sábado, 17 de maio de 2025

A paz que não chega: enquanto o mundo assiste, a Ucrânia sangra

Três anos de guerra: a paz continua sendo um sonho distante para quem vive sob sirenes e escombros na Ucrânia

Por Ronald Stresser*

 
Delegações de Rússia e Ucrânia se reúnem para tentar cessar-fogo. Istambul, Turquia. 16 de maio de 2025 — Ramil Sitdikov/ Sputnik Pool Foto via AP
 

Após três anos de silêncio entre as partes, Rússia e Ucrânia voltaram a se sentar frente a frente. O cenário foi Istambul. O gesto mais concreto? A troca de dois mil prisioneiros. Um passo simbólico, mas insuficiente.

A ausência de Vladimir Putin nas negociações foi vista como um sinal claro de desinteresse real. Ele mandou uma delegação técnica, sem autonomia, que apresentou exigências unilaterais: a retirada das forças ucranianas de quatro províncias disputadas. Para Kiev, isso seria admitir derrota sem lutar.

“Estamos prontos para o diálogo. Mas não para sermos forçados a abrir mão do nosso território e da nossa história”, afirmou um diplomata ucraniano ao fim do encontro.

Trump, Putin e a ligação que não basta

Donald Trump, de volta ao centro do palco internacional, anunciou que fará uma ligação a Putin na próxima segunda-feira. E, depois, conversará com Zelensky. Sua promessa? Acabar com a guerra. Mas a ordem dos telefonemas já diz muito.

A exclusão da Ucrânia das conversas iniciais soou como um eco incômodo de outros tempos. Uma negociação feita sobre um país, e não com ele. Uma paz negociada de cima para baixo, como se a soberania ucraniana fosse um detalhe.

“O caminho para a paz não passa por atalhos. E não se constrói ignorando quem sofre com a guerra todos os dias”, reagiu um parlamentar europeu.

OTAN e ONU: a inércia das potências

A comunidade internacional segue hesitante. A OTAN faz declarações formais, reforça compromissos de defesa, mas evita qualquer gesto mais duro que possa provocar Moscou. Já a ONU, paralisada entre resoluções e vetos, vê seu papel de mediadora esvaziado.

E o tempo passa. Cada dia sem ação significa mais mortos, mais refugiados, mais cidades arrasadas. A paz verdadeira exige mais que retórica — exige responsabilização e ousadia diplomática.

A ausência de pressão efetiva sobre o Kremlin mostra o quanto os interesses geopolíticos ainda valem mais que os direitos huhumanos.

O grito silencioso de quem resiste

Enquanto as potências debatem em mesas acarpetadas, o povo ucraniano segue resistindo. Em Kharkiv, famílias dormem em estações de metrô. Em Kiev, professores dão aulas em abrigos. Em Mariupol, crianças aprendem a identificar o som dos mísseis.

"Nosso filho já não se assusta com explosões. Mas nós, sim", diz Olena, mãe de dois meninos que vivem hoje no porão de um hospital. "Essa guerra virou um pano de fundo constante. Mas não deveria."

O mundo precisa escolher um lado

Paz não é só cessar-fogo. É reconstrução, é justiça, é dar voz a quem sofreu. É impedir que a violência seja apenas substituída pelo esquecimento. Para isso, não bastam telefonemas e encontros diplomáticos vazios.

É preciso coragem política. E pressão real da OTAN, da ONU, dos líderes europeus e latino-americanos. A diplomacia só terá sentido se vier acompanhada de ações concretas.

Porque enquanto o mundo hesita, a Ucrânia morre um pouco mais a cada dia. E nenhuma civilização pode dizer-se justa enquanto assiste calada a uma tragédia dessas proporções.

A paz não se constrói com promessas. Ela exige presença, escuta e verdade.

*com informações da RT News.

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