Do asfalto às redes: por que a multidão que foi às ruas em 21 de setembro e a voz do bruxo Chik Jeitoso apontam para um novo nome à direita — Ratinho Júnior como alternativa “sem jogo sujo”
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Luiz Antônio Ferreira Pereira, o Bruxo Chik Jeitoso — Arquivo |
Chuva, vozes e uma câmera: foi assim que, em Curitiba, na tarde deste domingo, um vídeo curto e direto de Luiz Antônio Ferreira Pereira — conhecido pelo público como o “Bruxo Chik Jeitoso” — retomou uma narrativa que já vinha circulando nas redes e nas rodas políticas. Ele enxerga, nas ruas e nas pesquisas locais, não apenas um alerta contra a anistia e a “blindagem” a dirigentes, mas a formação de um terreno fértil para um nome da direita que não queira se sustentar em conflito permanente — o governador Ratinho Júnior. A previsão não é só mística; é leitura de conjuntura política em voz alta.
As ruas que falaram alto: o 21 de setembro
Neste domingo, atos convocados por movimentos sociais, artistas e setores da sociedade civil ocuparam praças e avenidas em dezenas de cidades brasileiras contra propostas que atacam a responsabilização por crimes políticos: a chamada PEC da Blindagem — que dificulta o processamento de parlamentares — e um projeto de anistia que poderia atingir condenados pelos atos de 8 de janeiro. As grandes agências e jornais internacionais e nacionais registraram multidões e uma presença forte de artistas e lideranças cívicas nas manifestações.
Esses atos não foram pontuais: foram convocados para mais de 20 estados, com programação que incluiu desde pequenas mobilizações locais até grandes concentrações em capitais como São Paulo, Rio e Brasília — e participações públicas de artistas que deram visibilidade nacional à pauta.
O recado do bruxo
O vídeo de Chik — cuja transcrição integra esta reportagem — mistura a retórica do místico com análise política clara. Em trechos: “Gente, a manifestação hoje em Curitiba, mesmo debaixo de chuva, foi maravilhoso. Em todo o Brasil, contra anistia e também essa blindagem… (…) Aqui no Paraná, com 90% de aprovação, nós temos o governador do Paraná, Carlos Roberto Massa, Ratinho Júnior. Esse tem equilíbrio.”
Não se trata apenas de um bordão; Chik sintetiza duas correntes que se encontram: a insatisfação com medidas vistas como impunidade — que empurra multidões às ruas — e a busca por um nome de centro-direita que consiga traduzir essa inquietação em discurso plausível para além dos núcleos mais polarizados. Matérias sobre o influenciador destacam sua ampla audiência e a capacidade de transformar previsões em tópicos de debate público.
Ratinho Júnior: o espelho da aprovação local — e os limites da projeção nacional
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Lula, Chik Jeitoso e Ratinho Junior - Ilustração/Sulpost |
Pesquisas realizadas no Paraná nos meses recentes mostram níveis de aprovação do governador muito altos — levantamentos locais chegaram a apontar índices na casa dos 80% a 85% entre os paranaenses — números que alimentam a narrativa de que Ratinho Júnior possui “lastro” para sonhar com palanques maiores. Esses dados são reais e ilustram uma base sólida no estado, mas têm limites claros ao tentar ser nacionalizados.
A transposição de popularidade estadual para competitividade nacional exige estrutura partidária, alianças federais, penetração em regiões como Nordeste, Sul e Centro-Oeste, além de meios de comunicação e um roteiro de campanha organizado. A leitura de observadores políticos é uníssona: aprovação local é ponto de partida — não garantia.
O fator Bolsonaro — e por que isso influencia o tabuleiro
Parte do quadro que alimenta a hipótese de uma candidatura alternativa à direita está ligada a processos jurídicos envolvendo lideranças que representaram a polarização mais extrema nos últimos anos. Reportagens recentes internacionais e nacionais trazem registros de sentenças e processos que mudam a geografia dos possíveis candidatos — informação que reconfigura alianças e abre espaço para nomes menos confrontadores. Caso particular: notícias publicadas nas últimas semanas registraram decisões e sentenças relevantes no caso do ex-presidente, o que intensificou debates sobre anistia e blindagem no Congresso e nas ruas.
Em suma: se um provável líder de direita for inviabilizado por questões legais, o ambiente eleitoral exigirá alternativas — e isso é justamente o ponto que Chik articula como previsão: a emergência de um candidato que dispute “no campo das propostas” e não do confronto permanente.
A reportagem foi ouvir muita gente
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O mago das redes e senhor dos sortilégios, Chik Jeitoso, na berlinda - Arquivo |
Na rua: manifestantes disseram à nossa equipe que saíram para “defender a democracia” e impedir medidas que, segundo eles, corrigiriam indesejados privilégios a poderosos. Nas redes: vídeos e postagens amplificaram a mensagem de artistas e movimentos civis. Entre analistas: há consenso em duas frases complementares — há uma onda de repúdio às propostas de anistia e blindagem; e há um vácuo na direita tradicional que favorece a busca por alternativas menos radicais.
A sorte está lançada
A expressão é deliberada: lançada a semente de insatisfação nas ruas e nos parlamentos, plantado o questionamento sobre quem representará a direita sem ruidosidade, resta ver quem terá capacidade de transformar narrativa em projeto político crível.
Três perguntas cruciais traduzem o que vem pela frente:
- Ratinho Júnior conseguirá construir uma articulação nacional, ampliando sua base além do Brasil Sul e do centro-sul?
- As manifestações e a pressão pública sobre anistia/PEC da Blindagem se transformarão em força eleitoral duradoura ou em picos de mobilização cidadã?
- Qual será o desfecho dos processos jurídicos envolvendo líderes que polarizaram a cena — decisões que mudam o tabuleiro eleitoral e aceleram a emergência de alternativas?
Responder essas perguntas exige tempo, vigilância jornalística e checagem contínua — e é isso que vamos acompanhar aqui no Sulpost: a interseção entre voz popular, decisão judicial e construção política nacional para 2026.
Estamos sempre ligados no cenário político, e, porque não, também no cenário místico brasileiro. Antenados às previsões do mago das redes sociais, o Bruxo Chik Jeitoso e com olhos, ouvidos e dispositivos bem conectados aos bastidores da política brasileira.
Veja o vídeo do bruxo que viralizou nas redes
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