Tensões comerciais impulsionam oportunidades: BlackRock vê espaço para ganhos em meio a tarifas e inflação global
Por Ronald Stresser | SulpostEnquanto o mundo se acomoda a uma nova era de disputas comerciais, uma palavra ganha força nos bastidores de Wall Street: alpha — o desempenho acima do mercado. E para a gestora global BlackRock, esse cenário instável está longe de ser um obstáculo. Pelo contrário: é terreno fértil para quem sabe onde pisar.
Na última edição do seu boletim semanal, a maior gestora de ativos do mundo aponta que as tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos estrangeiros, especialmente da China, estão criando uma nova geografia de oportunidades. “As tarifas tendem a aumentar a dispersão nos retornos de ativos e ações, e isso abre espaço para gerar alpha”, diz o documento, publicado nesta segunda-feira (15).
O que está por trás dessa leitura otimista?
Segundo a BlackRock, a recente decisão do governo norte-americano de estender a pausa em novas tarifas gerou uma leve retração nas bolsas dos EUA, mas impulsionou os mercados europeus, que fecharam a semana com alta de 1%. A resposta dos títulos do Tesouro norte-americano também foi clara: os rendimentos de 10 anos subiram discretamente, sinalizando que os investidores ainda estão cautelosos diante do que vem pela frente.
O que preocupa — e ao mesmo tempo alimenta o radar da gestora — é a inflação. A BlackRock destaca que dados globais de inflação serão o grande ponto de atenção nos próximos dias, com especial cuidado para o índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos. A empresa já detecta “sinais iniciais” de que o impacto das tarifas está começando a aparecer nas prateleiras americanas.
“O esvaziamento dos estoques deve pressionar os preços nas próximas semanas”, aponta o relatório. Em outras palavras: à medida que os produtos importados com isenção tarifária forem desaparecendo, os efeitos da política protecionista do governo Biden deverão ficar mais visíveis — e dolorosos — para o bolso do cidadão comum.
Uma estratégia de risco — mas calculada
Mesmo com as incertezas no horizonte, a BlackRock mantém sua postura de “risk-on”, ou seja, aberta ao risco. A recomendação segue sendo o overweight em ações americanas, um sinal claro de que a gestora vê valor em ativos dos Estados Unidos — mesmo diante da crescente tensão geopolítica e comercial.
Essa leitura contrasta com o sentimento de parte do mercado, que adota postura mais defensiva, temendo que o aumento de tarifas e a alta nos preços acabem sufocando o consumo e, por consequência, o crescimento econômico. Mas para a BlackRock, é justamente a volatilidade que cria oportunidades para investidores atentos e bem assessorados.
O que isso significa para o investidor brasileiro?
Embora o boletim seja voltado a investidores institucionais e não constitua uma recomendação direta, ele oferece pistas valiosas para quem acompanha o cenário internacional. O investidor brasileiro, sobretudo aquele com exposição global ou interessado em entender os fluxos de capital, deve estar atento a três pontos principais:
1. A diversificação é mais importante do que nunca – Com a alta dispersão nos retornos de ativos, quem concentra investimentos em poucos setores ou regiões pode acabar sofrendo perdas desproporcionais.
2. Inflação global impacta o Brasil – O aumento nos preços nos EUA pode respingar nos países emergentes, afetando cadeias de suprimento, preços de commodities e até o câmbio.
3. A leitura dos grandes players é um termômetro – BlackRock não dita o mercado, mas influencia. Saber como ela se posiciona ajuda a entender para onde pode ir o dinheiro institucional.
No fim das contas, o recado é claro: em tempos de incerteza, a informação é o ativo mais valioso. E no que depender da BlackRock, quem souber filtrar os sinais poderá transformar o ruído da geopolítica em trilha sonora de retorno positivo.
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📍Matéria baseada em conteúdo do boletim “Weekly Commentary” da BlackRock (15/07/2025).
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