quarta-feira, 7 de maio de 2025

Avião da FAB com o presidente Lula é proibido de sobrevoar a Estônia

Estônia fecha o céu para Lula em meio a tensões geopolíticas, mas cessar-fogo reacende esperança na Europa Oriental

Por Ronald Stresser*

 
Avião do Presidente Lula é escoltado por caças da FAB - Ricardo Stuckert
 

Na manhã gelada desta quarta-feira, enquanto a névoa ainda pairava sobre o Mar Báltico, um comunicado seco e direto do Ministério das Relações Exteriores da Estônia percorreu a Europa como uma rajada cortante: o espaço aéreo do país estava oficialmente fechado para aviões do Brasil e de Cuba com destino à Rússia. A mensagem, embora técnica, carrega o peso simbólico de uma Europa rachada por rivalidades antigas, que hoje se refletem em cada rota de voo.

O avião da Força Aérea Brasileira, que transporta o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para os eventos do 80º aniversário da vitória soviética sobre o nazismo, teve de traçar nova rota às pressas. A proibição imposta por Tallinn obrigou a aeronave a contornar o território estoniano, aumentando o tempo de voo e expondo a fragilidade diplomática entre os blocos geopolíticos.

Segundo o governo estoniano, a decisão foi motivada pela recusa em permitir qualquer apoio simbólico ao que chamaram de “evento de propaganda” organizado pelo Kremlin. “O uso do espaço aéreo da Estônia para voos com destino a Moscou está completamente fora de cogitação”, declarou o ministro das Relações Exteriores Margus Tsahkna. A mensagem foi clara: os céus estonianos não receberão chefes de Estado que ousem celebrar a vitória soviética em solo russo — nem mesmo Lula, conhecido mundialmente por seu papel de mediador em tempos de guerra.

A medida faz parte de uma ação coordenada entre países bálticos. Letônia e Lituânia também barraram o avião do presidente sérvio Aleksandar Vucic, que só conseguiu chegar à Rússia nesta quarta-feira por uma rota alternativa. Os líderes do Leste Europeu temem que a presença de autoridades estrangeiras no Desfile da Vitória em Moscou seja interpretada como legitimação tácita da postura russa na guerra com a Ucrânia.

A trégua pelo Dia da Vitória

Mas nem só de tensões vive o 9 de maio. Em um gesto inesperado, o presidente russo Vladimir Putin anunciou, no fim de abril, um cessar-fogo humanitário para os dias que antecedem e sucedem o feriado. A trégua entrou em vigor à meia-noite de hoje, horário local — ainda que o histórico recente não inspire plena confiança.

Segundo o comunicado do Kremlin, “todas as hostilidades serão suspensas entre 8 e 10 de maio”, como forma de preservar a memória daqueles que tombaram na Segunda Guerra Mundial e permitir homenagens pacíficas. Embora a Ucrânia tenha rejeitado formalmente o acordo, exigindo uma trégua mais longa e “incondicional”, a pausa nos combates foi confirmada por observadores internacionais até o início da tarde desta quarta-feira.

Nas ruas de Moscou, bandeiras vermelhas já enfeitam as avenidas, enquanto veteranos e crianças ensaiam as canções que marcarão o desfile. Para muitos, o silêncio temporário das bombas é uma janela estreita de humanidade em uma guerra marcada por promessas quebradas.

Enre rotas fechadas e portas entreabertas

Lula segue viagem rumo a Moscou, apesar das dificuldades logísticas impostas pela Estônia e seus aliados. Sua presença no desfile, que contará com líderes de quase 30 países, é simbólica: sinaliza que o Brasil — ainda que distante do conflito — acredita na diplomacia como única saída legítima. Desde o início da guerra, o presidente brasileiro tem se posicionado por uma solução negociada e pelo fim das hostilidades.

Para quem acompanha com atenção a política internacional, o fechamento do espaço aéreo da Estônia é mais do que um entrave técnico. É o reflexo de um mundo que, mesmo diante de um cessar-fogo provisório, ainda parece incapaz de encontrar rotas seguras para a paz.

*com informações do Sputnik.

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