Nos trilhos do futuro: Transnordestina começa a sair do papel
Hanna Sophie e seu irmão Carlos Eduardo brincando nos trilhos da Transnordestina (2018) - Wikimedia Commons |
Depois anos de espera, expectativas e promessas frustradas, a Região Nordeste finalmente pode ver sinais concretos de que a Ferrovia Transnordestina poderá finalmente se tornar realidade. Com um investimento de R$ 3,6 bilhões garantido pelo Governo Federal, o projeto ganhou novo fôlego dentro do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). A expectativa? Trazer desenvolvimento e uma logística mais eficiente para uma das regiões mais carentes de infraestrutura no Brasil.
Essa obra, que não é pequena, vai ligar o interior nordestino aos portos de Pecém (CE) e Suape (PE), atravessando 1.753 quilômetros. Na prática, isso significa mais competitividade para os produtos da região e um transporte mais barato e rápido. Para produtores de estados como Piauí, Pernambuco e Ceará, pode ser a diferença entre crescer ou permanecer limitado pelas dificuldades do escoamento.
Danilo Cabral, superintendente da Sudene, destacou o impacto que a ferrovia pode gerar: “Queremos ver os trens cruzando o sertão, levando nossa produção para o mundo e, ao mesmo tempo, trazendo oportunidades para a população”.
Enquanto os trilhos avançam, os números impressionam. Só durante as obras, cerca de 10 mil empregos diretos e indiretos devem ser gerados. E o potencial a longo prazo é ainda maior, com cidades ao longo da rota atraindo novos negócios e investimentos.
Um dos pontos mais aguardados do projeto é a reativação do trecho entre Salgueiro (PE) e Suape, reforçando a conexão regional e ampliando as possibilidades de transporte. Segundo o cronograma, alguns trechos devem começar a operar já em 2027, com a conclusão total prevista para 2028.
Aos poucos, os moradores da região começam a ver os trilhos como mais do que uma promessa. É o começo de uma transformação. E não apenas na logística: é uma mudança de perspectiva. Para quem vive no Nordeste, a Transnordestina é um símbolo de que o futuro pode, finalmente, chegar sobre os trilhos.
O transporte ferroviário, de cargas e passageiros, é o meio mais eficiente em todos os aspectos. As ferrovias diminuem custos, distâncias e liberação de carbono na atmosfera, além de ser muito mais seguro que o transporte rodoviário.
Veremos se dessa vez às expectativas irão corresponder à realidade. O povo nordestino, assim como toda população brasileira, está cansado de promessas não cumpridas e de obras que levam décadas para ser finalizadas e entregues.
Edição: Ronald Stresser
Nota: Na fotografia que ilustra a matéria, A Vila Maranhão, na zona rural de São Luís, capital do Maranhão, cerca de 67 casas estão correndo o risco de ser despejadas por conta da proximidade com a ferrovia Transnordestina. As moradias tem entre 5 e 30 anos de existência e a empresa para facilitar os despejos abriu processos individuais. A defensoaria pública da união está tentando juntar todos em uma Ação Civil Pública, mas ainda não teve sucesso. Alguns processos individuais, já foram suspensos pela justiça. A ferrovia liga o porto do Itaqui, em São Luis aos portos de Pecém e Mucuripe no Ceará e tem 1190 km. Data: 3 de abril de 2018 - Wikimedia Commons/Agência Amazônia Real (CC 2.0)
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