediatamente os canais de interlocução com Rubio e seus representantes e convidá-lo, formalmente, a se abster de pisar em solo brasileiro enquanto perdurar a retaliação contra autoridades legítimas do Brasil.
O país precisa deixar claro que Marco Rubio não será bem-vindo, ao menos enquanto tratar o Brasil com desprezo. Queremos diálogo, mas diálogo entre iguais. A diplomacia brasileira, historicamente marcada pela elegância, também sabe erguer a cabeça quando existe injustiça.
O povo brasileiro — que luta todos os dias para sustentar este país com trabalho, dignidade e fé — merece respeito. E respeito, senhor Rubio, não se exige no grito. Se conquista com coerência, ética e reciprocidade.
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