O Centro de Curitiba tenta renascer: a luta pela segurança, dignidade e revitalização
| Operação Centro Seguro |
É fim de tarde na Praça Tiradentes, o marco zero de Curitiba. O vaivém de pessoas se mistura ao som de buzinas, vendedores ambulantes e as câmeras dos turistas que desembarcam do ônibus da linha turismo que passa lentamente. Mas, por trás do charme histórico e da "Curitiba para inglês ver", a região central da cidade enfrenta desafios profundos: insegurança, tráfico de drogas, assaltos, prostituição e o aumento da população em situação de rua relacionada ao consumo de crack.
Na tentativa de devolver o coração da cidade aos curitibanos, a Prefeitura e o Governo do Estado lançaram a Operação Centro Seguro. A ação não tem prazo para terminar e busca sufocar o narcotráfico e os furtos em áreas críticas, como Largo da Ordem, São Francisco, Passeio Público, Praças Tiradentes, Santos Dumont, Osório. 19 de Dezembro e Rui Barbosa.
“O centro precisa voltar a ser um espaço de convivência seguro, e não um território tomado pelo medo”, afirmou o prefeito Eduardo Pimentel.
Os pontos quentes e o enfrentamento diário
De acordo com levantamentos da Secretaria de Segurança Pública, há locais onde o tráfico e a criminalidade se enraizaram. Esses “pontos quentes” serão alvos de operações policiais diárias, com reforço da Polícia Militar, da Guarda Municipal e da Polícia Civil. “A ideia não é apenas prender, mas desarticular redes criminosas e criar um ambiente onde a vida possa florescer novamente”, explica um oficial da PM envolvido na operação. O serviço de inteligência vem há tempos mapeando toda região e a inteligência é a principal ferramenta da operação, afinal de nada adianta apenas sufocar e desarticular as gsngues, um dos principais objetivos é prender os líderes das redes ilegais para que elas não consigam se reorganizar.
A atuação vai além da repressão. O município pretende revitalizar a infraestrutura urbana e incentivar a reocupação de imóveis antigos. A Associação Comercial do Paraná (ACP) apoia o plano, destacando que a degradação da área tem afastado comerciantes, turistas e investidores, alem da propria população curitibana que há decadas vem sendo prejudicada pelas ganhues e organizações criminosas que atuam na região. “Precisamos de um centro vivo, com lojas abertas, turistas e famílias passeando, e não com ruas desertas dominadas pelo medo”, defende Antonio Gilberto Deggerone, presidente da entidade.
A questão das pessoas em situação de rua
Um dos desafios mais delicados da revitalização é o crescente número de pessoas em situação de rua, principalmente relacionadss do tráfico e cinsumo de crack. Em cada esquina do centro, histórias de dor e resistência se misturam. J.M, 52 anos, vive no Largo da Ordem há três anos. “Eu tive casa, família, mas a vida me trouxe pra cá. Sei que as pessoas sentem medo, mas nem todo mundo aqui é bandido”, diz ele, enquanto ajeita seus pertences e um pipe - tubo usado para o consumo de crack - dentro de uma sacola plástica.
A Prefeitura, por meio da Fundação de Ação Social (FAS), tem intensificado abordagens para oferecer acolhimento e reintegração social. “Nosso trabalho é humanizado. Queremos garantir que essas pessoas tenham uma nova chance, um recomeço digno”, explica Renan de Oliveira Rodrigues, presidente da FAS. Como a internação compulsória não é mais uma opção, de acordo com decisões recentes do STF, a FAS deve manter uma ação constante para convencer os usuários de droga a buscar tratamento voluntário.
Um novo começo para o centro?
A revitalização do centro de Curitiba não será fácil. Há décadas, projetos surgem e somem sem deixar um legado real. Mas desta vez, há uma aposta no envolvimento da sociedade civil, dos comerciantes e do poder público. “Se o centro voltar a ser seguro, ganha todo mundo. Ganha o comércio, ganha o turismo, ganham os moradores”, diz a professora aposentada M.R., que não anda sozinha pela região há anos.
O sucesso da operação dependerá não apenas do policiamento, mas de um conjunto de esforços que garantam moradia digna, emprego e cultura para a população. “Revitalizar é mais do que tirar o crime das ruas. É devolver a Curitiba um centro onde a vida aconteça em todas as suas formas”, resume o prefeito.
Enquanto isso, ao cair da noite, a cidade respira entre a esperança e o medo. O futuro do centro de Curitiba está em jogo, e cada ação tomada hoje será determinante para o que virá amanhã.
Sugestões e denúncias, podem e devem ser feitas, por toda população, através do telefone 156.

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