quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Powerball promete prêmio recorde de US$ 1,3 bilhão

A febre do bilhão: Powerball promete prêmio recorde de US$ 1,3 bilhão e reacende o "sonho americano"

Com filas enormes por todo o país e outdoors que se sobressaem à beira das rodovias, o sorteio desta quarta-feira pode ser o sexto maior da história. Atrás do marketing do “bilhão”, há matemática dura: probabilidades ínfimas e um pagamento à vista bem menor do que o anunciado.

Ronald Stresser — Sulpost




Drone registra um outdoor da Powerball ao lado de uma rodovia em San Diego, Califórnia, anunciando o prêmio acima de US$ 1 bilhão (02.set.2025).

San Diego, Califórnia — O país voltou a sonhar alto. Em meio ao ronco dos motores na freeway, um outdoor grita o número que move multidões: US$ 1,3 bilhão. No sorteio marcado para as 23h (ET) desta quarta-feira (03), a Powerball pode escrever mais um capítulo na sua saga de prêmios monumentais — um ritual coletivo em que a esperança desafia as estatísticas.

O valor que estampa as manchetes corresponde à opção de anuidade paga ao longo de décadas. Na prática, quase todos os ganhadores escolhem o pagamento à vista, que para este concurso é de US$ 634 milhões — ainda assim, uma fortuna que muda destinos.

O apelo do “bilhão” não surgiu por acaso. Desde 2010, quando Powerball e Mega Millions passaram a ser vendidas em praticamente todo o território americano, os organizadores entenderam a equação: quanto mais difícil ganhar, mais vezes o prêmio acumula; quanto mais acumula, mais o país compra bilhetes. Hoje, a chance de levar a Powerball é de 1 em 292 milhões. A Mega Millions, que recentemente endureceu as regras, passou de 1 em 290,5 milhões para 1 em 302,6 milhões — e elevou o preço do bilhete de US$ 2 para US$ 5.

O resultado é visível nas ruas. Depois que um vencedor levou o prêmio de 31 de maio, o montante da Powerball reiniciou em US$ 20 milhões e a venda ficou tímida, com menos de seis milhões de bilhetes. Em agosto, quando o valor anunciado chegou a US$ 424 milhões, as vendas dobraram para 12,9 milhões. No último sábado sem ganhador, o efeito manada apareceu: mais de 111 milhões de bilhetes foram comprados para o sorteio de segunda com prêmio de US$ 1,1 bilhão — e a expectativa é de nova avalanche até o horário do sorteio desta quarta.

“Parece que a palavra ‘bilhão’ precisa estar na frase para chamar a atenção das pessoas.”

— Jeff Lenard, Associação Nacional de Lojas de Conveniência

Números essenciais

  • Jackpot anunciado: US$ 1,3 bilhão (anuidade)
  • Opção em dinheiro: US$ 634 milhões
  • Probabilidade (Powerball): 1 em 292.000.000
  • Probabilidade (Mega Millions): 1 em 302.600.000
  • Preço do bilhete (Powerball): US$ 2
  • Preço do bilhete (Mega Millions): US$ 5
  • Horário do sorteio: 23h (ET) • quarta-feira, 3 de setembro de 2025
Fila na tradicional Bluebird Liquor Store, em Hawthorne, Califórnia

Como chegamos a prêmios tão altos

A história começou em 1985, quando Vermont, New Hampshire e Maine uniram forças para competir com vizinhos mais fortes. Em 1987, o precursor da Powerball — o Lotto America — limitava jackpots a US$ 80 milhões, por receio de quantias “grandes demais”. O tempo mostrou o oposto: prêmios gigantes atraem atenção, mídia e vendas. Em 2010, a decisão de venda cruzada entre Powerball e Mega Millions abriu as portas para quase todo o país — com exceções notórias: Alabama e Utah (política conservadora), Alasca e Havaí (isolamento geográfico) e Nevada (interesses dos cassinos).

“Nos anos 1990, eram prêmios de US$ 100 milhões que colocavam as pessoas em filas ao redor do quarteirão. Nos anos 1980, bastavam US$ 40 milhões.”

— Jonathan Cohen, autor de For a Dollar and a Dream

Apesar dos holofotes sobre os bilionários, a locomotiva do setor são as raspadinhas instantâneas: cerca de 70% dos bilhetes vendidos, segundo o economista Victor Matheson. Com prêmios menores e chances melhores de algum retorno, elas dialogam com um público diferente daquele que, diante de um anúncio bilionário, decide tentar a sorte grande.

No fim do dia, a Powerball vende mais que números: vende a ideia de que o amanhã pode ser radicalmente diferente. Enquanto as bolinhas não caem, milhões imaginam como usariam US$ 634 milhões — quitar dívidas, garantir a faculdade dos filhos, ajudar parentes, abrir mão do relógio. É um suspiro coletivo de possibilidade, ainda que a matemática insista em lembrar: a probabilidade é minúscula.

Serviço

  • Jogo: Powerball (EUA)
  • Data/Hora do sorteio: 3 de setembro de 2025 • 23h (horário da Costa Leste dos EUA)
  • Preço do bilhete: US$ 2
  • Onde comprar: Lojas e plataformas habilitadas em quase todos os estados
  • Observação: Valor anunciado refere-se a anuidade; parcela única é menor

Com informações fornecidas pelo usuário; dados públicos de Powerball e Mega Millions; depoimentos de Jonathan Cohen, Jeff Lenard e Victor Matheson à CNN/EUA. Tradução e edição: Sulpost 

Re-Amazonizar o Brasil

UFRJ propõe “Re-Amazonizar o Brasil” no Festival do Conhecimento 2025

Interlocutores que participarão da COP30 adiantam reflexões no evento

Por Ronald Stresser – Sulpost

Viveiros de mudas de mangue do projeto Mangues da Amazônia na Vila do Tamatateua, na RESEX Marinha de Caeté-Taperaçu (Bragança-PA)
Bragança (PA), 12/06/2025 — Viveiros de mudas de mangue do projeto Mangues da Amazônia, na Vila do Tamatateua, área da RESEX Marinha de Caeté-Taperaçu. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil.

Às margens da Baía de Guanabara, em pleno Flamengo, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) abre, nos dias 4 e 5 de setembro, um espaço de escuta e reflexão que pretende ecoar até Belém do Pará, sede da COP30. O Festival do Conhecimento 2025 chega com o tema “Re-Amazonizar o Brasil: Saberes Ancestrais e Tecnologias”, convocando o país a repensar seu futuro a partir da floresta e de quem a habita.

Mais do que um encontro acadêmico, o festival se apresenta como um ensaio de futuro, reunindo lideranças indígenas, pesquisadores, artistas e ativistas para colocar os povos amazônicos no centro do debate sobre clima, saúde e sobrevivência planetária.

“O Festival do Conhecimento deste ano entra em sintonia com a COP30 ao discutir questões urgentes ligadas ao clima. É como se tivéssemos, aqui no Rio de Janeiro, uma pré-conferência do clima, pois teremos a oportunidade de reunir algumas das lideranças que estarão em Belém”, destaca Ivana Bentes, pró-reitora de Extensão da UFRJ.

Ao reunir saberes ancestrais, ciência, arte e políticas públicas, a UFRJ se coloca como articuladora de soluções para os grandes desafios do nosso tempo. A abertura oficial ocorre no dia 4, às 10h, com a apresentação do Manifesto “Clima é Saúde, Saúde é Clima”, do qual a UFRJ é signatária, reforçando a relação indissociável entre equilíbrio ambiental e bem-estar humano.

Vozes que atravessam a floresta

Entre os nomes confirmados para os diálogos que antecipam a COP30, estão:

  • Sinéia do Vale, liderança indígena e representante dos povos indígenas do Brasil na COP30;
  • Eduardo Viveiros de Castro, antropólogo da UFRJ e referência mundial no debate indígena;
  • Inara Nascimento, indígena Sateré-Mawé, professora de saúde coletiva e segurança alimentar para povos indígenas;
  • Dzoodzo Baniwa, ativista e referência em educação escolar indígena entre os povos baniwa e koripako;
  • Ethel Maciel, representante da saúde do Brasil na COP30.

Cada fala promete cruzar experiências que vão da cosmologia dos povos originários às inovações tecnológicas, ampliando a compreensão de que a Amazônia não é apenas uma pauta ambiental, mas civilizatória.

Re-amazonizar: resistir e reinventar

“Re-amazonizar” não é metáfora vazia. É um chamado a recuperar modos de vida que enxergam a floresta como matriz de vida e inspiração para novas formas de habitar o planeta. Em tempos de mudanças climáticas aceleradas, o gesto é urgente: proteger territórios, rios e culturas é proteger também nossas cidades e a saúde coletiva.

“Re-amazonizar não é voltar ao passado. É apontar para o futuro com raízes profundas”, sintetiza uma liderança que participará dos debates.

Por dois dias, o Rio de Janeiro se torna um laboratório de futuros em sintonia com Belém: as ideias que emergirem no Fórum de Ciência e Cultura prometem encontrar a arena global da COP30, levando a partir da UFRJ a mensagem de que ciência e saberes tradicionais caminham de mãos dadas.

Fontes: Com informações da Agência Brasil e UFRJ - Edição: Sulpost • Jornalismo independente, plural e comprometido com o meio ambiente e os direitos humanos.

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Marinha dos EUA intercepta embarcação no Caribe e mata 11 pessoas; operação levanta dúvidas sobre método e consequências

Explosão no Caribe: a decisão dos EUA que incendiou o mar e deixou 11 mortos — entre guerra ao narcotráfico e dúvida humanitária

 
Vista do navio USS Gravely — Foto: AP Foto/Bernat Armangue, Arquivo

O anúncio e as imagens

Em pronunciamento na Casa Branca, o presidente disse: “Acabamos de, há poucos minutos, literalmente abater um barco, um barco que carregava drogas”. Depois, compartilhou nas redes um vídeo aéreo que mostra uma embarcação sendo atingida, explodindo e em seguida tomada pelas chamas — cenas que se sobrepõem, para muitos, à falta de respostas técnicas do Pentágono sobre detalhes da operação.

Uma escolha operacional que chama atenção

Autoridades norte-americanas descreveram os mortos como integrantes do Tren de Aragua, grupo que Washington já designou como organização terrorista, e que, segundo o governo, estaria envolvido em tráfego internacional de drogas. A decisão de destruir a embarcação em vez de apreendê-la e prender a tripulação é atípica para operações antinarcóticos e remete a doutrinas de combate usadas contra redes terroristas, suscitando questionamentos jurídicos e éticos. 2

Quem são os que morrem no mar?

Entre a narrativa oficial e a fúria das imagens, escapa a voz das famílias e a identificação plena das vítimas. Em muitos casos de trânsito ilícito no Caribe, jovens e homens vulneráveis embarcam pressionados por redes que exploram pobreza, despeito e promessas de ganho rápido. Reduzir 11 corpos a estatísticas — “terroristas mortos”, nas palavras presidenciais — encobre perguntas sobre cadeia de comando, responsabilidade e o devido processo. 3

Implicações regionais

A operação ocorre num contexto de crescente presença naval dos EUA no sul do Caribe — movimento que Washington diz ser para interromper rotas de narcotráfico, mas que para críticos também constitui escalada geopolítica contra Caracas. A retórica de acusar o governo venezuelano de controlar facções criminosas foi repetida nas declarações presidenciais; o governo Maduro nega as acusações e condena as ações como justificativa para pressão externa. 4

Silêncio institucional e perguntas abertas

O Pentágono não divulgou ainda informações técnicas fundamentais: tipo e quantidade de drogas encontradas — se encontradas —, regras de engajamento aplicadas, modalidades do ataque, ou se existiram alternativas menos letais. Essa lacuna alimenta incertezas sobre a legalidade da ação em águas internacionais e sobre a transparência exigida em operações que resultam em perda de vida. 

Vozes que ficam no silêncio

Por trás de qualquer conflito internacional ou manchete há rostos. Talvez mães que ainda não souberam do destino de um filho. Talvez filhos que aguardam notícias que não virão. A política de confrontação armada, mesmo quando justificada pelo combate ao crime, tem um custo humano que não cabe em boletins oficiais. É possível combater o tráfico e proteger fronteiras sem apagar, ao mesmo tempo, o direito a um processo e a identificação digna dos mortos. A embarcação poderia ter sido abordada, a droga apreendida e os traficantes presos. Não havia a necessidade de matar 

As ondas levarão o que resta do casco, e o vento espalhará as perguntas: quem determinou que aquele alvo seria destruído em vez de apreendido? Havia alternativa? Haverá responsabilização por decisões que tiraram 11 vidas? São perguntas que ficam para além do flash das imagens e das ordens presidenciais.

Metalurgicos da VW de SJP terão assembleia decisiva

Assembleia decisiva na Volks de São José dos Pinhais: trabalhadores terão a palavra sobre o acordo coletivo

São José dos Pinhais (PR) — Divulgação 

 
Imagem meramente ilustrativa/IA

Setembro chegou com uma encruzilhada importante para quem veste o macacão na Volkswagen de São José dos Pinhais. Nesta quinta-feira (4), na troca de turnos, uma assembleia vai colocar no centro da roda o futuro do acordo coletivo — e, junto com ele, o horizonte de direitos, empregos e previsibilidade de milhares de famílias metalúrgicas.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), Sérgio Butka, gravou um recado direto à categoria: a decisão será dos trabalhadores, em assembleia aberta e amparada pelo Estatuto do Sindicato, com voto presencial e também online pelo Vox-SMC, conforme orientação das autoridades trabalhistas.

O que está em jogo

O coração do debate é a validade do acordo firmado anteriormente. A empresa sustenta que o compromisso valeria por cinco anos, com mais três pela frente; já o sindicato aponta que a legislação brasileira permite acordos por até dois anos, exigindo ratificação periódica. “Vamos respeitar a decisão do Ministério Público e cumprir as normas legais”, defendeu Butka, reforçando a necessidade de registro de ciclos de “dois em dois anos”.

A assembleia, portanto, abre duas trilhas: manter o acordo pelos próximos três anos ou reabrir negociações, recolocando na mesa temas como novos modelos, empregos e instrumentos de flexibilidade — banco de horas, formas de ajuste e parâmetros de jornada que foram pactuados dois anos atrás.

A voz da base

Seja qual for a escolha, Butka sublinha que ela precisa nascer de quem está na linha de produção: “É você, trabalhador da Volks, que vai dizer”. Para o SMC, a presença da categoria — no pátio e no voto online — é o que legitima o caminho coletivo e dá lastro para enfrentar a temporada de incertezas no setor automotivo.

Assista ao chamado do sindicato

Vídeo nas redes do SMC: https://youtu.be/odXuj7_rDIs

Serviço — Assembleia na VW SJP

  • Data: quinta-feira, 4 de setembro de 2025
  • Local: Portões da fábrica — São José dos Pinhais (PR)
  • Horário: na troca de turnos
  • Votação: presencial e online (Vox-SMC)

Siga o SMC

Facebook/Instagram: @metalurgicosdecuritiba  |  YouTube: @metaltvsmc

Fontes

  1. Comunicado em vídeo do presidente do SMC, Sérgio Butka (2–4 set. 2025). YouTube.
  2. Transcrição do comunicado: “Metalúrgico da Volks! O presidente do SMC, Sérgio Butka, fala sobre a assembleia desta quinta (04/09)”.

Edição: Ronald Stresser - Sulpost 

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

PDT lança pré-candidatura de Requião Filho para 2026

Requião Filho assume presidência do PDT Paraná e lança pré-candidatura ao governo em 2026

Por Ronald Stresser | Sulpost

Foto: Divulgação/PDT Paraná


Curitiba amanheceu diferente no último fim de semana. No salão lotado de lideranças políticas e militantes trabalhistas, o deputado estadual Requião Filho não apenas assumiu a presidência do PDT Paraná, como também cravou o passo mais ousado de sua trajetória: o lançamento oficial de sua pré-candidatura ao governo do estado em 2026.

“São benefícios não só para uma classe, mas para todo o Paraná. É uma política pública a partir da base, que o PDT sabe muito bem: a educação.”
Frase de Requião Filho durante o ato de posse como presidente estadual do PDT Paraná.

A fala — recebida com aplausos e expectativa — abriu a cena para um discurso que mistura herança e renovação. Para muitos presentes, o parlamentar é o herdeiro natural do legado de Roberto Requião, ex-governador e ex-senador, que acompanhou o filho ao lado do irmão, Maurício Requião.

Roberto Requião, em tom firme, lembrou o papel do partido no cenário nacional: “A política se faz através de partidos. O único partido, hoje, que nos dá perspectiva de independência de discussão e vinculação à soberania nacional, ao movimento trabalhista, é o PDT. Vamos discutir modelagens de governo para o Brasil e para o Paraná.”

A presença de Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, deu contornos ainda mais fortes ao ato. Lupi afirmou confiar plenamente no projeto: “Requião Filho nasceu forjado na luta e com herança de ideias. O Paraná precisa de você como governador e tenho plena confiança na vitória.”

Ao defender o serviço público e os direitos sociais, o deputado Goura pontuou o peso do legado: “O ato mostra o compromisso com a nossa gente e a chegada dos Requião reforça essa luta. Temos plenas condições de chegar ao segundo turno. Depende de todos nós. O nosso projeto vai fortalecer também as chapas e bancadas.”

Unidade das bases

O encontro reuniu lideranças de diversas regiões do estado — sinal claro de mobilização e costura política. Entre os presentes estavam os vereadores de Curitiba Laís Leão e Marcos Vieira; a vereadora de Maringá, professora Ana Lúcia; os ex-deputados federais Nelton Friedrich e Assis do Couto; e o ex-prefeito de Londrina Barbosa Neto. O clima era de rearticulação: mais do que um lançamento, o evento foi uma convocação à militância.

O PDT aposta na combinação entre tradição e renovação. Requião Filho, filiado ao partido há menos de dois meses, foi nomeado presidente estadual em um gesto que traduz confiança interna e uma aposta política: resgatar o espaço do partido na sucessão estadual, desafio que não se coloca desde os tempos anteriores às gestões de Jaime Lerner.

Os desafios que vêm pela frente

Carregar um sobrenome consagrado na política paranaense é também assumir um fardo. Requião Filho tem sido enfático: sua proposta busca conciliar demandas da indústria com a defesa dos direitos dos trabalhadores. “Vamos trabalhar um plano de propostas que atenda à indústria sem esquecer os direitos dos trabalhadores”, afirmou, deixando claro o tom social do projeto.

Quase três décadas se passaram desde que o PDT ocupou o governo do Paraná. Agora, a aposta é que a combinação entre um projeto enraizado nas bases sociais e uma estratégia moderna de aliança política consiga abrir caminho até 2026. Mas, como lembraram os próprios oradores no evento, o resultado dependerá de articulação, construção de propostas e, sobretudo, de trabalho coletivo.

O ato em Curitiba foi, portanto, mais que um anúncio: foi um chamado — à militância, às bases populares e a todos os que acreditam que o Paraná pode ser governado com política pública orientada pela educação, soberania e justiça social.

Fontes: discursos e material do encontro estadual do PDT (trechos fornecidos ao Sulpost), declarações públicas proferidas por Requião Filho, Roberto Requião, Carlos Lupi e Goura no ato; lista de presentes divulgada pela coordenação do evento. Trechos e informações adicionais foram fornecidos pelo editor.

Créditos: Texto: Ronald Stresser — Sulpost. Edição e publicação: equipe Sulpost.

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Zeca Dirceu diz que Nikolas Ferreira tem que ser punido

Zeca Dirceu vai à ofensiva: “Não iremos poupá-lo” — o pedido de investigação contra Nikolas Ferreira e o rastro das fake news que enfraqueceram a fiscalização do Pix

Por Ronald Stresser — Sulpost

 
Foto: PT na Câmara 

No interior abafado da Câmara, longe do ruído da internet, a política tomou ontem a forma seca de uma promessa: o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) anunciou que levará adiante uma ofensiva institucional contra o colega Nikolas Ferreira (PL-MG). Segundo Dirceu, a responsabilização deverá correr por diferentes trilhas — Conselho de Ética, CPI, corregedoria e até denúncia ao procurador-geral da República — por um efeito que ele descreve como “catastrófico” para a segurança financeira do país.

A história é, em sua superfície, uma discussão técnica sobre uma instrução normativa da Receita Federal. Mas, ao descer pelas camadas, vira algo mais duro: uma narrativa que mistura desinformação viral, decisões públicas recuadas e, agora, operações policiais que expõem como grupos criminosos exploraram lacunas no sistema financeiro. Em janeiro, uma norma destinada a ampliar o envio de informações sobre movimentações acima de certos limites — medida apresentada pela Receita para dar mais transparência e combater lavagem de dinheiro — foi alvo de uma avalanche de mensagens falsas nas redes sociais, que a apresentaram como uma “taxação do Pix”. A repercussão forçou o governo a recuar, e, segundo a própria Receita, esse recuo fragilizou uma pista de investigação importante.

Robinson Barreirinhas, secretário especial da Receita Federal, foi explícito ao dizer que “as fake news sobre a taxação do Pix prejudicaram a fiscalização” — e que, como consequência, houve um vácuo regulatório que facilitou a utilização de fintechs como canais para ocultar recursos. A fala de Barreirinhas ganhou novo peso após operações da Polícia Federal que apontaram movimentações bilionárias em esquemas ligados ao setor de combustíveis e que teriam se apoiado em mecanismos financeiros menos regulados. É esse ponto — a alegada correspondência entre a queda da norma e a facilidade para a lavagem de dinheiro — que transformou um debate técnico num ataque político de alta intensidade.

Dirceu não fala apenas em retórica política: a ameaça de medidas institucionais tem tom procedural. “Nós não iremos poupá-lo”, disse, listando os instrumentos que o Parlamento dispõe para investigar e punir colegas que, no seu entendimento, tenham disseminado desinformação com efeitos públicos danosos. No cerne da acusação está um vídeo de Nikolas que ganhou enorme tração nas redes no início do ano e que, segundo críticos e autoridades, contribuiu para a onda de desinformação que derrubou a norma. Nas redes, o tema virou tendência e reacendeu uma velha discussão sobre o poder (e o perigo) do alcance digital quando somado à opacidade algorítmica.

Do outro lado, apoiadores de Nikolas apontam para liberdade de expressão e para o papel do parlamentar em questionar medidas estatais. A disputa, porém, já saiu das trincheiras ideológicas: promotores, Receita e Polícia Federal passaram a cruzar dados e operações — e as perguntas que esses cruzamentos suscitam têm repercussões que ultrapassam o microcosmo da Câmara. Quem ganhou com a onda de desinformação? Segundo a análise apresentada pelas autoridades, quem mais se beneficiou foi o crime organizado que soube explorar brechas na fiscalização de transações por fintechs.

Há, ainda, uma dimensão humana nesta história: empresários de postos de combustíveis, profissionais do mercado financeiro e cidadãos comuns que tiveram movimentações rotineiras embaralhadas em investigações e manchetes. Para além das acusações mútuas e das estratégias políticas, permanecem os prejuízos sociais quando instrumentos públicos para transparência e controle são desativados por pânico e desinformação. Especialistas apontam que regulamentar com clareza fintechs e obrigar padrões de transparência é uma peça essencial para recuperar essa confiança perdida.

Como se dá, na prática, o processo que Dirceu anuncia? A lista é conhecida: pedidos formais ao Conselho de Ética da Câmara, requerimentos para comissões parlamentares de inquérito, abertura de apuração interna na corregedoria da Câmara e encaminhamentos ao Ministério Público ou à Procuradoria-Geral da República para apurar eventuais crimes (como difusão de notícias falsas com consequências públicas). Cada uma dessas frentes tem prazos, ritos e possibilidades — e todas, por ora, servem como sinal de que a disputa extrapola o Twitter e entra no terreno das instituições.

O que está em jogo vai além da disputa entre dois deputados. É uma batalha sobre a arquitetura da verdade pública no Brasil contemporâneo: quem define a informação que molda decisões de Estado? Como equilibrar o direito de criticar medidas públicas com a responsabilidade de evitar danos coletivos? E, finalmente, como as instituições respondem quando a desinformação já produziu consequências práticas — inclusive ajudando, segundo autoridades, a blindar canais financeiros que passaram a ser usados por organizações criminosas? As respostas começam agora, em comissões, notas oficiais e, possivelmente, em investigações formais.

Enquanto as máquinas de likes e compartilhamentos giraram e deixaram um rastro, parlamentares prometem transformar rastros em processos. A política, mais uma vez, prova que não é apenas disputa de narrativas: é instrumento que define como o Estado protege — ou deixa expostas — as instituições que cuidam do nosso dinheiro, da nossa segurança e da nossa vida cotidiana. O Brasil assiste, e pergunta: quem responderá por essa zona cinzenta entre opinião, manipulação e crime?

Inflação em queda no Brasil

Mercado financeiro reduz previsão da inflação para 4,85% e registra leve alta na expectativa do PIB

Na prática, a queda — ainda que pequena — nas previsões do mercado não evita que famílias e pequenos negócios sintam o aperto dos preços e dos juros

Por Ronald Stresser  — Sulpost
 

O Boletim Focus do Banco Central trouxe nesta segunda-feira a décima quarta revisão seguida para baixo da expectativa de inflação: a estimativa do IPCA para 2025 passou de 4,86% para 4,85%.

O número e o que ele significa

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) é a referência oficial para medir a inflação. Apesar da sucessão de quedas nas estimativas, a projeção segue acima do teto da meta perseguida pelo Conselho Monetário Nacional (meta central de 3% com intervalo de tolerância entre 1,5% e 4,5%). Em termos práticos, isso significa que a inflação projetada permanece fora do alvo — com impacto direto sobre o custo de vida.

  • Previsão do IPCA para 2025: 4,85% (revisão semanal do Boletim Focus).
  • Projeção para 2026: 4,31%; 2027: 3,94%; 2028: 3,8%.
  • IPCA acumulado em 12 meses (até julho): 5,23%, acima do teto da meta de 4,5%.

Juros: a ferramenta que tira e devolve fôlego

Para segurar a inflação, o Banco Central usa a taxa básica de juros — a Selic. Depois de sete altas seguidas, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu interromper o ciclo de aumentos em julho, com a Selic em 15% ao ano. O comitê, porém, não descartou a possibilidade de novos aumentos caso choques externos elevem a inflação.

Expectativas do mercado:

  1. Fim de 2025: 15% a.a.
  2. Fim de 2026: 12,5% a.a.
  3. 2027: 10,5% a.a. — 2028: 10% a.a.

“Juros altos encarecem o crédito e pesam no orçamento das famílias, mas são o principal instrumento para controlar a inflação”, diz um economista ouvido pelo Sulpost.

PIB: crescimento tímido e sinais de resistência

A previsão do mercado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 subiu levemente: passou de 2,18% para 2,19%. Para 2026, a estimativa é de 1,87%; 2027: 1,89%; 2028: 2%.

No primeiro trimestre de 2025, a agropecuária foi o setor que mais contribuiu para o avanço de 1,4% na economia. Em 2024, o PIB cresceu 3,4%, consolidando quatro anos consecutivos de expansão.

Câmbio e preços

O Boletim Focus também traz projeção para o dólar: R$ 5,56 ao fim de 2025 e R$ 5,62 ao fim de 2026. Oscilações cambiais têm efeito nos custos de insumos e no preço final de muitos bens, o que ajuda a explicar parte da pressão inflacionária sobre itens essenciais.

Entre números e vidas

Os dados do mercado, por mais técnicos que pareçam, se traduzem em escolhas humanas: que contas cortar, que investimento adiar, que alimento substituir. É na ponta do carrinho do supermercado e na reunião do caixa do pequeno comércio que essas decisões ganham rosto.

Enquanto o mercado afina as projeções centesimais da inflação, a pergunta que fica é quando essa melhora passará a ser percebida pelas famílias. Até lá, a narrativa econômica seguirá sendo, como sempre, uma combinação de gráficos e histórias pessoais.

domingo, 31 de agosto de 2025

Porto de Paranaguá é alvo de operação contra o PCC

Terminal portuário privatizado é um dos alvos de operação contra o PCC em Paranaguá

Por Ronald Stresser — Sulpost

 
O terminal PAR50, alvo das investigações, foi arrematado em 2023 e despertou promessas milionárias de investimento — Arquivo/Portos do Paraná

Quando o vento do mar sopra sobre Paranaguá, ele carrega também a memória de um porto que sempre foi porta de entrada e saída do país — de alimentos, bens, empregos e, agora, de suspeitas que apertam o pescoço da cidade. O centro das atenções é o terminal PAR50, concedido à iniciativa privada em 2023, que reaparece neste ano no epicentro de uma investigação que junta Receita Federal, Polícia Federal e o Ministério Público: a chamada Operação Carbono Oculto.

Como um terminal virou linha de investigação

A operação, montada para desatar uma teia de fraudes no setor de combustíveis, descobriu — segundo as autoridades — rotas por onde o metanol, produto proibido em grandes proporções na gasolina, entrava no país e migrava para postos com destino final fraudulento. Parte desse fluxo teria passado pelo Porto de Paranaguá, com o PAR50 identificado como um dos pontos por onde o produto teria ingressado com documentação que ocultava sua real destinação.

O leilão, os proprietários e as promessas

O PAR50 foi arrematado em um leilão em 2023 por R$ 1 milhão, pela FTS Group — um lance que trouxe a área de volta ao circuito de investimentos com a promessa de centenas de milhões em obras e expansão. Desde então, nomes e estruturas empresariais passaram pela administração do terminal; hoje, a Liquipar (e fundos relacionados) figura entre as controladoras que prometeram transformar o local em polo de movimentação de líquidos. 3

O impacto que não cabe nos papéis

Para quem vive da pesca, do porto, das docas ou das lojas próximas, a notícia das investigações é mais que manchete: é incerteza sobre empregos, é medo de ver promessas de modernização virarem sinônimo de escândalo. As autoridades afirmam que, nas apurações, foram encontradas evidências de complexa engenharia financeira — estruturas de fundos, empresas de fachada e movimentações que teriam lavado recursos e alimentado uma cadeia que, conforme a investigação, chegou a postos e distribuidoras. Auditores da Receita identificaram irregularidades em centenas de estabelecimentos, apontando um padrão que não cabe apenas em relatórios.

O que dizem as empresas e o que as autoridades investigam

Em notas públicas, a Liquipar e empresas ligadas ao arrendamento têm reafirmado que o terminal passou por processos de regularização, que sua operação técnica tem regras e que investimentos foram anunciados para aumentar a capacidade. Ao mesmo tempo, a Receita e a PF trabalham para mapear se haveria utilização do terminal e de documentos de importação para dar cobertura a cargas cuja destinação final não correspondia à declaração fiscal. Essas são as linhas que os investigadores tentam costurar: da carta de intenções aos caminhões que seguiram para postos distantes.

Por que Paranaguá importa para essa história

Paranaguá não é apenas um espaço logístico: é uma cidade onde decisões tomadas em salas de leilão se traduzem, meses depois, em empregos, ruídos de máquina e filas na praça. A possível infiltração de organizações criminosas no setor de combustíveis, conforme apontado nas operações desta semana, revela uma face que corrói a economia formal e fragiliza o trabalho honesto de milhares. O Porto, por seu papel estratégico, torna-se um ponto sensível: tudo o que passa por ali reverbera pela cadeia produtiva nacional.

O que a investigação pode mudar

Se as acusações se confirmarem, o resultado vai além de bloqueios de bens ou processos: haverá políticas de controle mais rígidas, novas exigências de rastreabilidade e talvez uma revisão das concessões, contratos e da fiscalização nos portos. E, sobretudo, restará à população local a tarefa de transformar decepção em cobrança — por transparência, por respostas, por justiça.

sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Lula diz que Brasil não tem pressa em retalhar EUA

Lula, de boné e sem pressa: “O Brasil é dos brasileiros” na resposta ao tarifaço de Trump

Por Ronald Stresser — Sulpost 

 

© Ricardo Stuckert / PR


Na manhã desta sexta-feira, 29 de agosto de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva posou para fotos com um adereço carregado de simbolismo: um boné estampado com a frase “O Brasil é dos brasileiros”. Uma clara resposta aos estadunidenses e seus associados, que usam o boné vermelho, com as iniciais “MAGA”. Era mais do que um detalhe estético — era uma mensagem política. Entre sorrisos e firmeza, Lula falou sobre soberania, comércio exterior e combate ao crime organizado, traçando um retrato de um país que não aceita ser submisso, mas que também não abre mão do diálogo.

A reciprocidade com os Estados Unidos

O pano de fundo é a escalada tarifária promovida pela administração norte-americana. Desde abril, produtos brasileiros foram alvo de sobretaxas; em 6 de agosto entrou em vigor uma sobretaxa adicional que, na prática, eleva a alíquota sobre parte das exportações brasileiras para até 50%. Frente a isso, o governo brasileiro aprovou e sancionou a Lei da Reciprocidade, que autoriza respostas a medidas unilaterais de parceiros comerciais. A Câmara de Comércio Exterior (Camex) já iniciou o processo, que prevê, entre etapas formais, a notificação dos Estados Unidos.

Eu não tenho pressa de fazer qualquer coisa com a reciprocidade contra os Estados Unidos. Tomei a medida porque eu tenho que andar o processo”, disse Lula em entrevista à Rádio Itatiaia, em Belo Horizonte. Para o presidente, o objetivo é combinar firmeza com abertura ao diálogo: “Se o Trump quiser negociar, o Lulinha paz e amor está de volta”.

Lula explicou que, seguindo estritamente os trâmites da Organização Mundial do Comércio (OMC) e a legislação internacional, o caminho pode se alongar por meses. Por isso, argumentou, é preciso começar agora — notificar, registrar ações e, ao mesmo tempo, tentar acelerar negociações bilaterais que limitem os danos aos produtores e exportadores brasileiros. Especialistas dizem que sobretaxar os produtos americanos poderia gerar inflação.

Paciência estratégica e soberania

O presidente reiterou que o governo busca negociar, mas também deixou claro que não aceitará imposições que coloquem em risco a competitividade e a soberania do país. “Se as autoridades norte-americanas quiserem negociar sério com o Brasil, nós estaremos dispostos a negociar 24 horas por dia”, afirmou.

Lula mencionou a missão liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, com participação dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e das Relações Exteriores, Mauro Vieira, como a linha diplomática para buscar interlocução em Washington — uma interlocução que, até o momento, tem esbarrado em falta de abertura por parte de autoridades americanas, segundo o presidente.

O outro front: o crime organizado

A conversa com a imprensa também tocou em outro tema sensível: as operações que investigam o uso da cadeia de combustíveis para lavagem de dinheiro de facções criminosas. Lula classificou a ação como “a operação mais importante da história” por mirar o chamado “andar de cima” — empresas, fundos e estruturas financeiras que, segundo as investigações, teriam sido usadas para ocultar recursos.

O crime organizado hoje é uma multinacional. Está na política, no futebol, na Justiça, em tudo quanto é lugar”, disse o presidente, apontando para a sofisticação das alianças ilícitas e para a necessidade de investigação que alcance os elos mais altos da cadeia. A Justiça Federal autorizou o sequestro de recursos e bloqueio de bens — somando, até o momento, um montante próximo a R$ 1,2 bilhão, valor correspondente às autuações fiscais realizadas.

Entre a negociação e a firmeza

Num mesmo gesto — boné na cabeça, fala afável e tom firme — Lula tentou sintetizar a estratégia do governo: começar os trâmites legais para se defender internacionalmente, ao mesmo tempo oferecendo a mão estendida para negociações com quem demonstrar disposição real para tratar o Brasil como parceiro e não como plateia.

Em um país que depende do comércio exterior para parcelas importantes de sua economia e enfrenta desafios institucionais internos, o recado ecoa em dois sentidos: é preciso resguardar os interesses nacionais sem abandonar a via diplomática; e, internamente, é urgente fortalecer os mecanismos que impedem o avanço do crime organizado sobre a economia.


Com informações da Agência Brasil - Edição: Ronald Stresser para o Sulpost.

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quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Famílias de 63 vítimas da ditadura recebem atestado de óbito

Famílias de 63 vítimas da ditadura recebem atestado de óbito retificado: “um processo de cura social”

Por Ronald Stresser – Sulpost

 
Famílias de 63 vítimas da ditadura recebem atestado de óbito corrigido - William Dias/ALMG

O Brasil amanheceu diferente. Na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, filhos, mães, companheiras e irmãos ouviram, finalmente, do próprio Estado aquilo que a memória já gritava há décadas. Em mãos, as certidões reescritas: a verdade que faltava ao luto, a palavra certa para a ferida aberta.

“Morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática à população, identificada como dissidente política por regime ditatorial instaurado em 1964”.

As declarações de óbito retificadas foram entregues nesta quinta-feira (28) a familiares de 63 pessoas assassinadas pela ditadura militar (1964–1985), antes registradas como desaparecidas. São mineiros nascidos, mortos ou desaparecidos no Estado; são brasileiros cuja história foi encoberta por laudos falsos, arquivos truncados e décadas de silêncio forçado.

Confira aqui os nomes das vítimas com atestado retificado.

Um ato de memória e justiça

Para a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, a solenidade foi carregada de simbolismos: “Esse ato nos diz que houve um dia em que, no nosso país, defender direitos, a liberdade, a dignidade e a cidadania era se opor aos interesses daqueles que dominavam o Estado brasileiro”.

Ela lembrou que a repressão militar dizimou vidas em todas as frentes: operários, trabalhadores, intelectuais, estudantes, ativistas sociais, artistas, jornalistas, ambientalistas, humanistas — gente que ousou exercer o papel crítico na vida comunitária, acadêmica e trabalhista. “O Brasil tem profundas sequelas de períodos históricos nefandos, que vêm desde a escravização até a ditadura militar. E ainda seguem hoje em muitas periferias, favelas e no campo brasileiro.”

Segundo a ministra, a retificação é parte de um processo de cura social: “Estamos vigilantes e certos de que a defesa da democracia é o único caminho possível para a proteção e defesa da dignidade humana, do livre pensamento, da pluralidade e da diversidade de ideias”.

Causas falsas, verdades negadas

A presidente da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, Eugênia Gonzaga, recordou que muitas famílias receberam certidões com causas forjadas — suicídio, acidente automobilístico — ou simplesmente nunca receberam qualquer documento. Em 1995, uma década após o fim formal do regime, houve um primeiro reconhecimento oficial de mortes sob pressão policial, “um avanço”, afirma, “melhor do que nada para quem não tinha nenhum reconhecimento”.

Houve mudança legal em 2017, mas os trabalhos da Comissão foram interrompidos em 2019 e reativados em 30 de agosto do ano passado. “Um ano depois, essa comissão, fruto da luta de familiares, entrega cada documento junto com o nosso mais sincero pedido de desculpas”, disse.

A dor que não envelhece

Presente também, a ministra Maria Elizabeth Rocha, do Superior Tribunal Militar, falou como parente: é cunhada do desaparecido político Paulo Costa Ribeiro Bastos, capturado em 1972. “O sofrimento de perder alguém, de desconhecer o seu paradeiro, de saber que foi flagelado e assassinado pelo regime, é uma agonia indescritível”.

No encerramento, familiares pontuaram que o reconhecimento chegou tarde para muitos: avós, pais e companheiros já não estão vivos para testemunhar a correção histórica. Mas os descendentes mais jovens assumem a tarefa de amplificar a memória nas redes, para que o país saiba — e não esqueça.

“A luta não acabou”

A militante Diva Santana, irmã de Dinaelza, assassinada pela repressão nos anos 1970, deixou um chamado: “Essa juventude que está aí tem que reagir e lutar. Lutar em defesa da soberania do nosso país. Motivos pelos quais os nossos parentes deram suas vidas”.

As novas certidões não devolvem vidas, mas devolvem o nome exato do crime. Em cada linha retificada, o Estado reconhece o que negou por décadas: que perseguiu, torturou e matou brasileiros por sonharem com democracia e liberdade de expressão. Que esse reconhecimento seja compromisso — e nunca epílogo.

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

SUS recebe reforço de 1,5 mil médicos

Mais Médicos: reforço de quase 1,5 mil profissionais começa nesta quarta-feira (27)

Por Ronald Stresser - Sulpost

Mais Médicos - Fernando Frazão/Agência Brasil 

Nesta quarta-feira (27), o Sistema Único de Saúde (SUS) ganha um reforço fundamental. Quase 1,5 mil médicos selecionados pelo programa Mais Médicos iniciam sua atuação em 987 cidades brasileiras e 23 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). O movimento representa mais do que números: é a chegada de novas mãos, olhares e corações dedicados à saúde da família e à atenção primária, em comunidades que muitas vezes sofrem com a ausência de assistência médica.

Ao todo, 1.446 médicos vão integrar equipes de Saúde da Família e outros 53 atenderão em áreas indígenas. A distribuição reflete as desigualdades do território brasileiro: 443 profissionais se dirigem ao Nordeste; 235 ao Norte; 100 ao Centro-Oeste; 461 ao Sudeste; e 259 ao Sul. Cada chegada carrega expectativas, sobretudo em municípios pequenos e em regiões onde a distância da capital também significa distância de direitos.

Atualmente, cerca de 26,4 mil profissionais já atuam em mais de 4,5 mil municípios pelo programa. A meta do governo é ousada: alcançar 28 mil médicos até 2027. Para quem vive em comunidades distantes, esse número não é apenas estatística — é a diferença entre conseguir atendimento ou percorrer horas de estrada em busca de um posto de saúde.

Intercambistas: a força da diversidade

Dos recém-selecionados, a maioria, 1.139 médicos, possui registro em Conselhos Regionais de Medicina (CRM) e deve começar a jornada de trabalho entre esta quarta-feira (27) e 5 de setembro. Já outros 359 profissionais compõem o grupo de intercambistas, formado por brasileiros graduados no exterior e estrangeiros licenciados para atuar em outros países. Esses profissionais participarão, a partir de novembro, do Módulo de Acolhimento e Avaliação (MAAv).

O treinamento do MAAv é decisivo: prepara os médicos para enfrentar situações de urgência e emergência, além de capacitá-los no enfrentamento de doenças prevalentes nas regiões onde irão atuar. É um mergulho profundo no cotidiano do SUS, que exige não apenas técnica, mas também sensibilidade para lidar com realidades culturais e sociais diversas.

Saúde como esperança

Em comunidades indígenas, ribeirinhas e periféricas, a chegada de um médico muitas vezes representa mais do que atendimento: simboliza dignidade, reconhecimento e esperança. O programa Mais Médicos tem sido uma ponte entre o direito à saúde e a vida concreta de milhões de brasileiros.

Enquanto os novos profissionais iniciam suas jornadas, o Brasil reafirma a importância do SUS como uma das maiores conquistas sociais do país. Afinal, quando um médico chega a uma cidade distante, não é apenas um jaleco que desembarca — é a presença do Estado onde ele é mais necessário.

Luta Sindical: Por que querem calar o Nelsão?

Nelsão da Força: quando tentam calar a voz firme da democracia na porta da fábrica, querem calar a voz dos trabalhadores e a tradição de inúmeras vitórias da luta de classe no Paraná

Por Ronald Stresser – Sulpost


Divulgação 
 

O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), Nelson Silva de Souza, o Nelsão da Força Sindical, vive um momento delicado dentro da própria entidade. Apontado por alguns como “infiel” à diretoria, o dirigente afirma estar sendo vítima de perseguição por se manter fiel não a acordos de bastidores, mas ao que considera o verdadeiro pilar do sindicalismo: a soberania da decisão dos trabalhadores nas assembleias.

“Estão dizendo que eu não sou fiel, mas eu só questiono o que sempre foi a base do sindicato: quem chama assembleia é o sindicato, quem coleta o voto é o sindicato. Não pode ser a chefia, não pode ser a empresa. O sindicato tem 105 anos porque sempre teve credibilidade com o trabalhador, e é isso que eu defendo”, afirma Nelsão.

A fala do sindicalista ecoa em um momento em que os metalúrgicos da Dex, na Cidade Industrial de Curitiba, conquistaram um acordo coletivo histórico, com aumento salarial acima da inflação, vale-alimentação reajustado e a redução da jornada semanal de 44 para 42 horas sem perda de salário. O ACT-25/26 foi aprovado em votação realizada no chão de fábrica, sob coordenação do SMC.

Para Nelsão, essa vitória só foi possível porque a democracia foi exercida de forma plena, com a categoria votando livremente na porta da fábrica. “Se deixamos a empresa conduzir a votação, amanhã pode ser a Bosch, a Renault, a Volvo, CNH, WHB, AAM ou qualquer uma outra, e aí quem garante que o trabalhador terá vez e voz? Se aceitarmos isso, abrimos mão da democracia operária, da história e da luta de gerações”, alertou.

Essa mesma batalha pela soberania das assembleias também esteve presente recentemente na Volkswagen de São José dos Pinhais, onde Nelsão recebeu um grande número de denúncias de trabalhadores relatando tentativas da empresa de conduzir uma votação à revelia do sindicato. A prática, que ele denuncia como um ataque direto à democracia operária, fere a autonomia do sindicato e ameaça transformar um direito histórico em mera formalidade ditada pelas chefias. “O voto do trabalhador deve ser colhido e garantido pelo sindicato, nunca pela empresa. Quando a chefia se coloca nesse papel, ela cala a categoria e rouba sua voz”, frisou o dirigente.

A posição firme do dirigente confronta práticas que, segundo ele, enfraquecem a representatividade sindical e abrem espaço para que interesses empresariais se sobreponham à voz coletiva da classe trabalhadora. Nelsão lembra que conquistas como férias, 13º salário e licença-maternidade só foram possíveis graças à organização soberana dos sindicatos — nunca por benevolência patronal.

O caso expõe uma contradição que atravessa o movimento sindical brasileiro: de um lado, dirigentes dispostos a manter o sindicato como instrumento democrático; de outro, a tentativa de transformar a representação em mera chancela de acordos já definidos em gabinetes. Nelsão faz questão de marcar posição: “A assembleia é do trabalhador, não da empresa. Não aceito que chefe pegue lista de votação ou que patrão conduza assembleia. Isso não é democracia, isso é retrocesso.”

Defender Nelsão, neste momento, é defender o sindicalismo soberano, democrático e enraizado no chão de fábrica. É reafirmar que as decisões que impactam a vida dos metalúrgicos e metalúrgicas da Grande Curitiba devem nascer do coletivo e não da imposição silenciosa de chefias ou empresas.

O episódio deixa claro: a luta sindical não é confortável, mas é necessária. E figuras como Nelsão da Força, que não se dobram diante de pressões, cumprem um papel fundamental para que os trabalhadores mantenham sua voz, sua dignidade e sua história.

Veja o vídeo divulgado pelo Nelsão nesta terça-feira (26).

Redação: Sulpost • Contato: stresser.pt@gmail.com • WhatsApp: (41)99281-4340

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terça-feira, 26 de agosto de 2025

Luta sindical: trabalhadores da DEX conquistam acordo histórico

Metalúrgicos da Dex conquistam acordo histórico com redução de jornada semanal

Por Ronald Stresser - Sulpost 

Foto: SMC/Divulgação 

Na manhã desta terça-feira (26/08), os metalúrgicos da Dex, localizada na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), escreveram mais um capítulo de vitória na luta pelos direitos trabalhistas. Em uma votação secreta realizada durante assembleia no chão de fábrica, os trabalhadores aprovaram o novo Acordo Coletivo de Trabalho (ACT-25/26), fruto de negociações intensas entre diretores sindicais e a empresa.

Para os 40 profissionais que atuam na manutenção de caminhões e ônibus Volvo, fornecendo peças renovadas, o acordo representa mais do que números: é reconhecimento, valorização e qualidade de vida. Entre os pontos mais celebrados está a redução da jornada semanal de 44 para 42 horas, sem qualquer corte de salário, a partir de janeiro de 2026.

O que muda na prática

O acordo contempla duas etapas, para os anos de 2025 e 2026:

2025

  • Aumento salarial: 100% do INPC + 0,5% de aumento real (INPC acumulado de set/24 a ago/25)
  • Vale alimentação: de R$ 980,00 para R$ 1.080,00
  • Jornada semanal: redução de 44h para 42h sem redução de salário, a partir de jan/26

2026

  • Aumento salarial: 100% do INPC + 0,5% de aumento real (INPC acumulado de set/25 a ago/26)
  • Vale alimentação: de R$ 1.080,00 para R$ 1.180,00
  • Jornada semanal: manutenção das 42h semanais sem redução de salário

O papel de Nelsão

Para Nelson Silva de Souza, conhecido entre os trabalhadores como Nelsão, a conquista vai além dos números. “Este acordo é fruto da união e da mobilização de cada trabalhador e da coragem do sindicato em enfrentar momentos difíceis. Reduzir a jornada sem mexer no salário significa mais tempo com a família, mais saúde e mais dignidade”, afirmou emocionado.

Para Nelsão, cada assembleia, cada reunião com a empresa e cada negociação no sindicato representa um compromisso com a valorização do trabalho e com a história de cada metalúrgico que, dia após dia, mantém a indústria viva.

Mobilização segue

Mesmo com a vitória na Dex, o SMC continua mobilizando trabalhadores em toda a região para a Campanha Salarial, reforçando a importância da união e da participação de todos na construção de acordos justos.

Leilão de parcelas do pré-sal é marcado para dezembro

Brasil abre novas fronteiras no pré-sal: leilão das parcelas da União em Mero, Tupi e Atapu

Em 4 de dezembro de 2025, a PPSA levará à B3 fatias da União em campos que já são referência mundial — uma janela rara de investimento, tecnologia e parcerias público-privadas.

Na manhã em que o pré-edital saiu, a notícia soou tanto como um anúncio técnico quanto como um marco simbólico. A Pré-Sal Petróleo (PPSA) marcou para o dia 4 de dezembro de 2025 o leilão, na Bolsa de Valores B3, das áreas não contratadas das jazidas de Mero, Tupi e Atapu — e ofertará ao mercado a totalidade da participação da União nessas áreas.

Percentuais pequenos, valor estratégico enorme

Os números anunciados soam modestos no papel — 3,500% em Mero, 0,551% em Tupi e 0,950% em Atapu —, mas essa é a métrica que traduz uma oportunidade: ativos em operação, com poços de alta produtividade e reservas expressivas, no coração de uma das províncias petrolíferas mais produtivas do mundo.

“Estamos oferecendo ao mercado ativos de classe mundial, localizados no coração do pré-sal brasileiro. Trata-se de uma oportunidade rara”, afirmou o diretor-presidente da PPSA, Luis Fernando Paroli, ao publicar o pré-edital. A mensagem é clara: é uma chamada a investidores institucionais e fundos que buscam exposição a ativos em operação com potencial de crescimento.

Quem opera, quem participa

Os campos de Tupi, Mero e Atapu figuram entre os seis maiores produtores do país, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP). A operação hoje está a cargo da Petrobras, em consórcio com parceiros internacionais de peso — Shell, Total, CNODC, CNOOC e Galp — o que sinaliza apetite privado e governança técnica sobre ativos estratégicos.

A PPSA, como representante da União nessas parcelas não contratadas, é quem gerencia a venda da produção correspondente, e foi a responsável por registrar e publicar o pré-edital que traça o caminho até a sessão de ofertas na B3.

Uma janela para parcerias público-privadas

Mais do que vender percentuais, o leilão é a abertura de uma janela para parcerias público-privadas que podem financiar tecnologia, reduzir riscos e acelerar investimentos de longo prazo. Em um mercado onde a escala e a especialização contam, atrair capital com garantias técnicas e jurídicas pode significar modernização de operações e incrementos de receita que revertem em políticas públicas.

Enquanto operadores do setor comemoram a previsibilidade do processo, analistas veem no movimento a chance de transformar riqueza subterrânea em fluxo de caixa e investimentos tangíveis que, bem geridos, ampliam o potencial de desenvolvimento regional e nacional. Essa é a aposta central do anúncio da PPSA.

Produção e responsabilidade ambiental

O debate sobre petróleo no século XXI não pode prescindir da dimensão ambiental. No pré-sal, tecnologias de captura e reinjeção de CO₂ já são utilizadas — a plataforma P-74, na Bacia de Santos, é um exemplo de iniciativa que alia produção a técnicas de mitigação de emissões. Projetos de captura, uso e armazenamento de carbono (CCUS) no pré-sal têm apresentado números relevantes, reforçando a narrativa de que é possível combinar exploração com medidas de redução de impacto.

Do ceticismo ao fato: a história que o país está escrevendo

Há quem resista a essa visão pragmática e se agarre a narrativas conspiratórias — versões simplificadas do mundo que não dialogam com balanços, contratos e dados técnicos. Mas, enquanto parte do debate público se perde em fantasias, a realidade na Bacia de Santos segue: plataformas em operação, contratos internacionais, investimentos e estudos que apontam valorização da parcela da União ao longo dos próximos anos. Em outras palavras: o trabalho cotidiano dos técnicos e gestores produz efeitos concretos.

Converter esse potencial em benefícios sociais exige, claro, escolhas de política pública: transparência nos processos, fiscalização rigorosa e mecanismos que canalizem parte da renda para investimentos locais em saúde, educação e infraestrutura. O leilão abre a porta — cabe à sociedade e aos governantes decidir como atravessá-la para que a riqueza do subsolo reverta em bem-estar acima da terra.

O que vem agora

Calendário em mãos: com o pré-edital publicado em 25 de agosto de 2025, o mercado tem meses para avaliar os ativos, estruturar propostas e acertar parcerias até a sessão de leilão em 4 de dezembro de 2025, na B3. Investidores, estatais e fundos estarão na linha de frente de uma disputa que promete ser técnica, estratégica e de alto valor econômico.

Se este leilão vai ou não cumprir a promessa de ser uma alavanca de desenvolvimento depende de escolhas: das empresas que entrarem na disputa, das condições negociadas e, sobretudo, da capacidade do Estado de traduzir receita em política pública eficaz. O momento exige visão longa — e responsabilidade compartilhada.

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