Festa vira pesadelo em Liverpool: ataque brutal atropela torcedores e mancha celebração do título com sangue e indignação
Por Ronald Stresser*Liverpool, Inglaterra – A festa era vermelha, pacífica e feliz. A cidade inteira pulsava como um só coração em celebração ao 20º título do Liverpool na Premier League, o primeiro desde a temporada 2019-2020. Mas o que deveria ser uma noite inesquecível de alegria e união terminou em horror e sirenes.
Pouco depois das 18h (horário local), a multidão reunida na Water Street foi surpreendida por um carro em alta velocidade que avançou deliberadamente contra os torcedores. O motorista, um britânico branco de 53 anos, morador da própria região de Liverpool, foi preso ainda no local. A polícia de Merseyside agiu rapidamente, mas não a tempo de evitar o estrago: 47 pessoas ficaram feridas, incluindo um ciclista paramédico atingido e quatro pessoas que ficaram presas sob o veículo – entre elas, uma criança.
“Foi um grito coletivo de terror. Em segundos, tudo virou desespero”, conta Sarah Johnson, 32, que estava com o marido e os dois filhos pequenos na calçada onde o carro avançou. “Estávamos cantando, dançando, tirando fotos. Quando ouvi o impacto, achei que fosse algum tipo de explosão. Vi gente voando.”
Segundo os bombeiros, foi necessário suspender o carro para retirar as vítimas presas embaixo. O Serviço de Ambulâncias do Noroeste, que já tinha reforço no local por conta da concentração de torcedores, prestou socorro imediato. Vinte e sete pessoas foram encaminhadas a hospitais da região, duas em estado grave – entre elas, uma criança. Outras vinte foram atendidas no próprio local com ferimentos leves. Um helicóptero de resgate foi acionado para auxiliar no atendimento, e a área foi isolada com tendas infláveis montadas às pressas.
As autoridades tratam o episódio como um “incidente isolado” e descartam qualquer motivação terrorista. Não há, até o momento, indícios de que o homem tenha agido em grupo. “Pedimos à população que evite especulações. As investigações estão em curso para esclarecer o que levou esse indivíduo a agir dessa forma brutal”, declarou a polícia em coletiva de imprensa.
O que era para ser um dia histórico…
A tragédia interrompeu uma celebração que vinha sendo preparada há semanas. Mais de um milhão de pessoas eram esperadas em Liverpool para o feriado nacional, que coincidiu com a consagração do título. O empate com o Crystal Palace no domingo confirmou a taça, mas o time já havia garantido matematicamente a conquista ao vencer o Tottenham em abril. O desfile com os jogadores, ônibus aberto e ruas tomadas de vermelho simbolizava mais que um título: era a reconquista de uma paixão reprimida desde a pandemia.
O clube se manifestou oficialmente, afirmando que seus pensamentos estão com os feridos e que dará total apoio às autoridades e aos serviços de emergência. “É devastador saber que torcedores que só queriam celebrar acabaram vítimas de um ato tão cruel”, diz a nota.
LeBron James, coproprietário do Liverpool e figura querida entre os torcedores, classificou o ataque como um “ato sem sentido” nas redes sociais. Outras personalidades e ex-jogadores também prestaram solidariedade.
A cidade ferida, mas não vencida
Na manhã seguinte, flores, cachecóis e camisas do time começaram a ser deixados em um memorial improvisado na Water Street. “Aqui era só alegria, só amor pelo time. Quem fez isso não conhece o espírito do Liverpool”, disse o aposentado Malcolm O’Neill, 68, que foi ao local prestar homenagens.
Para muitos, a dor se mistura com a incredulidade. “É difícil entender como alguém pode fazer isso. Ainda estou em choque. Mas também estou grata pela ajuda que vimos aqui — voluntários, paramédicos, até torcedores ajudando uns aos outros”, contou Amira Patel, 21, estudante de enfermagem que assistiu tudo da sacada do prédio em frente.
Esperança em meio do caos
Apesar da violência, a resposta rápida das equipes de emergência e o apoio mútuo entre os torcedores evitaram uma tragédia ainda maior. Os hospitais seguem monitorando os feridos mais graves, enquanto a polícia promete atualizações sobre o andamento das investigações.
O título continua sendo do Liverpool, e a paixão pelo clube permanece intacta. Mas a lembrança daquela segunda-feira ficará marcada não apenas pelos gols e pela festa, mas também pela força de uma cidade que, mesmo ferida, insiste em cantar: You'll Never Walk Alone.
*com informações das agências internacionais.
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