sábado, 22 de março de 2025

Porto de Paranaguá ensaia futuro, mesmo sem nenhum cruzeiro operando no Paraná

Porto de Paranaguá ensaia futuro com navios de cruzeiro, mas, por ora, é o uísque que navega em alta no Paraná

 
Engenheiros da Portos do Paraná participam de simulação de atracação de navios de cruzeiro no Tanque de Provas Numérico da USP
 

No horizonte do Porto de Paranaguá, um futuro promissor se desenha. Enquanto as águas da Baía de Paranaguá testemunham simulações de manobras detalhadas para atracação de navios de cruzeiro, as prateleiras dos supermercados paranaenses contam outra história: o uísque escocês, antes reservado às cartas de bebidas de embarcações luxuosas, agora sobra e surpreende consumidores com preços acessíveis. Entre o ensaio e a realidade, o estado parece afinar seus instrumentos para atrair um público que, por ora, ainda não está a bordo.

Nesta semana, engenheiros e especialistas participaram de testes no Tanque de Provas Numérico da USP, em São Paulo, utilizando tecnologia de ponta para simular condições de atracação em tempo real. Com projetores 360°, rajadas de vento simuladas e cálculos precisos de marés e correntezas, o exercício buscou antever os desafios de receber embarcações de até 337 metros e cinco mil passageiros. A meta? Um berço exclusivo para cruzeiros no Porto de Paranaguá, que, segundo Victor Kengo, diretor de Engenharia da Portos do Paraná, poderá alavancar o turismo e movimentar a economia litorânea.

Mas, enquanto a infraestrutura se molda e as projeções ganham forma, o cenário atual é marcado pela ausência de cruzeiros. Com o comunicado da MSC de que, no momento, não operará no Paraná, o que resta é o questionamento: o esforço vale a pena sem passageiros à vista? Para os frequentadores das gôndolas de bebidas, a resposta é um retumbante sim – o uísque escocês, sem destino aos navios, agora chega à mesa dos consumidores com preços que mais parecem de outlet.

"Comprei um rótulo que sempre foi inacessível. Não sei se é o efeito dos navios que não vieram, mas, se for, já estamos no lucro", brinca o comerciante Márcio Souza, de Curitiba. Essa curiosa bonança para os amantes da bebida contrasta com os movimentos da Portos do Paraná, que visam um público de alto padrão em cruzeiros.

De fato, o governo estadual não esconde sua intenção de atrair novos players para o Porto de Paranaguá. Entre os investimentos, estão a dragagem, estudos hidrodinâmicos e a criação de uma área específica para receber embarcações que transportem turistas até atrações locais. É um jogo estratégico, que busca colocar o litoral paranaense no mapa das rotas marítimas internacionais.

Enquanto isso, as simulações continuam. No aniversário de 90 anos do porto, o investimento de R$ 1 bilhão e a adoção da metodologia BIM para projetos de construção reforçam que o estado está mirando longe. Contudo, as prateleiras abarrotadas de uísque escocês parecem lembrar que, enquanto o futuro não atraca, os paranaenses podem brindar – seja ao potencial turístico ou ao prazer de um bom gole.

O tempo dirá se o esforço para receber cruzeiros será recompensado. Mas, por ora, o Paraná segue entre a sofisticação dos simuladores e a curiosa consequência do comércio: um estado que ensaia ser escala dos grandes navios, mas já é parada obrigatória para os amantes da mais famosa bebida escocesa. Estamos de olho.

Ronald Stresser, de Curitiba.

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