domingo, 13 de outubro de 2024

Progressismo vai à bancarrota em Curitiba

Fragmentação da esquerda em Curitiba abre caminho para disputa bolsonarista em Curitiba

Ronald Stresser / Outubro de 2024

 

Roberto Requião em seu escritório particular - Reprodução/Redes Sociais

A derrota de Roberto Requião (Mobiliza) nas eleições para a Prefeitura de Curitiba não é, como pode parecer, uma derrota pessoal, mas sim o reflexo de uma estratégia fragmentada e desorientada do PT na capital paranaense. O ex-governador do Paraná, que concorreu por um partido nanico e ficou com apenas 1,8% dos votos, tentou reconfigurar a esquerda local, mas acabou expondo ainda mais as fissuras já existentes.

A verdadeira derrota, no entanto, recai sobre a articulação do Partido dos Trabalhadores e seus aliados, que, ao apostar em Luciano Ducci (PSB), não conseguiram unificar o campo progressista. Ducci, com o apoio do PDT e do PT, ficou em terceiro lugar, não alcançando o segundo turno, que será disputado por dois candidatos de direita: Cristina Graeml (PMB) e Eduardo Pimentel (PSD), ambos de vertentes bolsonaristas.

Requião, um crítico feroz tanto do governo Lula quanto do governo Ratinho Junior (PSD), tentou se distanciar das alianças tradicionais e das narrativas centradas no “combate ao fascismo”. Sua candidatura, embora simbólica, serviu como um alerta para a fragilidade da esquerda em Curitiba, que não conseguiu articular uma campanha coesa e acabou permitindo que o debate político fosse dominado por pautas conservadoras.

A fragmentação à esquerda, com Requião criticando abertamente tanto os bolsonaristas quanto a postura do PT, mostrou que a ausência de uma estratégia unificadora foi a verdadeira culpada pela queda de Ducci. Enquanto isso, a cidade caminha para um segundo turno dominado por figuras que representam o avanço da direita, resultado da desorganização e do enfraquecimento do campo progressista.

A candidatura de Requião, em vez de fortalecer a esquerda, acabou sendo um divisor que beneficiou a direita. Ele, um veterano político, esperava que a memória de sua gestão fosse suficiente para alavancar seu desempenho, mas reconheceu que desapareceu na campanha. A falta de uma coalizão forte e a estratégia atrapalhada de suas alianças selaram o destino das forças progressistas em Curitiba.


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