Com a eleição de Robert Francis Prevost, norte-americano de Chicago, a Igreja Católica inaugura um novo tempo de esperança, diálogo e fé globalizada
Por Ronald Stresser*Papa Leão XIV - Alberto Pizzoli / AFP / CP |
Por volta das 13h11 desta quinta-feira, 8 de maio de 2025 (horário de Brasília), o mundo viu a fumaça branca subir da chaminé da Capela Sistina. Por alguns segundos, fiéis reunidos na Praça São Pedro prenderam a respiração. Depois, a confirmação: era, de fato, o sinal mais aguardado desde que Francisco anunciou sua renúncia. O conclave terminava. E a Igreja Católica, mais uma vez, dizia ao mundo: temos um novo papa.
Do silêncio emocionado à explosão de aplausos, os olhos de milhares de pessoas se voltaram para o mesmo ponto no horizonte. Robert Francis Prevost, cardeal nascido em Chicago, foi o escolhido pelos 133 cardeais eleitores para conduzir a Igreja nos próximos anos. Ao aceitar a missão, adotou o nome de Leão XIV.
Aos 69 anos, Leão XIV faz história como o primeiro papa norte-americano. Mas sua trajetória vai muito além das fronteiras dos Estados Unidos: formado na Ordem de Santo Agostinho, viveu boa parte de sua vida missionária no Peru, servindo às comunidades mais simples com a humildade dos que conhecem a força da fé na base.
Uma nova liderança para um mundo em transformação
Foi só depois do tradicional anúncio em latim – “Annuntio vobis gaudium magnum: habemus Papam” – que o novo pontífice surgiu na sacada da Basílica de São Pedro. Vestido com a batina branca que carrega séculos de história, Leão XIV se apresentou com um semblante sereno. Seus primeiros gestos foram de escuta. De reverência à multidão que, mesmo sob sol forte, não arredava o pé da praça.
Ainda que sua fala inicial tenha sido breve, ficou claro o espírito com que assume o cargo: um papa do diálogo, da reconciliação e da responsabilidade. Um pastor atento às dores do presente, mas com os pés fincados na tradição da Igreja.
Entre Roma, Lima e Chicago
Filho do meio-oeste americano, mas com alma latino-americana, Leão XIV representa uma síntese improvável e promissora. Cresceu em Chicago, em um ambiente marcado pela fé católica operária. Na juventude, ingressou na vida religiosa e, anos depois, seria enviado ao Peru, onde atuou por décadas como missionário e depois como bispo. Sua voz ganhou projeção internacional quando, em 2023, o Papa Francisco o nomeou para liderar o Dicastério para os Bispos — uma das funções mais influentes do Vaticano.
O nome papal que escolheu também diz muito. Ao tornar-se Leão XIV, o novo papa se alinha simbolicamente a Leão XIII, conhecido por sua defesa da dignidade dos trabalhadores, da justiça social e por ter lançado as bases da doutrina social da Igreja. Não por acaso, a escolha foi interpretada como um sinal de compromisso com os pobres, com o meio ambiente e com a urgência de um novo pacto moral entre fé e humanidade.
A fé continua, mas algo muda
O peso da batina branca não é apenas simbólico. Ela carrega em si as esperanças de mais de 1,3 bilhão de católicos ao redor do mundo. Gente que, em diferentes idiomas, culturas e realidades, continua acreditando que a fé pode ser uma resposta — ou ao menos um caminho — em tempos de tanta incerteza.
Com Leão XIV, a Igreja parece mirar não no passado, mas no que virá. Na possibilidade de uma fé mais próxima, mais justa, mais dialogada. Uma fé que abrace sem excluir, que escute antes de julgar, que caminhe com coragem rumo ao desconhecido.
No Vaticano, os sinos já tocaram. O mundo católico, agora, começa a caminhar sob uma nova voz. "Que a paz esteja com todos vocês", disse o Papa Leão XIV da sacada do Vaticano ao se apresentar aos católicos e católicas do mundo inteiro. E a paz vem de Chicago.
*com informações do Vatican News.
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