Condenação histórica: STF decide, por unanimidade, prisão de Carla Zambelli e hacker Delgatti por invasão ao CNJ
Por Ronald Stresser*A deputada caçada Carla Zambelli - Bruno Spada/Câmara dos Deputados |
Em um julgamento que já entra para os livros da história recente do país, o Supremo Tribunal Federal (STF) não apenas proferiu uma condenação — ele deu um recado direto e uníssono ao Brasil. Pela voz de seus dez ministros, a mais alta Corte do Judiciário condenou a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti Neto a 10 anos de prisão. O motivo: uma trama orquestrada nos bastidores da política, que envolveu a invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em janeiro de 2023.
O plano era tão ousado quanto perigoso. Com Delgatti operando o teclado e Zambelli atuando como mentora e patrocinadora, o grupo tentou plantar falsas decisões judiciais para sabotar a credibilidade do Judiciário. Uma dessas fraudes envolvia uma suposta ordem de prisão contra o ministro Gilmar Mendes. Outra, um mandado de soltura fabricado para beneficiar o ex-deputado Daniel Silveira, já condenado por ataques à democracia. As informações falsas circularam como rastilho de pólvora nas redes sociais — justamente onde a desinformação costuma encontrar terreno fértil. Os documentos chegaram a circular pelas redes sociais bolsonaristas.
Uma trama com rosto e intenção
A figura de Carla Zambelli é central na história. Em vídeo, a deputada aparece orientando Delgatti e comemorando o suposto "sucesso" da operação. As investigações revelaram que ela chegou a oferecer ajuda financeira e articulou encontros do hacker com assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em seu voto, Moraes foi direto: “Zambelli contratou e orientou um criminoso cibernético com o objetivo de manipular sistemas judiciais e fraudar documentos públicos.”
Walter Delgatti Neto, por sua vez, não é um nome estranho ao noticiário. Foi ele o responsável pelo vazamento das mensagens da Operação Lava Jato, no caso que ficou conhecido como Vaza Jato. Agora, reincidente, confessou participação no esquema e entregou detalhes da operação. Ainda assim, o STF não foi leniente: a pena de 10 anos e 8 meses a ele atribuída inclui crimes como falsidade ideológica e invasão de dispositivo informático.
Fim de linha para o mandato parlamentar
O julgamento também determinou a perda do mandato de Carla Zambelli, que ainda precisa ser confirmada pela Câmara dos Deputados. Mas, nos bastidores, já é dado como certo que a Casa não moverá esforços para protegê-la. A leitura política é clara: mesmo aliados de direita veem na decisão do STF um freio necessário a práticas que ultrapassam os limites da imunidade parlamentar.
Unanimidade que pesa
Em tempos de polarização extrema, o fato de os 10 ministros da Corte terem votado de forma unânime não passa despercebido. A sentença simboliza um posicionamento firme do Judiciário contra a impunidade e os ataques digitais às instituições. Ministros como Gilmar Mendes e Cármen Lúcia enfatizaram que a democracia se defende também com rigor penal diante de ameaças internas.
Silêncio e reação
Até o momento, Carla Zambelli não se pronunciou publicamente. Nas redes sociais, onde costuma ser ativa, o silêncio contrasta com o barulho ensurdecedor dos últimos meses. Já Delgatti, em entrevistas anteriores, se declarou arrependido, mas não conseguiu convencer os ministros de que sua colaboração atenuava a gravidade dos fatos.
Julgamento que ecoa além da Corte
Mais do que punir dois réus, a decisão do STF é um recado institucional: não há espaço para aventuras autoritárias travestidas de ação política. Quando a própria estrutura do Judiciário é alvo de fraudes, a resposta precisa ser contundente. O caso de Zambelli e Delgatti é, portanto, um divisor de águas. E, para muitos, o início do fim de uma era em que a impunidade parecia ter sido normalizada no ambiente digital.
Enquanto o país absorve os desdobramentos dessa condenação, a Justiça brasileira sinaliza que não há cargo, fama ou ideologia que esteja acima da lei. E isso, em si, já é uma vitória da democracia.
*com informações do STF e BBC Brasil.
A quase certeza da impunidade gera episódios de extrema arrogância e burrice !!!
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