sexta-feira, 16 de maio de 2025

Gripe aviaria acende alerta vermelho no Brasil

Impacto silencioso: suspensão da China abala confiança do setor avícola no Paraná

Por Ronald Stresser*
 

Imagem meramente ilustrativa - Reprodução
 

O cheiro de ração misturado ao som incessante das aves. Quem conhece a rotina de uma granja sabe: a vida no campo não para. Mas, desta vez, o silêncio não vem dos animais. Vem das incertezas.

A decisão da China de suspender, por 60 dias, a importação de carne de frango brasileira — após a confirmação de um caso isolado de gripe aviária em uma granja comercial no Rio Grande do Sul — trouxe um impacto direto ao Paraná, estado que lidera com folga a produção nacional. O embargo, embora preventivo, acendeu o alerta vermelho em um setor que se equilibra entre a excelência sanitária e a pressão dos mercados internacionais.

Nos bastidores das cooperativas, nos galpões das pequenas propriedades familiares e nas salas refrigeradas dos frigoríficos, o clima é de frustração contida. É como se uma engrenagem enorme tivesse desacelerado bruscamente. Não por falha técnica, mas por cautela internacional.

A avicultura paranaense não é apenas um setor produtivo — ela sustenta vidas, movimenta economias locais e dá identidade a municípios inteiros. Milhares de famílias dependem diretamente da cadeia do frango: desde os pequenos produtores até os caminhoneiros que cruzam o estado com cargas vivas ou refrigeradas.

O vírus, identificado fora do Paraná, não se espalhou. Mas bastou sua presença em território comercial para que a confiança internacional estremecesse. A suspensão chinesa não carrega julgamento, mas impõe uma pausa, uma espera que carrega mais do que números — carrega o peso do tempo que parece não passar para quem tem lotes prontos para abate e contratos parados no papel.

Com a suspensão, cerca de 40 mil toneladas de carne de frango, que mensalmente seguiriam para o maior comprador brasileiro, ficam sem destino. E não se trata apenas de carne: são pés, asas e miúdos que não encontram valorização no mercado interno e agora correm o risco de encalhar nos estoques.

O governo estadual corre para reforçar barreiras sanitárias. Técnicos visitam propriedades, orientam sobre biossegurança, monitoram movimentações. O objetivo é claro: manter o vírus longe, e, principalmente, mostrar ao mundo que o Brasil continua sendo um parceiro confiável.

Enquanto isso, no interior do estado, os dias seguem. Os galpões continuam aquecidos, a ração é servida, a produção não para. Mas a rotina agora carrega um peso novo: o de aguardar. Aguardar que a confiança seja restabelecida, que os mercados se abram novamente e que o silêncio de hoje volte a ser preenchido pelo ritmo firme de uma cadeia que alimenta o mundo.

Porque no Paraná, o frango não é só produto de exportação — é parte da cultura, da economia, da vida. E cada dia de suspensão é um lembrete silencioso de como somos todos, de alguma forma, interdependentes.

No momento do encerramento da matéria, chegou a informação de que na tarde de hoje o Governo Federal suspendeu,  por tempo indeterminado, a venda de carne de frango do Rio Grande do Sul para fora do estado. A ideia é criar uma barreira sanitária. A União Europeia (UE) também confirmou que também está suspendendo a compra de carne de frango do Brasil.

*com informações do Ministério da Agricultura e da CNN Brasil.

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