domingo, 23 de março de 2025

A cada dia que passa, para Bolsonaro, a única saída parece ser o aeroporto

Bolsonaro e Eduardo: um plano de fuga ou uma novela com toques de realidade paralela?

Por Ronald Stresser


O deputado Eduardo Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) - Beto Barata/PL

Na trama política brasileira, um novo capítulo parece estar sendo escrito sob o título: "Exílio nos EUA: made in USA". A narrativa, digna de uma série de streaming, coloca o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo em uma suposta estratégia de fuga, envolvendo discursos inflamados, transferências financeiras milionárias e até um "herói improvável" – Donald Trump. Mas será que o público está assistindo a uma saga política ou uma ficção científica?

Enquanto Eduardo Bolsonaro desfila nos Estados Unidos anunciando que só pisa em solo brasileiro após Alexandre de Moraes deixar o STF, os ministros da Suprema Corte analisam os fatos com uma dose de desconfiança. Para eles, a ida do deputado – agora licenciado – ao território norte-americano é mais do que uma simples fuga da realidade política brasileira. É, talvez, uma fuga literal. Afinal, diante das crescentes investigações, a palavra "exílio" começa a soar como uma estratégia.

Segundo relatos da Polícia Federal, Jair Bolsonaro já havia flertado com essa ideia no final de 2022, quando transferiu R$ 800 mil para os EUA. Um valor que, convenhamos, daria para cobrir não só a estadia, mas talvez até a contratação de um roteirista de Hollywood para tornar a trama mais crível. Contudo, para os ministros do STF, o “calor” das investigações parece ter reacendido os planos do ex-presidente. "Eles chamam de exílio, mas sabemos que é outra coisa", comentou um ministro.

A narrativa ganha um toque de drama com a declaração de Eduardo Bolsonaro de que não voltará ao Brasil enquanto Moraes estiver no STF. A fala soou quase como um ultimato: "Ou ele, ou eu". Para quem acompanha de fora, fica a dúvida – será que Eduardo acredita mesmo que pode dar as cartas ou está apenas reforçando a ideia de que vivem em uma realidade paralela? Porque, até agora, Moraes parece muito confortável em sua cadeira no STF.

O fracasso de Copacabana e o encolhimento da bolha

Os últimos meses não têm sido generosos com os Bolsonaro. O ato em Copacabana, marcado por apelos à anistia, foi um fiasco. O mar de apoiadores que antes lotava as ruas deu lugar a um pequeno grupo que, com bandeiras e faixas, parecia mais um protesto de bairro do que uma mobilização nacional. Foi ali que a bolha bolsonarista começou a mostrar rachaduras. E é difícil não notar o selo "made in USA" estampado nos últimos movimentos da família, O que me fez inclusive lembrar aquele velho ditado: 'Brasil, em que usa não te ama."

A aposta em Donald Trump como um possível salvador é outro ponto que beira o surreal. Para Eduardo, o ex-presidente norte-americano poderia, quem sabe, mover peças no tabuleiro para livrar a família Bolsonaro do impasse jurídico. Mas, considerando que Trump também enfrenta seus próprios dilemas legais, é mais provável que essa seja mais uma jogada de propaganda do que um plano concreto.

Estratégia de fuga ou desespero político?

Entre aliados, a narrativa é a de que a decisão de Eduardo foi tomada por impulso. Segundo fontes próximas, o deputado nem tinha roupas suficientes para a temporada nos EUA, algo que dá um tom quase cômico à situação. É difícil imaginar um plano de fuga sendo arquitetado com tamanha improvisação – ou talvez esse seja exatamente o charme da história. Afinal, um roteiro bem amarrado não seria a marca registrada do bolsonarismo.

Jair Bolsonaro, por sua vez, tenta se manter em cena, afirmando que não sairá do Brasil e que as especulações sobre sua fuga são infundadas. Mas suas palavras, como sempre, deixam espaço para interpretações. Enquanto isso, Eduardo anuncia que poderá disputar uma vaga no Senado em 2026, caso as "circunstâncias políticas" mudem. Fica a dúvida: ele realmente acredita nisso ou apenas espera que o público compre o próximo capítulo da novela?

O que resta da bolha?

Seja como fuga, exílio ou simples tática de marketing político, o fato é que o bolsonarismo parece estar perdendo força. O apoio que antes era inabalável agora se fragmenta, e o "cenário paralelo" criado pela família Bolsonaro começa a mostrar sinais de desgaste. A realidade, porém, não parece ser suficiente para os protagonistas dessa história – talvez porque, no fundo, é mais fácil viver na bolha. Mesmo que ela esteja cada vez menor e com um selo que, ironicamente, diz: "Made in USA", coisa de gringo.

Ah, os tempos! Ah, os costumes!

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