domingo, 12 de outubro de 2025

Bruxos internacionais unem tradições euro-americanas

Quando dois magos se encontram: Chik Jeitoso e David Cartaxo trazem luz às tradições e aos rituais

A noite começou com a familiar confusão técnica das lives — telas carregando, microfones ajustados, saudação ao público — e, em seguida, foi tomada por algo mais antigo: a conversa franca entre dois homens que guardam um ofício que atravessa gerações.

Por Ronald Stresser — Sulpost

 
Bruxos Chik Jeitoso (Brasil) e David Cartaxo (Europa) - Ilustração/Sulpost

Chik Jeitoso, já conhecido por seus milhões de visualizações e por uma voz que mistura conselhos, rituais e afeto — recebeu em seu estúdio virtual David Cartaxo, que hoje vive em Zugarramurdi, no norte da Espanha, lugar que carrega nas pedras a memória das perseguições antigas às bruxas. O encontro — simples nos procedimentos e profundo nas palavras — desenhou fios entre Brasil e Europa, entre relatos pessoais e a história coletiva de quem cultiva práticas espirituais.

Linhas de sangue e memórias que se herdam

Cartaxo contou que a sua prática não é obra do acaso: vem da família, lembra a trisavó, relembra um tio bruxo no Alentejo — é uma herança que se transmite como histórias de mesa, como receitas de remédio e como mantras que os anos vão afinando. “Vem de gerações”, disse ele — e essa frase, pronunciada sem afetação, tem a força de quem carrega rituais como mapas para viver.

Chik respondeu com reconhecimento: não há competição entre quem trabalha a mesma matéria — há troca, admiração, validação. “Os verdadeiros bruxos têm amizade entre si”, disse, com a autoridade e a ternura de quem já viveu décadas de prática e viu milagres e charlatões passarem.

Zugarramurdi: as pedras que lembram

Ao falar de Zugarramurdi, Cartaxo não só descreveu uma vila: trouxe a história crua da inquisição, as grutas, o museu das bruxas, os artefatos e os cantos guardados. Ele contou como a região ainda pulsa uma energia antiga — e lembrou que a tentativa de apagar estas memórias (até caminhões de pimenta nas grutas, segundo o relato) não conseguiu anular um saber que persiste nas pessoas e nos rituais.

Rituais, curas e o desmanche do que prende

Parte do encontro virou explicação prática: como se age quando “os caminhos” de alguém estão fechados — por ressentimento, por enganos, por trabalhos negativos. Cartaxo falou de trabalhar com fogo, com linhas de São Cipriano, com orixás e com santos, sempre respeitando a linha espiritual do consulente. Chik complementou lembrando das benzedeiras e dos mantras antigos, feitos por décadas, que criam curas inesperadas.

“Cada pessoa traz um travão diferente nos caminhos. O fogo queima o que está oculto e devolve a luz.” — David Cartaxo.

A conversa deixou claro algo simples e potente: a espiritualidade que eles praticam resolve assuntos humanos — solidão, amores quebrados, bloqueios — com ferramentas simbólicas e com um trabalho de escuta que, para muitos, surge como o único remédio possível.

Prosperidade e mitos: o pacto da riqueza

Um dos momentos mais vivos do encontro foi quando ambos desfizeram mitos sobre “pacto com o diabo” e falaram da prosperidade como alinhamento de forças e sabedoria. Para eles, o “pacto” pode ser tratado como um acordo com as leis do universo — ou com santos e orixás — para abrir caminhos que a própria pessoa precisa trilhar.

“A pobreza está no desconhecimento”, disse Cartaxo. E nisso havia uma provocação: não demonizar a busca por estabilidade material como um pecado, mas lê-la como parte de uma vida inteira que também pede equilíbrio, sabedoria e trabalho interior.

Uma transmissão que foi rito

Ao final, o público, online, não aplaudiu apenas um show: sentiu-se participante de um rito que mistura ancestralidade, conselhos práticos e afeto. Foram risos, palavras de agradecimento e a sensação de reafirmação: que há tantos modos de buscar cura e sentido quanto há histórias para contá-las.

Para além do espetáculo das redes, a live foi um lembrete — e um convite — de que a magia mais humana é feita de escuta, de transmissão entre gerações e de responsabilidade. Dois bruxos, distintas latitudes; uma conversa que valeu por lição, memória e ternura. Clique aqui e veja a conversa entre Jeitoso e Cartaxo no Facebook oficial do o bruxo mais querido do Brasil.


Por Ronald Stresser — Sulpost. Contato: stresser.pt@gmail.com | WhatsApp/Pix: +55 (41) 99281-4340

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