Trump dá ultimato a Putin

Trump manda seu primeiro recado direto a Putin sobre a guerra na Ucrânia

 

Putin e Trump conversam durante o G20 em Osaka (2019) - Reuters/Arquivo 

 

Em uma reviravolta inesperada no cenário político internacional, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adotou um tom mais duro contra Vladimir Putin, presidente da Rússia, em relação à guerra na Ucrânia. Pela primeira vez, Trump sugeriu a possibilidade de impor sanções econômicas mais severas, caso o líder russo não aceite negociar um acordo para encerrar o conflito.

A declaração foi feita em uma publicação na Truth Social, plataforma de mídia social criada por Trump. Apesar de destacar que sempre teve um “relacionamento muito bom” com Putin, o ex-presidente afirmou que medidas drásticas poderiam ser necessárias. "Pare essa guerra ridícula. Só vai ficar pior. Se nós não fizermos um acordo, e rápido, eu não terei outra escolha senão colocar altos níveis de taxas, tarifas e sanções em qualquer coisa que seja vendida pela Rússia aos Estados Unidos e vários outros países participantes", escreveu.

Relação ambígua com a Rússia

A postura de Trump surpreendeu, especialmente porque ele é conhecido por evitar críticas diretas a Putin. Em declarações anteriores, Trump frequentemente elogiava o líder russo e enfatizava a importância de um relacionamento diplomático. Contudo, sua nova abordagem sugere que o prolongamento da guerra está colocando pressão em sua base política e em sua tentativa de retorno à Casa Branca.

A retórica de Trump, no entanto, não foi isenta de polêmica. Em meio à publicação, ele fez uma referência histórica controversa, afirmando que 60 milhões de soviéticos morreram na Segunda Guerra Mundial — um número muito superior às estimativas oficiais de 27 milhões. A declaração gerou críticas imediatas, mas também chamou atenção para a tentativa de Trump de atrair simpatia ao enfatizar o custo humano do conflito.

Rússia reage com cautela

A resposta russa não demorou. Dmitri Polianskii, embaixador adjunto da Rússia na ONU, adotou um tom diplomático ao comentar a ameaça de Trump. "Não é meramente a questão de acabar com a guerra. É antes de tudo a questão de tratar das causas da crise ucraniana. Então, temos de ver o que o acordo significa para o entendimento do presidente Trump", afirmou Polianskii.

O embaixador também apontou que, embora Trump não seja responsável pela política externa dos Estados Unidos desde 2014, agora ele tem a oportunidade de mudar o rumo das relações bilaterais. “Está em seu poder parar essa política maliciosa”, completou.

Impacto econômico e geopolítico

As relações comerciais entre Estados Unidos e Rússia já estavam severamente enfraquecidas antes das declarações de Trump. Após as sanções impostas pelo Ocidente em resposta à invasão russa da Ucrânia em 2022, o comércio bilateral despencou. Em 2021, o intercâmbio comercial chegou a US$ 35 bilhões, mas em 2024 esse número caiu drasticamente para US$ 3,2 bilhões. Desses, US$ 2,8 bilhões correspondem a importações norte-americanas, mostrando que a economia russa foi significativamente afetada pelas sanções.

Analistas avaliam que as ameaças de Trump, se concretizadas, podem prejudicar ainda mais a economia russa e, ao mesmo tempo, pressionar Putin a buscar uma solução negociada para o conflito. No entanto, muitos observam que a retórica de Trump também pode ser interpretada como um movimento estratégico para reforçar sua posição política em um momento em que as eleições de 2024 ainda ressoam nos bastidores.

O que está em jogo

A postura de Trump sinaliza um possível endurecimento na política externa dos Estados Unidos em relação à Rússia, mesmo vindo de um político que sempre enfatizou o diálogo como solução. Contudo, resta saber se essas ameaças serão suficientes para mudar o curso da guerra ou se serão vistas apenas como mais uma jogada política de um líder em busca de protagonismo global. 

Enquanto isso, o mundo observa, mais uma vez, a dinâmica imprevisível entre Donald Trump e Vladimir Putin, agora sob o peso de um dos conflitos mais devastadores do século XXI.

Ronald Stresser, da redação.