Paranaguá, onde o Brasil alimenta o mundo: porto se consolida como maior exportador de carnes do país e impulsiona o agronegócio brasileiro
De janeiro a maio mais de 1,2 milhão de toneladas de carne embarcaram em Paranaguá - Divulgação/TCP |
No compasso das marés e ao som constante das máquinas e gruas da estiva e apitos de navios, Paranaguá segue escrevendo uma história de protagonismo no mapa logístico brasileiro. A cidade portuária, guardiã do maior terminal exportador de aves congeladas do planeta, não é apenas um ponto no litoral do Paraná — é a principal porta de saída das carnes brasileiras para o mundo.
Entre janeiro e maio de 2025, mais de 1,2 milhão de toneladas de proteínas animais cruzaram o Atlântico, saindo de Paranaguá rumo a mercados exigentes como China, Japão, Emirados Árabes e Arábia Saudita. O volume, 9,9% superior ao mesmo período do ano passado, reflete mais que um crescimento estatístico: revela um sistema em pleno funcionamento, onde produção, logística e gestão se alinham para alimentar o planeta.
A força que vem do campo
Para entender a potência desse corredor logístico, é preciso voltar os olhos ao interior do Paraná, onde o cheiro da ração, o som dos aviários e o ritmo das granjas desenham a rotina de milhares de trabalhadores. O Estado lidera a produção nacional de carne de frango, responsável por 34,6% do que o Brasil abateu no primeiro trimestre de 2025. A suinocultura também é forte: segunda maior do país, com 21,9% do total nacional. Na pecuária bovina, mesmo com participação menor, o Estado cresce: foram 354 mil cabeças abatidas até março, um salto de 3,6%.
Toda essa riqueza precisa de escoamento — e é aí que Paranaguá se impõe.
“Paranaguá é mais que um porto. É um elo entre o campo e o mundo”, define Luiz Fernando Garcia, diretor-presidente da Portos do Paraná. “Quando um contêiner cheio de carne embarca aqui, ele leva com ele o esforço de milhares de brasileiros, da produção à logística.”
A engenharia da eficiência
Os números são impressionantes: 44,1% de toda a carne de frango exportada pelo Brasil passou por Paranaguá nos cinco primeiros meses do ano. Isso representa mais que o dobro do volume movimentado pelo Porto de Santos, que responde por 20,9%.
Essa liderança não é obra do acaso. A ampliação da profundidade do canal de acesso ao porto, que agora permite navios maiores com mais carga, é um dos fatores-chave. Segundo Garcia, essa medida diminuiu os custos operacionais e atraiu ainda mais exportadores.
“Temos hoje um corredor de carnes consolidado, graças a investimentos estratégicos e à dedicação de uma comunidade portuária comprometida com a excelência”, acrescenta.
Mesmo diante de desafios, como as restrições impostas por alguns países após um caso isolado de gripe aviária no Rio Grande do Sul, o Porto mostrou resiliência. As exportações de frango congelado aumentaram 2,5%, atingindo 923 mil toneladas entre janeiro e maio. Já a carne bovina teve um salto expressivo: crescimento de 50,9%, passando de 183 mil para quase 277 mil toneladas.
Engrenagem humana
Por trás das cifras bilionárias, há uma engrenagem feita de gente. Caminhoneiros que cruzam o Estado com a carga refrigerada, operadores que coordenam o embarque com precisão milimétrica, técnicos que monitoram a temperatura das câmaras, exportadores atentos aos mercados globais. São mais de 557 empresas dedicadas ao abate e processamento de carnes no Paraná, todas contando com a confiabilidade de um porto que se moderniza sem perder sua alma.
“Somos a principal porta de saída para as carnes de frango, bovina e suína do Brasil. Isso comprova a eficiência dos portos do Paraná", afirma Gabriel Vieira, diretor de Operações Portuárias. “Temos estrutura para diversos tipos de carga. O que o Paraná e o Brasil produzirem, temos capacidade de exportar.”
Um futuro que começa no cais
Em tempos em que o mundo exige segurança sanitária, rastreabilidade e velocidade, Paranaguá se apresenta como símbolo da maturidade logística brasileira. Um porto que conecta granjas paranaenses ao arroz com frango servido em Tóquio, ao churrasco de costela nas mesas de Dubai, ao sanduíche de frango empanado nos centros urbanos da China.
É aqui, entre o verde da Serra do Mar e o azul do Oceano Atlântico, que o Brasil encontra sua voz no comércio mundial de proteínas. E enquanto os navios seguem partindo, carregados de alimento e esperança, Paranaguá segue firme, de olhos no mar e pés fincados no trabalho.
- Com informações da Agência Estadual de Notícias do Paraná. Edição: Ronald Stresser
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