O cansaço que une o Brasil no clamor popular pelo fim da desumana jornada de trabalho 6x1
Finalmente Brasil vislumbra o fim da estafante jornada 6x1 Ilustração/IA |
Por trás da carteira de trabalho, do sorriso educado no atendimento e da eficiência que mantém empresas funcionando, há uma realidade silenciosa: a exaustão. Para milhões de brasileiros que seguem a escala de trabalho 6x1, o único dia de descanso semanal mal é suficiente para recarregar as energias. Agora, o debate sobre a mudança dessa rotina desgastante está ganhando força e ampla adesão popular.
A proposta de extinguir a jornada 6x1, na qual o trabalhador atua por seis dias consecutivos e descansa apenas um, tem gerado um fervoroso debate em todo o país. Pesquisa recente do Datafolha revelou que 64% dos brasileiros são favoráveis à mudança. O apoio é ainda mais expressivo entre mulheres (70%) e jovens de 16 a 24 anos, dos quais 81% defendem a revisão do modelo.
Não somos máquinas
Rita de Souza, 34 anos, é balconista em um supermercado de São Paulo. Ela começa o dia antes das 6h e só retorna para casa às 19h. "No domingo, eu lavo roupa, arrumo a casa e, quando vejo, o dia acabou. Começo a semana cansada", desabafa. Para Rita, a mudança seria um alívio. "Seria mais tempo para a família, para mim mesma. Não somos máquinas."
Especialistas concordam com Rita. Segundo Lila Cunha, consultora em saúde do trabalho, a escala 6x1 aumenta o risco de esgotamento físico e mental. "A falta de tempo adequado para recuperação impacta diretamente na saúde e na produtividade do trabalhador. Não é sustentável a longo prazo", explica.
Apoio popular e debate no congresso
O movimento pelo fim da jornada 6x1 ganhou um novo capítulo com a Proposta de Emenda à Constituição apresentada pela deputada Érika Hilton (PSOL-SP). A proposta, que será discutida na Câmara em fevereiro, já recebeu apoio expressivo de diversos parlamentares e sindicatos.
"Essa é uma luta por dignidade. É sobre permitir que as pessoas vivam, e não apenas sobrevivam", afirmou a deputada.
A pesquisa Datafolha também mostrou que a aprovação da mudança transcende classes sociais. Entre aqueles que recebem até dois salários mínimos, 68% apoiam a alteração, enquanto o percentual entre os que ganham mais de cinco salários mínimos é de 56%.
Resistência e dúvidas
Embora a ideia tenha amplo apoio, há quem veja com cautela. Entre os mais velhos, especialmente aqueles com mais de 60 anos, 48% se opõem à mudança, citando possíveis impactos na economia e na competitividade das empresas.
Para o economista Marcelo Andrade, o desafio será encontrar um equilíbrio. "Reduzir a carga de trabalho pode beneficiar a saúde do trabalhador, mas é necessário ajustar a legislação para evitar perdas econômicas e manter a produtividade das empresas."
Um futuro de esperança
Apesar das divergências, a discussão reflete um anseio coletivo por melhores condições de vida. Entre os jovens, a expectativa é de que a mudança possa representar um novo pacto social, no qual o trabalho e a vida pessoal coexistam de forma mais harmônica.
"Quero um futuro diferente para mim e para os meus filhos", sonha Rita. Ela, como tantos outros brasileiros, espera que 2025 seja o ano em que o Brasil dará um passo à frente na construção de uma sociedade mais justa e humana.
Enquanto o debate avança no Congresso e nas ruas, a mensagem parece clara: o cansaço uniu o Brasil. Agora, é hora de agir.
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