quarta-feira, 7 de maio de 2025

O Brasil é de todos, e está dando certo

Por um Brasil que é de todos: quando os dados confirmam o que os olhos já viam, a incerteza cessa e a esperança se fortalece 

Por Ronald Stresser*
 
 

É difícil conter a emoção. Quem, como eu, acompanha há décadas o pulso do Brasil real — esse país que pulsa nas filas do SUS, nas escolas públicas resilientes, nos pequenos comércios de bairro, nos mutirões das periferias — sabe que há muito o que denunciar, sim, mas também muito o que celebrar. E hoje é dia de celebração.

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) — órgão da ONU para o qual trabalhei por alguns anos — divulgou, nessa terça-feira (6), o ranking atualizado do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), com base em dados de 2023.

Com relação a 2022 o. Brasil saltou cinco posições, figurando agora em 84º lugar, em meio a outros 193 países. O crescimento foi de 0,786 pontos. O avanço parece modesto, mas qna verdade, quando olhamos para a necessidade de precisão e equilíbrio das engrenagens sociais — de uma nação tão desigual quanto a nossa — vemos a resiliência do Brasil.

A nota representa um salto na dignidade humana do povo, mostrando a resistência das instituições do nosso país.

Este jornalista que vos escreve, por oficio da família, descendente de lavradores, é testemunha da resiliência do povo brasileiro. Por um lado senti alegria ao ver esses números; pois não posso reclamar da minha vida. mas não me conformo com a 84ª posição.

A verdade é que o nosso IDH ainda está longe de mostrar um país perfeito — aliás, 80 posições longe disso. Não podemos atestar, com a frieza dos dados, aquilo que tantos brasileiros sentem na pele: mas, estamos avançando. E, quando os fatos confirmam a fé que temos na capacidade do Brasil de ser mais justo, mais humano e menos concentrado nas mãos de poucos, a gente sente o chão mais firme sob os nossos pés.

Vida mais longa, renda maior — e o desafio da educação

O relatório do PNUD indica que nossa expectativa de vida ao nascer cresceu para 75,85 anos — o maior valor já registrado no Brasil. Também avançamos na renda bruta per capita, que agora é de US\$ 18 mil. São dois indicadores que traduzem, em parte, políticas públicas que funcionam, esforços coletivos, ciência aplicada e até mesmo um certo espírito de reconstrução que o Brasil, apesar de suas crises cíclicas, sempre resgata.

Mas é na educação que o sinal amarelo acende. Tanto a média de anos de escolaridade (8,43) quanto a expectativa de anos na escola (15,79) permaneceram estagnadas. Três anos sem avanços nesse quesito é preocupante, sobretudo quando se entende que é ali, na sala de aula, que começa o futuro da nação.

Ainda assim, é preciso lembrar: cada avanço em desenvolvimento humano é uma conquista coletiva. É o resultado do trabalho da agente comunitária que bate de porta em porta para garantir o pré-natal das gestantes, do professor que ensina poesia no contraturno, da mãe solo que batalha para pagar a mensalidade do curso técnico do filho. O IDH é um número que carrega milhões de histórias.

Uma sociedade sustentável começa pelas pessoas

O Brasil não é feito apenas para os que lucram com ele. É também — e sobretudo — para todos que vivem nele, sem distinções. Para os que carregam o país nas costas, muitas vezes invisíveis nas estatísticas, mas agora reconhecidos, mesmo que discretamente, em um ranking que tem como base tufo que engloba a vida, a educação e a renda: os três pilares que sustentam toda sociedade civilizada.

Quando alguém diz que o Brasil está "piorando", é preciso convidá-lo a olhar para esses dados com honestidade intelectual. Desenvolvimento humano não se resume ao PIB, às bolsas de valores ou à cotação do dólar. É sobre gente. Sobre o direito de envelhecer, de aprender, de prosperar — e isso, meus caros, melhorou.

Ainda há obstáculos, mas o caminho está sendo trilhado

Claro que temos muito a corrigir. O mesmo relatório revela que, ajustado pela desigualdade, o IDH brasileiro cai para 0,594, nos rebaixando à categoria de desenvolvimento médio. O abismo social continua sendo a grande chaga nacional — e o fato de estarmos entre os países mais desiguais do planeta não pode ser ignorado.

Mas se há algo que o Brasil ensina é que não se trata de um país fracassado. Trata-se de um país sabotado por estruturas históricas, políticas cínicas e elites míopes — mas, mesmo assim, nosso país é teimosamente promissor.

Inteligência artificial, sim — mas com inteligência humana

O tema do relatório deste ano é a inteligência artificial. O PNUD propõe que ela seja usada com foco nas pessoas, como uma aliada do desenvolvimento humano, e não como substituta de quem somos. É um chamado à sensatez, à ética e à criatividade — qualidades que o Brasil tem de sobra, desde que sejam bem orientadas por políticas públicas e vontade política.

A esperança é real porque é baseada em fatos!

Subir no ranking do IDH não resolve todos os nossos problemas, mas confirma que o esforço coletivo, quando há ambiente propício, produz resultados. E isso, num mundo cada vez mais marcado pela polarização e pela desesperança, é combustível para seguir acreditando.

É por isso que escrevo hoje com orgulho. Não um orgulho ufanista, mas um orgulho informado, maduro, realista. Um orgulho de jornalista, de cidadão, de quem sempre acreditou que o Brasil pode — e deve — ser um país para todos.

Que os números sigam nos empurrando para frente. Mas que nunca nos falte sensibilidade para enxergar o ser humano por trás de cada estatística.

Porque o Brasil, afinal, é maior do que a soma de todos os nossos desafios juntos.

*com informações da AP. Jornalismo independente é jornalismo cidadão.

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