quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Luta Sindical: Por que querem calar o Nelsão?

Nelsão da Força: quando tentam calar a voz firme da democracia na porta da fábrica, querem calar a voz dos trabalhadores e a tradição de inúmeras vitórias da luta de classe no Paraná

Por Ronald Stresser – Sulpost


Divulgação 
 

O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), Nelson Silva de Souza, o Nelsão da Força Sindical, vive um momento delicado dentro da própria entidade. Apontado por alguns como “infiel” à diretoria, o dirigente afirma estar sendo vítima de perseguição por se manter fiel não a acordos de bastidores, mas ao que considera o verdadeiro pilar do sindicalismo: a soberania da decisão dos trabalhadores nas assembleias.

“Estão dizendo que eu não sou fiel, mas eu só questiono o que sempre foi a base do sindicato: quem chama assembleia é o sindicato, quem coleta o voto é o sindicato. Não pode ser a chefia, não pode ser a empresa. O sindicato tem 105 anos porque sempre teve credibilidade com o trabalhador, e é isso que eu defendo”, afirma Nelsão.

A fala do sindicalista ecoa em um momento em que os metalúrgicos da Dex, na Cidade Industrial de Curitiba, conquistaram um acordo coletivo histórico, com aumento salarial acima da inflação, vale-alimentação reajustado e a redução da jornada semanal de 44 para 42 horas sem perda de salário. O ACT-25/26 foi aprovado em votação realizada no chão de fábrica, sob coordenação do SMC.

Para Nelsão, essa vitória só foi possível porque a democracia foi exercida de forma plena, com a categoria votando livremente na porta da fábrica. “Se deixamos a empresa conduzir a votação, amanhã pode ser a Bosch, a Renault, a Volvo, CNH, WHB, AAM ou qualquer uma outra, e aí quem garante que o trabalhador terá vez e voz? Se aceitarmos isso, abrimos mão da democracia operária, da história e da luta de gerações”, alertou.

Essa mesma batalha pela soberania das assembleias também esteve presente recentemente na Volkswagen de São José dos Pinhais, onde Nelsão recebeu um grande número de denúncias de trabalhadores relatando tentativas da empresa de conduzir uma votação à revelia do sindicato. A prática, que ele denuncia como um ataque direto à democracia operária, fere a autonomia do sindicato e ameaça transformar um direito histórico em mera formalidade ditada pelas chefias. “O voto do trabalhador deve ser colhido e garantido pelo sindicato, nunca pela empresa. Quando a chefia se coloca nesse papel, ela cala a categoria e rouba sua voz”, frisou o dirigente.

A posição firme do dirigente confronta práticas que, segundo ele, enfraquecem a representatividade sindical e abrem espaço para que interesses empresariais se sobreponham à voz coletiva da classe trabalhadora. Nelsão lembra que conquistas como férias, 13º salário e licença-maternidade só foram possíveis graças à organização soberana dos sindicatos — nunca por benevolência patronal.

O caso expõe uma contradição que atravessa o movimento sindical brasileiro: de um lado, dirigentes dispostos a manter o sindicato como instrumento democrático; de outro, a tentativa de transformar a representação em mera chancela de acordos já definidos em gabinetes. Nelsão faz questão de marcar posição: “A assembleia é do trabalhador, não da empresa. Não aceito que chefe pegue lista de votação ou que patrão conduza assembleia. Isso não é democracia, isso é retrocesso.”

Defender Nelsão, neste momento, é defender o sindicalismo soberano, democrático e enraizado no chão de fábrica. É reafirmar que as decisões que impactam a vida dos metalúrgicos e metalúrgicas da Grande Curitiba devem nascer do coletivo e não da imposição silenciosa de chefias ou empresas.

O episódio deixa claro: a luta sindical não é confortável, mas é necessária. E figuras como Nelsão da Força, que não se dobram diante de pressões, cumprem um papel fundamental para que os trabalhadores mantenham sua voz, sua dignidade e sua história.

Veja o vídeo divulgado pelo Nelsão nesta terça-feira (26).

Redação: Sulpost • Contato: stresser.pt@gmail.com • WhatsApp: (41)99281-4340

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