Zanin toma decisão com base em relatório de Moraes e STF marca julgamento de Jair Bolsonaro para 25 de março; bolsonaristas veem prisão iminente
A Primeira Turma do STF, que vai julgar Bolsonaro - Reprodução/Internet |
Está confirmado, o STF marcou para os dias 25 e 26 de março o julgamento da denúncia da PGR contra Jair Bolsonaro e outros sete acusados pela tentativa de golpe ocorrida ao apagar das luzes do governo passado. A decisão foi tomada pelo ministro Cristiano Zanin, ex-advogado de Lula e atual presidente da Primeira Turma do STF. A movimentação representa um passo crucial no processo que pode transformar o ex-presidente e outros sete denunciados em réus, e, inclusive, levá-los à prisão.
O caso baseia-se no relatório da Polícia Federal, com mais de 800 páginas, que detalha toda a articulação que estava em curso para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Se a denúncia for aceita pela maioria da Primeira Turmado STF, Bolsonaro e outros sete acusados enfrentarão a fase de instrução processual, que inclui coleta de provas e depoimentos.
Nos bastidores, bolsonaristas falam em “massacre” e preveem prisão
O clima no entorno do ex-presidente não poderia ser mais tenso. Aliados próximos já dão como certa a prisão de Bolsonaro nos próximos meses, caso a denúncia seja aceita e a ação penal avance rapidamente - o que é bastante provável. Nos bastidores, há quem fale em um "massacre" do STF, apontando a velocidade incomum dos trâmites, e inclusive a direita aderiu à tese de que está ocorrendo lawfare - ativismo judicial. O receio é de que o ex-presidente esteja atrás das grades ainda este ano.
O temor de uma condenação tem feito crescer um movimento de afastamento dentro do bolsonarismo. Fontes próximas relatam que a mobilização para o "Ato Pró-Anistia", marcado para o próximo domingo (16), perdeu força nos últimos dias. Muitos aliados que antes defendiam publicamente o ex-presidente agora hesitam em se associar ao evento, temendo que uma eventual condenação de Bolsonaro os aarrastepara o mesmo lamaçal.
Braga Netto sob pressão: família estaria incentivando delação
Outro ponto de grande especulação é a situação do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022. Ele segue preso por decisão do STF, e sua manutenção atrás das grades tem alimentado rumores de que o general pode estar sob forte pressão para colaborar com as investigações.
Fontes próximas indicam que familiares do general estariam aconselhando-o a seguir o caminho do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que aderiu à delação premiada e entregou informações cruciais sobre a tentativa de golpe à Justiça. O ambiente de apreensão é crescente dentro da ala militar do bolsonarismo, pois Braga Netto detém informações privilegiadas sobre os bastidores do governo, das Forças Armadas e das movimentações golpistas que agora são alvo da denúncia.
Reta final antes do veredito
Diante desse cenário, o eex-presidentebusca uma sobreviva e tenta se manter ativo na política, entretanto seu discurso tem mudado. Em conversas privadas, aliados indicam que Bolsonaro já avalia um giro internacional para denunciar o que chama de "julgamento político", como fez no passdo o presidente Lula. Aliás, o movimento dos aliados mais próximos de Bolsonaro é muito semelhante ao adotado pela defesa de Lula, quando foi processado e acabou sendo preso. De fato percebe-se no ar os ventos idos da operação Lava Jato, quando o petista buscou apoio internacional contra sua condenação.
A Primeira Turma do STF, composta pelos notáveis ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Flávio Dino e Luiz Fux, será responsável por decidir se a denúncia da PGR tem sustentação. Está nas maos deles julgar se existe legalidade e conjunto probatório suficiente para abrir a ação penal. O julgamento será acompanhado de perto não apenas pelo meio político, mas também pelos próprios bolsonaristas, que começam a encarar um cenário antes totalmente distópico para eles: o de ver seu líder máximo atrás das grades.
Com os ponteiros do relógio correndo e a Justiça avançando, o futuro de Jair Bolsonaro e de seu grupo político parece estar a cada dia mais incerto.
Ronald Stresser, para o Sulpost.
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