Tortura por Bitcoin: milionário mantém homem em cativeiro por três semanas em mansão de luxo de Nova York
Por Ronald Stresser*![]() |
Policiais em frente à mansão onde a vítima foi mantida em cativeiro – ABC 7 |
Neste final de semana a cidade de Nova York foi dominada praticamente por um assunto apenas, por uma história que parece até ter sido tirada de um filme de suspense. Uma história verdadeira, de horror na era das criptomoedas, tomou conta do imaginário dos novaiorquinos. Um investidor de criptomoedas de 37 anos, chamado John Woeltz, foi preso na sexta-feira (23) acusado de sequestrar e torturar um homem durante três semanas dentro de uma mansão de luxo em Manhattan. O objetivo de Woeltz? Arrancar à força a senha de acesso à carteira de Bitcoins de sua vítima.
O caso, divulgado neste sábado pelo Ministério Público de Manhattan, revelou uma trama sombria onde ganância, violência e tecnologia se cruzam em um dos bairros mais nobres e com o metro quadrado mais caro da cidade. O homem sequestrado, um italiano de 28 anos cujo nome foi mantido em sigilo, tinha acabado de chegar à Big Apple, em 6 de maio. O que era para ser apenas uma breve visita aos Estados Unidos se transformou em um pesadelo que durou quase vinte dias.
Segundo o relato das autoridades, ao chegar à casa localizada na sofisticada região de NoLIta — sigla para North of Little Italy — o jovem foi surpreendido por Woeltz e um cúmplice ainda foragido. Seus eletrônicos e passaporte foram imediatamente confiscados. A partir daí, começou uma rotina de tortura que remonta às piores páginas da crueldade humana.
Amarrado, agredido fisicamente, eletrocutado com fios, ameaçado com uma arma apontada à cabeça e pendurado sobre o vão de uma escadaria de cinco andares — o homem ouviu que sua família seria morta se não entregasse a senha de sua carteira de criptomoedas. Mas resistiu. Por três semanas. Até que, em uma cena digna de roteiro hollywoodiano, conseguiu escapar na manhã de sexta-feira e correu em direção a um agente de trânsito pedindo socorro.
A polícia chegou pouco depois. Dentro da mansão alugada por Woeltz por pelo menos 30 mil dólares mensais, encontraram provas do horror vivido: uma arma de fogo, objetos usados como instrumentos de tortura e fotografias instantâneas que registravam os momentos de violência. Dois mordomos estavam na casa e colaboraram com a investigação.
Woeltz foi preso em flagrante e, no sábado, levado à corte criminal de Manhattan. Responderá por sequestro, agressão, cárcere privado e posse ilegal de arma. Está detido sem direito à fiança e teve o passaporte confiscado. Uma mulher identificada como Beatrice Folchi também foi detida e acusada de sequestro e cárcere privado, embora a natureza de sua ligação com Woeltz ainda seja nebulosa.
O advogado de defesa de Woeltz, Wayne Ervin Gosnell Jr., preferiu não comentar o caso.
O episódio se soma a uma série de crimes brutais relacionados ao universo das criptomoedas, que vêm crescendo nos Estados Unidos e em outras partes do mundo. Com bilhões de dólares circulando em carteiras digitais muitas vezes anônimas e sem rastreamento, o ambiente tem se mostrado fértil não apenas para investidores, mas também para extorsões, fraudes e agora, sequestros.
Enquanto isso, o jovem italiano se recupera no Bellevue Hospital, em condição estável. Mas as cicatrizes — físicas e emocionais — provavelmente o acompanharão por muito tempo.
Num tempo em que fortunas são guardadas em códigos e criptografias, essa história serve como um alerta cruel: mesmo os ativos mais virtuais podem ter consequências bem reais, e, às vezes, trágicas.
*com informações do The New York Times.
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