domingo, 21 de setembro de 2025

Trovoadas e granizo deixam rastro de destruição no Paraná: em Castro, 600 casas danificadas

Tempestades de granizo deixam 600 casas danificadas em Castro, suspendem aulas e cancelam eventos em todo o Paraná

Por Ronald Stresser – Sulpost

 
Castro registrou forte precipitação de granizo na tarde deste domingo 21 - Divulgação 

As primeiras pedras de gelo começaram a cair ainda pela manhã. No início, um barulho discreto nos telhados de zinco. Em questão de minutos, o que parecia apenas mais uma chuva de inverno transformou-se em uma tempestade de granizo severa, que varreu Castro, nos Campos Gerais, deixando para trás janelas estilhaçadas, telhados furados e famílias inteiras tentando entender o tamanho do estrago.

Um levantamento preliminar da Defesa Civil aponta que cerca de 600 casas foram danificadas e pelo menos 2 mil pessoas afetadas. Apesar do cenário de devastação, não há registro de vítimas. “Foi muito rápido, não deu tempo de salvar nada dentro de casa. A gente só ouviu o barulho forte e quando percebemos já tinha água entrando por todo canto”, contou dona Maria Aparecida, moradora do Jardim Bela Vista, uma das regiões mais atingidas.

Força-tarefa em ação

As equipes da Defesa Civil Municipal, Corpo de Bombeiros e Exército montaram uma força-tarefa para atendimento imediato às famílias. No estacionamento do Max Atacadista, no bairro Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, um ponto emergencial de distribuição de lonas foi instalado. Quem precisa de telhas, madeira ou outros materiais pode procurar o Educandário Manoel Ribas, na avenida Prefeito Ronie Cardoso, no Jardim das Araucárias.

A tempestade se concentrou principalmente na região sul da cidade, atingindo áreas rurais como Passo dos Bois e Tronco. Nos bairros urbanos, o impacto foi forte no Jardim Termas de Riviera, Jardim Perpétuo Socorro, Jardim Alvorada, Jardim das Araucárias, Centro, Jardim Bela Vista e Vila Rio Branco.

Escolas e serviços suspensos

Os danos também chegaram aos prédios públicos. Escolas municipais, unidades básicas de saúde e até o setor de Fisioterapia da Vila Rio Branco tiveram suas estruturas comprometidas. As aulas foram suspensas em três escolas, assim como os atendimentos em duas UBS e em uma sala de fisioterapia. O Centro de Atividades Físicas da cidade também teve seu funcionamento paralisado por tempo indeterminado.

“Estamos trabalhando para garantir segurança e dignidade às famílias. O momento é de união da comunidade com o poder público”, afirmou um coordenador da Defesa Civil. O município avalia, junto com o Estado, a decretação de situação de emergência.

A ciência por trás do fenômeno

Segundo o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), a tempestade foi resultado do deslocamento de um vórtice ciclônico de altos níveis, um sistema de baixa pressão que se forma a cinco quilômetros de altitude e favorece a formação de tempestades severas.

“O granizo esteve associado a uma tempestade que se intensificou justamente por conta da topografia dos Campos Gerais. A circulação dos ventos dentro da nuvem gerou o resfriamento das gotas, formando as pedras de gelo”, explicou o meteorologista Reinaldo Kneib.

Além de Castro, também houve registros de granizo em Curitiba, Quatro Barras, Colombo e Telêmaco Borba, sem relatos de grandes estragos. Na capital, rajadas de vento chegaram a 45 km/h, e a prefeitura cancelou eventos do projeto Lazer no Parque em vários pontos da cidade.

Paraná em alerta

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu quatro alertas ativos para o Paraná, incluindo o alerta vermelho, que indica perigo de grandes acumulados de chuva para o Oeste, Centro-Sul e Sudoeste, especialmente nas cidades próximas à divisa com Santa Catarina.

Até as 14h45 desta terça-feira (26), os maiores volumes de chuva foram registrados em Araucária (52,2 mm), Guarapuava (44 mm) e Candói (38,2 mm). Em Curitiba, o acumulado foi de 24 mm, mas o temor é que novas tempestades se formem até a noite.

Entre o medo e a solidariedade

Enquanto o Simepar segue monitorando a movimentação do sistema climático, em Castro, o dia termina com uma sensação de vulnerabilidade, mas também de cooperação. Vizinhos ajudam vizinhos, igrejas e associações organizam doações, e os olhares se voltam para os céus, na esperança de que a tormenta tenha passado.

“Agora é reconstruir. O telhado a gente arruma, mas o susto ninguém esquece tão cedo”, desabafa seu João Ferreira, agricultor da região do Tronco, mostrando nas mãos as pedras de gelo que guardou como lembrança de um dia que ficará marcado na memória da cidade.


📌 Serviço para famílias atingidas em Castro:

  • Distribuição de lonas: Estacionamento do Max Atacadista – Bairro Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
  • Auxílio com telhas e madeira: Educandário Manoel Ribas – Av. Prefeito Ronie Cardoso, 740 – Jardim das Araucárias

Fontes: Defesa Civil Municipal de Castro, Simepar, Inmet, Prefeitura de Curitiba.

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