sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

"A Saga", um tributo ao Paraná

Manaoos Aristides e “A Saga”: um épico paranaense que transcende as telas

 
O diretor Manaoos Aristides em ação - AEN

No início de 1999, em Cascavel, um cineasta ousou sonhar grande. Manaoos Aristides, já experiente em dramaturgia pela TV Globo e TV Bandeirantes, encarava o maior desafio de sua carreira: transportar para as telas a rica e complexa história do Paraná. O resultado? “A Saga – Da Terra Vermelha Brotou o Sangue”, a maior série de TV já produzida fora do eixo Rio-São Paulo, que emocionou e educou milhões. 

“Eu sempre quis contar a história de Cascavel, do oeste paranaense. Quando cheguei à região, nos anos 1960, vi uma terra vibrante, cheia de histórias que precisavam ser desvendadas”, relembra Manaoos, que adotou o Paraná como sua casa de coração. 

O nascimento de um épico

O projeto começou modesto, com a ideia de um filme ou minissérie curta. Mas, ao mergulhar nos documentos históricos e nas narrativas locais, Manaoos percebeu que havia material suficiente para algo muito maior. Com uma linha do tempo que ia do século XVI até os anos 1960, “A Saga” tornou-se uma série de 16 capítulos, cada um com uma hora de duração.  

“Não foi fácil. Produzir fora do eixo Rio-São Paulo é desafiador, mas o Paraná nos deu tudo o que precisávamos. A história estava lá, esperando para ser contada”, conta o diretor.  

As filmagens ocorreram em mais de 27 cidades, incluindo Cascavel, Ponta Grossa, Morretes, Tibagi, Antonina e as Cataratas do Iguaçu. As locações foram escolhidas a dedo para capturar a essência histórica e cultural do estado. 

Produção monumental 

Com mais de 5 mil pessoas envolvidas, entre atores, figurantes e técnicos, “A Saga” foi um trabalho coletivo que misturou profissionais experientes e talentos locais. “A participação do povo paranaense foi essencial. Eles não só atuaram, mas também ajudaram a construir figurinos, cenários e, claro, deram vida à história”, afirma Manaoos. 

Um dos maiores desafios foi recriar cenários históricos. Três cidades cenográficas foram construídas, incluindo uma em Porto Mendes, com 26 edifícios de madeira representando vilas do passado. 

“Cada detalhe foi pensado para ser fiel à época. Até as fachadas das casas tinham múltiplos usos como cenários internos”, explica o cineasta. 

Reconhecimento nacional e internacional

Após anos de trabalho e dificuldades financeiras – Manaoos investiu boa parte de seus próprios recursos no projeto –, a série foi exibida entre 2014 e 2017 pela TV Brasil e mais de 200 emissoras em todo o país, alcançando 110 milhões de visualizações.  

Em 2016, “A Saga” foi destaque no RioContentMarket, ao lado de gigantes da teledramaturgia como os criadores de “Game of Thrones” e “Sherlock”. Representando o Brasil, Manaoos apresentou sua obra como um marco cultural e histórico.  
“É mais do que entretenimento. ‘A Saga’ é um documento histórico, uma celebração da identidade do povo paranaense”, diz o diretor.  

O futuro de “A Saga”  

Em 2025, Manaoos lança o projeto “Difusão de A Saga”, uma turnê por faculdades e comunidades paranaenses. Com exibição de compactos da série, palestras com atores e historiadores e emissão de certificados acadêmicos, o evento busca resgatar e perpetuar a história contada na série. 

“Quero que as novas gerações entendam de onde vieram. O Paraná é rico em cultura e história, e ‘A Saga’ é uma homenagem a isso”, afirma emocionado. 

Legado imortal

Manaoos Aristides dedicou mais de uma década de sua vida a este projeto, superando dificuldades financeiras e logísticas. O resultado é uma obra singular, feita com paixão, para o povo e pelo povo. 

“A Saga – Da Terra Vermelha Brotou o Sangue” não é apenas uma série de TV; é um tributo ao Paraná e uma prova de que, com determinação e amor pela arte, é possível realizar o impossível.  

 

 

Ronald Stresser, da redação.

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