segunda-feira, 26 de maio de 2025

Itaipu apresenta projeto Cozinhas Solidárias Sustentáveis

Cozinhas Solidárias Sustentáveis: uma semente brasileira para enfrentar a fome com energia limpa e afeto

Por Ronald Stresser*

 
 

Na última quinta-feira (22), em meio aos salões imponentes do Palácio Itamaraty, em Brasília, uma ideia brotou entre ministros, diplomatas e lideranças internacionais com um propósito simples, porém revolucionário: transformar cozinhas comunitárias em polos de cuidado, autonomia e energia limpa. Foi ali, durante o 2º Diálogo Ministerial Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural, que o projeto-piloto Cozinha Solidária Sustentável, da Itaipu Binacional, brilhou como uma promessa concreta diante dos desafios globais da fome e da pobreza energética.

Representando a empresa, a assistente do diretor-geral brasileiro da Itaipu, Silvana Vitorassi, apresentou o programa no painel dedicado à “Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza”. Diante de um público que incluía o vice-presidente da Tanzânia, Philip Isdor Mpango, e o ministro brasileiro Wellington Dias, Silvana fez mais do que apresentar dados: ela contou uma história de articulação entre o poder público, a sociedade civil e as comunidades que mais precisam.

“Essa cozinha é muito mais do que um fogão”, disse Silvana, com a convicção de quem viveu de perto a construção coletiva do projeto. Segundo ela, a semente da ideia foi plantada pela primeira-dama Janja Lula da Silva, também presente ao evento, ao propor à Itaipu e seus parceiros uma reflexão sobre como combater a pobreza energética – uma realidade que afeta silenciosamente milhões de lares, especialmente os chefiados por mulheres. A resposta veio em forma de acolhimento e inovação.

Inspirado em iniciativas populares surgidas durante a pandemia da covid-19, o modelo das Cozinhas Solidárias Sustentáveis resgata a força das redes comunitárias e as atualiza com tecnologias de ponta. Biodigestores para produção de biogás, placas solares para gerar energia elétrica e hortas agroecológicas interligadas formam o coração do projeto. Nada se perde: os resíduos alimentam novamente o sistema, num ciclo virtuoso que cuida da terra, das pessoas e do futuro.

Mas o que torna essas cozinhas realmente especiais é sua vocação humana. “É um espaço de troca, de encontro, de reexistência”, definiu Silvana. Mais do que alimentar corpos, o projeto pretende nutrir vínculos sociais, fortalecer o protagonismo feminino e cultivar soluções locais para um problema global.

Hoje, o programa-piloto está sendo testado em diferentes regiões do Brasil, cada uma com seu solo, seu clima e sua cultura. Universidades, movimentos sociais e a Associação Brasileira de Biogás e Biometano acompanham de perto esse laboratório vivo, onde tecnologia social e ancestralidade caminham juntas. A esperança é que, em breve, o modelo possa se multiplicar – no Brasil e além-mar, inclusive no continente africano, com quem o país compartilha desafios e raízes profundas.

Além das cozinhas e suas histórias de transformação, o encontro no Itamaraty abriu espaço para outras conversas fundamentais. Em rodas de diálogo que cruzaram fronteiras e realidades, representantes de governos e instituições internacionais discutiram caminhos para financiar o desenvolvimento rural e repensar os sistemas que colocam comida na mesa — com mais sustentabilidade, equidade e respeito à vida no campo.

Entre os nomes presentes, estavam o chanceler brasileiro Mauro Vieira e a etíope Nardos Bekele-Thomas, diretora-executiva da Agência de Desenvolvimento da União Africana. Com olhares atentos e falas comprometidas, eles se somaram a um coro de lideranças que, ao fim do dia, firmaram juntos um pacto: a Declaração Final do Diálogo Brasil-África. Mais do que um documento, um compromisso coletivo de enfrentar a fome com criatividade, cooperação e justiça social — de mãos dadas entre continentes que, apesar das distâncias, compartilham sonhos parecidos.

Com sua fala emocionada, Silvana Vitorassi deixou um recado que ecoa além das paredes do Itamaraty: “As cozinhas são espaços de resistência, mas também de esperança. É ali, no calor do fogão e na força do coletivo, que pode nascer um novo modelo de desenvolvimento.”

No encontro entre saberes populares, tecnologia limpa e políticas públicas, o projeto da Itaipu reacende a chama de um mundo mais justo e solidário – começando por onde a vida se refaz todos os dias: a cozinha.

*com informações da Itaipu Binacional.

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