quarta-feira, 7 de maio de 2025

Começa o Conclave que vai eleger o novo Papa

Um mundo em busca de comunhão: na Capela Sistina, coração do Vaticano, o colégio de cardeais se reúne hoje para escolher o novo Papa

Por Ronald Stresser*

 
 

No silêncio reverente da Basílica de São Pedro, nesta manhã de quarta-feira, começou oficialmente o conclave que escolherá o 267º sucessor de São Pedro. O cheiro do incenso, as batinas vermelhas dos cardeais, o eco da antífona “Suscitarei um sacerdote fiel” e a prece contida de milhares de fiéis que observavam à distância formaram o pano de fundo para um dos momentos mais decisivos da Igreja Católica em tempos recentes.

Às 10h da manhã (horário de Roma), teve início a missa Pro Eligendo Romano Pontifice, presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício. No altar que guarda os restos mortais do apóstolo Pedro, 220 cardeais — eleitores e não eleitores — concelebraram, cientes do peso que repousa sobre os ombros de cada um dos 133 purpurados com direito a voto. Na tarde de hoje todos ingressarão na Capela Sistina, e, isolados do resto do mundo, darão início ao conclave.

“Que seja eleito o Papa que a Igreja e a humanidade precisam neste momento histórico tão difícil e complexo”, suplicou o cardeal Re, em uma homilia serena e profunda, marcada pela confiança no Espírito Santo — e também pela consciência clara de que o futuro não pode ser moldado por vaidades, mas por comunhão.

Amor, comunhão, unidade

Aos pés da famosa cúpula de Michelangelo, o decano desenhou em palavras aquilo que se espera do novo pontífice: alguém que se deixe guiar pelo mandamento “novo” de Jesus — o amor sem limites. Não se trata de sentimentalismo, mas de uma força transformadora. “O amor é a única força capaz de mudar o mundo”, disse Re, com voz firme, ecoando o Evangelho de João.

Mais do que um líder espiritual, o Papa precisa ser um pastor de comunhão. Uma comunhão que vá além das estruturas e das doutrinas; uma comunhão que una povos, culturas, pensamentos, mantendo viva a fidelidade ao Evangelho. “Não se trata de uma unidade uniforme, mas de uma comunhão profunda na diversidade”, explicou o cardeal, com ênfase em um mundo cada vez mais fragmentado e polarizado.

Uma escolha com peso eterno

No fim da homilia, um lembrete solene: escolher um Papa não é apenas dar sequência a uma lista de nomes. “Não é uma simples sucessão de pessoas, mas é sempre o apóstolo Pedro que retorna.” É o coração da fé católica que está em jogo, mas também algo que toca o mundo inteiro. Diante da realidade de guerras, desigualdades e avanço tecnológico que nem sempre é acompanhado por crescimento espiritual, o novo Papa será chamado a despertar consciências e fortalecer valores morais e espirituais.

Por isso, Re pediu que os cardeais deixem de lado qualquer interesse pessoal ou cálculo político. Que escolham com responsabilidade e oração, guiados não por simpatias ou estratégias, mas pela fidelidade ao Deus de Jesus Cristo e pelo bem comum da humanidade.

Um conclave cercado de expectativas

Logo mais, na Capela Sistina, sob o olhar do "Juízo Final" de Michelangelo — aquela pintura que, há séculos, confronta cada eleitor com o peso de sua decisão — os cardeais farão o juramento de sigilo e se recolherão para votar. Ainda que o nome do novo Papa permaneça guardado no coração de Deus, o mundo inteiro agora volta seus olhos e suas orações para aquele que virá.

Talvez ele seja latino-americano. Talvez africano. Talvez europeu, como a maioria dos 133 eleitores. O que se espera é que seja um homem capaz de falar ao coração da humanidade — com coragem, ternura e sabedoria. Alguém que, diante das feridas do mundo e dos desafios da própria Igreja, consiga ser, como disse o cardeal Re, o Papa da comunhão.

Por trás dos muros do Vaticano, o Espírito sopra onde quer. E em algum lugar entre os corredores de mármore e as cúpulas celestiais, um novo capítulo da história da Igreja Católica começa a ser escrito.

*com informações da Vatican News.

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