sexta-feira, 25 de julho de 2025

PT Paraná vai às urnas neste domingo 27

Entre a força dos caciques e o clamor das bases: Zeca Dirceu aposta no interior para manter a dianteira no PED 2025 do PT Paraná Arilson conta o apoio de Gleisi e dos adversários do 1º Turno

Por Ronald Stresser | Sulpost

 

Neste fim de semana, mais precisamente no domingo (27), o Partido dos Trabalhadores (PT) do Paraná vai às urnas para decidir, em segundo turno, quem comandará a sigla pelos próximos quatro anos. A disputa está acirrada e carrega, nas entrelinhas, um retrato das transformações políticas dentro da legenda: de um lado, o atual presidente Arilson Chiorato, apoiado pela ministra Gleisi Hoffmann e por boa parte da histórica direção estadual. Do outro, o deputado federal Zeca Dirceu, que mesmo enfrentando o peso da máquina interna, chega embalado por um resultado surpreendente no primeiro turno e uma militância acesa no interior do estado.

No último dia 6 de julho, mais de 17 mil filiados participaram do primeiro turno do Processo de Eleições Diretas (PED) do PT. Zeca Dirceu terminou na frente, com 7.600 votos, superando Arilson Chiorato por 500 votos. Embora a margem seja pequena, o simbolismo é grande: pela primeira vez em muito tempo, a estrutura tradicional da direção estadual foi desafiada com vigor por um nome que cresce, sobretudo, fora da capital.

Com 104 mil filiados aptos a votar e urnas em 275 municípios paranaenses, o segundo turno promete mais que uma simples escolha interna: além de saudável exercício da democracia é uma disputa sobre os rumos e a alma do PT no estado.

Aposta no interior do Brasil

Zeca Dirceu tem feito da municipalização sua bandeira. Com raízes em Cruzeiro do Oeste e apoio de sindicatos, movimentos sociais e militantes de longa data, sua campanha ecoa entre as pequenas cidades, onde o PT, segundo ele, “precisa voltar a ocupar as praças, os sindicatos, as câmaras, os conselhos e as ruas”. Em seus discursos, Zeca tem afirmado que o partido precisa se reconectar com a vida real das pessoas, com as bases.

Fomos perdendo força no Paraná, enquanto em estados vizinhos o PT voltou a crescer. Precisamos devolver o PT aos filiados e filiadas, às bases”, declarou ao final do primeiro turno, num recado direto à cúpula da legenda.

Ao lado do pai, José Dirceu — um dos fundadores do partido —, Zeca tem apostado na memória afetiva do petismo de raiz. E, em tempos de reconstrução da democracia, ele busca reacender a chama de um partido popular, mobilizado e combativo.

Vamos responder com organização, diálogo e ação firme, pois a vitória da soberania nacional depende da nossa mobilização”, disse, em uma das plenárias que reuniu lideranças no interior.

A força do apoio de Gleisi

Já Arilson Chiorato, deputado estadual reeleito, representa a continuidade da atual gestão. Com o apoio da ministra Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT e figura central da legenda no estado, ele encarna a institucionalidade petista e o enfrentamento direto à extrema direita. Sua campanha é pautada na ideia de resistência ao bolsonarismo paranaense — ainda enraizado na Lava Jato e na figura do governador Ratinho Junior.

O nosso projeto está centrado na reeleição de Lula em 2026 e no combate ao discurso de ódio”, afirma Arilson.

Chiorato também conquistou o apoio dos candidatos derrotados no primeiro turno: Tadeu Veneri e Hermes Leão, representantes das alas mais à esquerda do partido.

Esse movimento garantiu ao Arilson a formação de uma frente ampla entre as correntes históricas, mas ainda assim, o clima é de incerteza. Nos bastidores, lideranças reconhecem que o segundo turno será decidido voto a voto, especialmente diante da dificuldade de capilarização da campanha em municípios menores.

É importante também levarmos em conta que Zeca Dirceu tem o apoio de Edinho Silva, eleito presidente nacional do partido em primeiro turno. Na votação Edinho venceu a corrente da ministra Gleisi Hoffmann, que comandou o partido até março deste ano.

Renato Freitas pode ser fiel da balança

Um fato novo, que vem pesando na reta final, é o apoio do deputado estadual Renato Freitas a Zeca Dirceu. Freitas, que já teve embates públicos com a atual direção do PT estadual, representa um campo da militância jovem, negra e periférica — setores que, nos últimos anos, cobraram mais protagonismo e voz dentro da estrutura partidária.

Seu apoio é emblemático: mostra que a candidatura de Zeca não se limita ao interior, mas consegue dialogar também com a renovação urbana, com setores que desejam um partido mais horizontal e plural.

Entre farpas e esperança

A disputa não foi isenta de tensões. Durante a apuração do primeiro turno, Zeca denunciou supostas irregularidades no processo, questionando a condução feita pela Executiva estadual. O clima de intriga deixou marcas, mas também evidenciou o quanto o partido ainda é vivo — um espaço de debate e embate legítimo, num partido que transpira democracia.

Para o advogado Daniel Godoy, que participou de encontros com a militância durante o processo eleitoral, o momento exige mais que disputas internas:

“Precisamos fortalecer politicamente o nosso governo para enfrentar os desafios postos à democracia. O PT tem um papel histórico nisso”, afirma Godoy.

O presidente da legenda no estado será responsável por coordenar as campanhas políticas do PT, no Paraná, no ciclo eleitoral que se avizinha. Será a voz do presidente Lula no estado.

Responsabilidade dos filiados

O segundo turno do PED 2025 não decide apenas quem será o presidente estadual do PT Paraná. Define o tom da política interna às vésperas das eleições majoritárias de 2026, com impacto direto na reeleição de Lula e na organização do campo progressista no estado e em todo o Sul do Brasil — uma das regiões mais desafiadoras para a esquerda.

No domingo, os filiados vão às urnas entre 9h e 17h, com votação em 275 municípios. O resultado pode reorganizar forças e abrir espaço para novas lideranças, ou reafirmar a unidade dos caciques da legenda no estado em torno de Arilson.

O desempenho de Zeca no primeiro turno talvez se deva à insatisfação da militância no estado com o atual desempenho eleitoral do PT Paraná nos últimos três últimos ciclos eleitorais. Mesmo tendo uma militância tradicionalmente fiel e aguerrida, o partido tem perdido espaço no estado.

Arilson faz um trabalho de excelência na ALEP, mantém oposição firme ao governo Ratinho Jr e chega forte no domingo com o apoio dos derrotados no primeiro turno.

Zeca chega à véspera da votação com fé e fôlego, respaldado por uma companheirada que carrega no peito mais do que uma candidatura: um sentimento de retomada, de esperança, de resistência e vitória nas próximas eleições.

📍Acompanhe a apuração o resultado e as repercussões do PED 2025 do PT Paraná pelo Sulpost📨 stresser.pt@gmail.com | WhatsApp: (41) 99281-4340 (pix) 🔗 sulpost.blogspot.com | Ronald Stresser é editor e jornalista do Sulpost, especializado em política, causas sociais e movimentos populares.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gostou?
Então contribua com qualquer valor
Use a chave PIX ou o QR Code abaixo
(Stresser Mídias Digitais - CNPJ: 49.755.235/0001-82)

Sulpost é um veículo de mídia independente e nossas publicações podem ser reproduzidas desde que citando a fonte com o link do site: https://sulpost.blogspot.com/. Sua contribuição é essencial para a continuidade do nosso trabalho.