quinta-feira, 24 de abril de 2025

Desvio de 6 bilhões no INSS

Escândalo no INSS: fraude bilionária atinge aposentados e derruba presidente do instituto

Por Ronald Stresser*

 
 

Na manhã da última quarta-feira (23), o Brasil despertou com uma notícia dura de engolir — daquelas que ferem especialmente quem já vive contando centavo por centavo. Foi como um soco no estômago de quem já carrega o peso de uma vida inteira de trabalho. Um novo escândalo veio à tona — desta vez, no coração do INSS — e atingiu em cheio quem menos podia ser atingido: os aposentados e pensionistas, brasileiros e brasileiras que, por décadas, sustentaram este país com suor, silêncio e esperança. Gente que agora vê o pouco que recebe ser alvo de ganância.

A Polícia Federal, em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU), deflagrou uma operação de grande porte para desmontar um esquema perverso, que há anos vinha corroendo, quase invisivelmente, o benefício de milhões. Um desvio silencioso, feito na surdina, tirando pouco a pouco o que muitos levaram a vida inteira para conquistar. Foram cerca de R$ 6 bilhões desviados em forma de descontos indevidos — quantias que, somadas ao longo do tempo, tiraram comida da mesa, comprimido do armário e dignidade do fim de mês de quem já tem pouco.

Entre os alvos da investigação está o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi). A entidade, que deveria ser aliada dos aposentados, tem como vice-presidente Frei Chico, irmão do presidente Lula. Embora ele não seja investigado, sua presença na estrutura do sindicato lançou uma sombra de constrangimento sobre o governo — e acendeu um alerta político dentro e fora do Planalto.

A operação terminou com o descredenciamento do sindicato por ordem judicial, além de mandados de busca e apreensão em suas sedes. A acusação que pesa sobre a entidade é grave: cobrar mensalidades e taxas associativas diretamente do contracheque de aposentados — muitas vezes sem qualquer consentimento. Em outras palavras, tirar no silêncio o que deveria estar garantido por direito.

Golpe sobre os mais vulneráveis

Aposentada há pouco mais de uma década, dona Margarida, de 78 anos, só descobriu que vinha sendo cobrada indevidamente ao pedir ajuda da neta para conferir os extratos no aplicativo Meu INSS. “Eu nunca autorizei desconto nenhum. Já é pouco o que recebo, e ainda tiram sem perguntar. Isso é roubo”, desabafa.

Histórias como a dela se repetem em todo o Brasil. Pessoas que, muitas vezes com pouca familiaridade com tecnologia ou sem acesso fácil a canais de denúncia, foram vítimas de um sistema que deveria protegê-las.

Segundo a CGU, milhões de reais eram descontados todos os meses sem autorização clara ou com autorizações forjadas. “É uma fraude institucionalizada”, define um dos investigadores da operação, em condição de anonimato.

Renúncia no alto escalão

O impacto foi imediato. Pressionado pelos desdobramentos da operação e pela proximidade entre o sindicato e membros da alta cúpula do governo, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, apresentou seu pedido de demissão ainda na tarde de quarta. Ele é o segundo a deixar o cargo desde o início do governo Lula — o primeiro, Glauco Wamburg, caiu em 2023 por uso indevido de passagens.

Nos bastidores, a saída de Stefanutto é vista como uma tentativa de “estancar a sangria” e preservar a imagem do governo diante do eleitorado mais velho, que forma parte significativa da base lulista.

Sindicato se defende

Em nota oficial, o Sindnapi declarou que “a proteção dos direitos dos aposentados é uma prioridade fundamental” e que apoia as investigações para esclarecer eventuais irregularidades. A entidade também disse que está colaborando com as autoridades e que “atua com transparência e responsabilidade social”.

Mesmo assim, o dano está feito. O nome do sindicato, por anos ligado a lutas históricas por direitos dos aposentados, agora carrega a marca de um dos maiores escândalos da Previdência nos últimos tempos.

E agora?

A Polícia Federal segue analisando documentos e movimentações financeiras. Novos desdobramentos são esperados, e outros dirigentes de entidades semelhantes já estão na mira. A orientação da CGU é clara: aposentados e pensionistas devem verificar seus extratos regularmente e denunciar qualquer desconto que não tenham autorizado.

O escândalo reacende o debate sobre a necessidade de maior controle sobre entidades que operam junto ao INSS e, principalmente, sobre quem está cuidando — ou lucrando — com os direitos dos que já deram sua contribuição ao país.

*com informações da Agência Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gostou?
Então contribua com qualquer valor
Use a chave PIX ou o QR Code abaixo
(Stresser Mídias Digitais - CNPJ: 49.755.235/0001-82)

Sulpost é um veículo de mídia independente e nossas publicações podem ser reproduzidas desde que citando a fonte com o link do site: https://sulpost.blogspot.com/. Sua contribuição é essencial para a continuidade do nosso trabalho.