Crise na TV aberta: demissões na Globo expõem o impacto do streaming no entretenimento brasileiro
Nos corredores da TV Globo, o silêncio tomou conta de uma manhã que deveria dar início a apenas mais um dia de trabalho. No meio do vai e vem de funcionários atarefados alguns se atentam aos burburinhos, olhares apreensivos e fisionomias abaladas por uma surpresa desagradável, a notícia das demissões no Telecine caiu como uma bomba sobre alguns, pegando de surpresa funcionários de diferentes setores. A decisão, embora pareça um tanto radical, foi administrativa e não reflete nada mais que uma tendência que hoje molda, em todas as emissoras, o consumo de entretenimento televisivo no Brasil: a ascensão do streaming e a consequente perda de relevância da TV por assinatura e da TV aberta.
A Rede Globo, maior emissora de TV aberta do Brasil, que já vinha promovendo mudanças estruturais para se adaptar à nova realidade do mercado, viu-se novamente obrigada a demitir parte de sua equipe para cortar gastos e adquirir fôlego para poder fortalecer sua presença no digital. Com isso, o Telecine, que por longos anos foi um dos pilares do grupo Globo, tornou-se um verdadeiro "elefante branco", sem o mesmo apelo ou impacto de outrora e enfrentando dificuldades para manter um portfólio competitivo.
Queda de audiência e novo consumo de conteúdo
Os números confirmam a mudança de comportamento do telespectador brasileiro. Em janeiro de 2025, a TV aberta sofreu uma queda de 2,9% na participação do mercado, e o YouTube alcançou a impressionante marca de 20%, consolidando-se como a principal plataforma de vídeos no Brasil. O crescimento do Globoplay, Netflix e TikTok também demonstra que o futuro do entretenimento passa, inevitavelmente, pelo streaming.
A Globo, que por décadas dominou a audiência da TV aberta, agora precisa disputar o público com uma gama de opções que vão muito além do tradicional controle remoto. Aos domingos, por exemplo, Luciano Huck trava batalhas cada vez mais acirradas com o Campeonato Paulista, transmitido pela Record, e com outros conteúdos sob demanda, que atraem um público acostumado à liberdade de escolher o que assistir e quando assistir.
O futuro da Globo e da TV aberta
Diante desse cenário, o futuro do Telecine ainda é incerto. Especialistas apontam que a marca pode passar por novas fusões ou uma integração ainda maior com o Globoplay, numa tentativa de reter assinantes e manter-se relevante. Mas a dúvida permanece: até quando a TV linear, com sua grade fixa e formatos tradicionais, conseguirá competir com a agilidade e diversidade das plataformas digitais?
O impacto dessas mudanças vai além das emissoras. Profissionais que dedicaram suas carreiras à produção de conteúdo para a TV estão agora em um limbo, buscando reposicionamento em um mercado que não para de evoluir. E para o público, resta a pergunta: a era da TV como conhecemos está chegando ao fim?
Ronald Stresser, da redação.

Nenhum comentário:
Postar um comentário