terça-feira, 1 de outubro de 2024

Aquecimento de lagos da Amazônia ameaçam a nossa fauna

Aquecimento de lagos na Amazônia alerta para ameaças à fauna e revela impacto da crise climática global

 
© ADRIANO GAMBARINI/WWF-BRASIL
 

O monitoramento da plataforma Lagos da Amazônia revelou um aumento alarmante nas temperaturas médias de 23 corpos d’água na região amazônica, comparáveis aos que, em 2023, registraram a morte de 330 botos. O aumento escalonado da temperatura, apontado pela plataforma desenvolvida pelo WWF-Brasil e MapBiomas, aciona um sinal de alerta para a fauna desses ecossistemas, destacando a ligação direta com a crise climática global.

As altas temperaturas de agosto de 2024 ultrapassaram as registradas no mesmo período de 2023 em 12 lagos da região, indicando que o fenômeno está se intensificando. Em setembro de 2023, lagos como Tefé e Coari chegaram a registrar temperaturas de 40°C, resultando na morte de botos das espécies cor-de-rosa e tucuxi, eventos que podem se repetir. Em 30 de setembro de 2024, o Lago Cabaliana, na Região Metropolitana de Manaus, atingiu 31,74°C, 1,2°C acima do registrado no mesmo período do ano anterior e 2,3°C acima da média dos últimos cinco anos.

Esse aquecimento progressivo não é um caso isolado. A plataforma identificou comportamentos similares em outros 22 lagos com características hidrogeômorfológicàs semelhantes, como os chamados "lagos de ria", corpos de água longos conectados por pequenos afluentes aos grandes rios da Amazônia. Mariana Paschoalini Frias, analista de conservação do WWF-Brasil, explica que essas características tornam os lagos especialmente vulneráveis às secas extremas, um fenômeno cada vez mais frequente e grave.

O impacto sobre esses corpos d'água tem sido profundo, com a plataforma Lagos da Amazônia ampliando seu monitoramento para novos lagos nos rios Trombetas, Solimões, Purus, Madeira, Paru, Negro e Tapajós. Esses locais abrigam espécies que já sofreram as consequências do superaquecimento em anos anteriores, e o alerta agora é para o risco de um novo colapso ecológico.

O monitoramento avançado realizado pelos satélites Terra (Modis) e LandSat (TIRS) possibilita a análise diária dos corpos d'água. Segundo Juliano Schirmbeck, coordenador técnico do MapBiomas Água, o cruzamento dessas informações gera um sistema robusto para prever e antecipar possíveis ações de campo. A resolução espacial e temporal dos dados permite um acompanhamento detalhado, essencial para entender os impactos da elevação da temperatura nas áreas monitoradas.

As consequências da elevação das temperaturas nos lagos da Amazônia vão além da mortalidade imediata de espécies como os botos. De acordo com Frias, a redução na quantidade de água, a turbidez dos lagos e o excesso de radiação solar também estão exercendo uma pressão crescente sobre a vida nos ecossistemas. "O estresse térmico nos lagos tem aumentado, e os animais estão sendo confinados em ambientes com perda acelerada de água e maior amplitude térmica, o que pode comprometer todo o equilíbrio ecológico", alerta.

Esse cenário catastrófico na Amazônia reflete diretamente os impactos globais da crise climática. O aquecimento das águas está sendo impulsionado pelas mudanças climáticas, que intensificam os fenômenos de seca e calor extremo, especialmente em regiões vulneráveis como a Amazônia. O aumento da temperatura das águas afeta diretamente a fauna aquática, ameaçando a sobrevivência de espécies já em risco de extinção.

A plataforma Lagos da Amazônia, em parceria com o Instituto Mamirauá e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), tem trabalhado para mensurar e antecipar esses eventos críticos. No entanto, o desafio permanece: como frear o avanço do aquecimento e evitar um colapso generalizado dos ecossistemas aquáticos na maior floresta tropical do mundo?

A resposta está na urgência de ações globais para mitigar as emissões de gases de efeito estufa, reduzir o desmatamento e preservar os recursos hídricos da Amazônia. Esses esforços são cruciais para garantir a sobrevivência de espécies emblemáticas e preservar a integridade dos ecossistemas que desempenham um papel vital no equilíbrio climático do planeta.

Alerta para o futuro

O aquecimento dos lagos na Amazônia é mais uma evidência da gravidade da crise climática. A sobrevivência dos botos e de outras espécies depende de medidas rápidas e eficazes para conter a elevação das temperaturas e proteger esses ecossistemas frágeis. Sem uma ação coordenada, a fauna amazônica corre o risco de enfrentar novos episódios de mortandade em massa, com consequências devastadoras para a biodiversidade e para o clima global. 

Ronald Stresser, com informações da Agência Brasil.

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