Sapopema receberá grande fábrica de fertilizantes, mas desafios ambientais e sociais precisam ser avaliados
Vista do vale do rio Tibagi, área rural de Sapopema / Wikimedia |
O município de Sapopema, localizado no Norte Pioneiro do Paraná, será sede de uma nova fábrica de fertilizantes nitrogenados (ureia), com um investimento de R$ 3 bilhões. O empreendimento, um dos maiores do setor no Brasil, foi tema de uma reunião realizada no dia 19 de agosto em Curitiba, entre o governador Carlos Massa Ratinho Junior e investidores da Paranafert, empresa responsável pelo projeto.
A nova fábrica terá capacidade para produzir 520 mil toneladas de fertilizantes por ano, o que representa 7% do consumo nacional, além de 13 mil toneladas anuais de enxofre e derivados. Com previsão de gerar 800 empregos diretos, a construção está programada para começar após a obtenção das licenças ambientais e outras autorizações legais, um processo que deve durar cerca de um ano.
Impacto ambiental
Embora o governador Ratinho Junior tenha destacado os impactos positivos do investimento, como a redução da dependência do Brasil em fertilizantes importados, o projeto traz desafios significativos para a pequena Sapopema, que tem pouco mais de 6,6 mil habitantes. A instalação da fábrica de ureia certamente impulsionará o desenvolvimento econômico local e nacional, mas requer uma avaliação criteriosa dos impactos sociais e ambientais.
A tecnologia de gaseificação de carvão mineral, que será utilizada na produção de fertilizantes, é amplamente aplicada em países como China e Índia, mas também levanta preocupações quanto às emissões de gases de efeito estufa e à poluição local. O Instituto Água e Terra (IAT) já iniciou o processo de análise ambiental, com a elaboração de um termo de referência para o Relatório Ambiental Simplificado (RAS), o que demonstra o cuidado necessário com as questões ambientais.
Além disso, a chegada de uma grande indústria em uma região tradicionalmente rural e conhecida por suas belezas naturais e atividades turísticas, como o Pico Agudo, o vale do Rio Tibagi (foto) e o Salto das Orquídeas, pode alterar significativamente o modo de vida local. O turismo em Sapopema, marcado por atividades de aventura e o contato com a natureza, pode ser impactado pelo crescimento industrial, exigindo um planejamento cuidadoso para preservar o equilíbrio entre desenvolvimento e preservação.
Em um cenário onde o progresso econômico parece inevitável, é essencial que Sapopema e as autoridades competentes considerem todas as dimensões do impacto dessa nova fábrica, para que o desenvolvimento traga benefícios sustentáveis para a região e sua população, sem comprometer suas riquezas naturais e o estilo de vida rural que caracteriza o município.
Ronald Stresser, de Curitiba.
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